Capitulo 11: Amarrados pelos pés

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   Cam só se arrependeu de seu ato quando já era tarde demais. Claro, ele não era mais o seu líder, o homem por quem ele seguiria até o inferno se fosse necessário, mas ele realmente não poderia ter feito o que fez.

   Mas realmente já era tarde demais.

   Sefiron ficara paralisado de quatro no chão por alguns segundos sem acreditar no que o seu ex pupilo havia acabado de fazer, porém quando o susto passou veio a ira e a reação.

   Ele se ergueu com uma velocidade de quem era experiente em lutas corpo a corpo e desferiu um golpe certeiro no abdômen de Cam, o jovem se afastou, mesmo assim seu movimento não fora o suficiente para se livrar de outro golpe do líder dos caminhantes.  Sefiron lhe desferiu outro golpe, só que desta vez foi em sua face o deixando atordoado e com um ferimento artificial no lábio inferior. Cam não tinha escolha alguma, ele iria atacar.

   Quando Sefiron ia o atacar uma terceira vez, ele se abaixou e desferiu três golpes em locais diferentes do abdômen de seu ex líder. Sefiron pensou em acertar o rosto de Cam com o joelho já que este estava com o rosto muito próximo de seus membros inferiores, mas Cam previu estes golpe e acertou a virilha do outro com força desmedida fazendo Sefiron urrar de dor.  Cam se afasta para tentar uma conversação, enquanto os outros caminhantes o observam com cautela.

      –Não estou afim de fazer intrigas com você Sefiron, apenas não admito que vocês obriguem que Yulla os guie para seus fins mesquinhos.

     –Fins mesquinhos, é o que você diz... - ele ergue o corpo com altividade tentando esconder a dor na virilha que ainda estava sentindo. - devemos servir a deusa, devemos procurar respostas, essa é a sina do ser humano aqui na terra. Você não sabe disso por que fugiu antes de pudermos lhe ensinar. Não importa o quanto você lute Camel, nós vamos levar a jovem conosco e encontraremos o que nos faz seguir em frente.

   Cam cerrou os punhos novamente. Nem a pau que ele iria desistir da liberdade da garota, aquilo agora era questão de honra.

   No momento que ele se preparou para atacar Sefiron mais uma vez, Hairof golpeou sua nuca com força usando o seu cajado e ele tombou no chão com a vista já se turvando, pronto para apagar completamente.

   Ele olhou para cima e viu o rosto retorcido de preocupação de Hairof.

   – Tentem mante-lo na trilha. - ele ouviu Hairof dizer a Sefiron

   – Nós faremos o possível.

   Depois disso a única coisa que Cam ouviu foi o grito desesperado de Yulla chamando seu nome.

                                                                              ***

   Quando Cam acordou de novo, ele já estava em um lugar fechado e que não parava de balançar. Ergueu o corpo como por extinto para saber onde estava e notou que estava dentro de uma carruagem fechada. Yulla o olhou com preocupação.

    – Você ficou apagado por muitas horas. Já está quase amanhecendo. - ela estava com cara de quem havia chorado muito, seus olhos estavam injetados. Ela desviou o olhar envergonhada. - está com sede?

   – Um pouco.

   Ela se afastou um pouco dele para pegar o recipiente de água, quando ele ouviu o tilintar de correntes e olhou para os pulsos dela.

   Puta que...

   Ele olhou para os próprios pulsos e notou que também estava com os pulsos acorrentados. Na verdade os pulsos e os tornozelos.

   –Amaldiçoados! Hipócritas! - ele gritou enfurecido. Como se já não bastasse estar dentro daquela carroagem sem janelas, com apenas uma grade para entrada de ar e luz.

   – É, eu também não estou muito feliz.

   – Você não devia ter contado a eles o seu propósito. - ele descontou a sua ira nela.

   – E faria alguma diferença?

   Não.

   – Se você não tivesse dito eu não estaria envolvido nessa confusão toda.

   – Quer dizer que a culpa é minha agora? Ninguém obrigou você a me salvar na estrada. Na verdade teria sido até melhor mesmo que eu tivesse morrido lá. Estamos amarrados pelos pés.

   – Na verdade o termo certo é que estamos acorrentados...

   Yulla revirou os olhos e bufou.

   – Eu quis dizer que não temos como fugir. Eles tiraram suas armas e nos confinaram aqui.

   – E como eles esperam que você os guie até a deusa?

   – Você não acha que está perguntando para a pessoa errada não?

   – Hairof nos traiu. - Cam muda de assunto.

   – Ele fez o que achou que era certo. - Cam olhou sério para ela. - antes de nós sairmos da aldeia ele disse que a nossa jornada seria sofrida, porém necessária para o bem de todos os seres vivos. Isso faz algum sentido para você?

   – Não, nada faz sentido pra mim agora.

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