Balas coloridas e o dodói - Parte 02

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Parece tão simples olhar três comprimidos na palma da minha mão e saber que com um gole de água eles serão engolidos, mas não consigo e fico envergonhado com a cena que meu maridinho me vê fazendo na sua frente. Acho que ele saiu de perto para ver se não me pressionando eu os engulo.

Chico demora um bocado para voltar e vem com um saquinho de papel pardo daqueles que usam para colocar pão francês na padaria. Ele foi naquela que vende bala-pastilha colorida, daquela bem baratinha que parece um comprimido que eu tenho na mão.

- Ei Carlinho, vem... – Francisco bate na coxa dele me chamando para sentar no seu colo, abrindo o primeiro pacotinho das balinhas. – Prova isso.

Confiando no Chico eu abro minha boca e ele coloca uma bala azedinha, depois ele me engana e me dá uma das minhas pílulas com água, fazendo assim até que sem perceber eu tenha tomado as três medicações.

- Viu só. Você agora é o "dodói" e o Chicão cuida dele. Não esqueça que jamais darei algo que te faça mal, preciso de sua cooperação, entendeu? – Francisco muitas vezes fala comigo como se falasse com soldados do seu batalhão, mas eu gosto. – Sua cura depende de quanto você me ajuda a te ajudar...

- Eu te amo. – Digo já com os olhos marejados e ele bem sério como sempre me dá bronca.

- Toma tenência rapaz. - Ele fala de um jeito brutão me fazendo rir muito. - Viu como já está fazendo bem essas pastilhas? Te amo demais, moleque.

Estar com Francisco nessa fase nova de tratamento, foi maravilhoso. Mesmo sendo um policial de dois metros de altura, perto dos meus 1,62, ele vira uma criança pequena por mim ou vira o heróizão e me faz sorrir o tempo todo ou me dá bronca daquele tipo que a gente só leva de quem se preocupa com a gente.

*

Passaram alguns bons meses e com todo apoio de Francisco, consigo manter um foco somente em coisas positivas, realistas e na superação, vencendo meu pior inimigo que fui eu mesmo e ganhando um novo e grande aliado, eu Carlinho renovado... Um pouquinho por dia, é claro.

*

Por Francisco...

Ah, chegar em casa é chegar no céu, depois de rondar a cidade, revistar uns elementos estranhos e me estressar com todo azar de meliantes. Estamos no inverno e meu moleque de trinta e dois aninhos, está fazendo aquela sopa reforçada de músculo e legumes que nem a minha mãe faz melhor. Ainda bem que só descobri o quanto é boa a vida de casado com esse cara.

Chego pertinho dele que está arrumando a mesa para dois e não resisto, Carlinho já tomou banho, está cheiroso, de calça jeans apertada, chinelinho de pano e suéter de lã colado. Fico de de pau duro como uma barra de ferro.

Dou uma cheirada no pescoço fino, cheiro doce. Me lembra hoje uma pitanga, frutinha miúda e deliciosa demais.

- Vem namorar um pouquinho.

- Ai Chico, a sopa vai esfriar.

- A gente requenta depois, preciso fazer amor gostoso e bem quentinho com você...Hum? Tomar um golinho de licor... – Mordo de leve aquela pele morena escura que me tenta e me seduz completamente.

- Um pouquinho de vinho é mais gostoso... – Ele diz se virando alisando minha farda. - Francisco, depois do banho você põe a farda de novo, só para brincar de policial e bandido comigo.

- Hum?- Como esse pequeno me deixa maluco, que tesão brincar disso com ele. Já fizemos algumas loucuras a respeito desse seu fetiche de fazer sexo mais selvagem com soldado, mas não sabia que hoje, justo hoje que estou "necessitado" ele ia topar algo mais vigoroso, por assim dizer.

Bombonzinho e o PolicialOnde histórias criam vida. Descubra agora