Cheesecake de Maracujá, momentos azedinhos e doces

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Por Francisco...

Hoje foi um dia de questionamento como civil: direitos humanos para quem comete uma barbárie contra um incapaz. Que direito a vida, teve a vítima? O peso que senti ao atender a ocorrência foi como aspirar fumaça vulcânica. Foi como estar com sede e beber água sanitária. Nem o almoço me desceu, meu coração apertou quando vi Carlinho me olhando muito preocupado e eu não consegui dividir com ele essa "coisa" ruim que eu estava sentindo.

Fomos chamados através de denúncia, por alguém que ouviu gritos pela enésima vez naquela casa e com medo de pôr em risco a segurança de sua família, denunciou anonimamente. Quando chegamos no local...a esposa e menina de dois anos já não estavam no plano "terreno". O sujeito sob efeito de drogas nos enfrentou portando arma branca e para imobiliza-lo, precisamos usar algo com efeito moral. Sabe por quê? Porque ele tem direitos humanos garantidos no artigo 5° da Constituição. Ao atender esse tipo de situação, não nos cabe julgar, mas garantir que mesmo sendo meliante, ele tenha direito à vida. Sei dizer que se eu metesse um soco na cara do assassino, eu responderia processo.

Assassino? Não! Suspeito.

Que vontade de prender a respiração até...

Que pensamento, esse meu. Revolto-me não como o funcionário público que tenta dar alguma segurança às pessoas, mas como cidadão mesmo, como pai e marido.

Esse peso todo no meu lombo eu escolhi carregar, então não posso me queixar. Fiquei mal com a cena perturbadora na minha cabeça, estive até emotivo e aproveitei minha folga para desligar e concentrar apenas em minha vida doméstica. Leveza e amor.

Tenho tanto amor pelos meus dois docinhos lindos, meus brigadeiros. E até aquele chato do gato, me fez rir feito louco quando votou da cirurgia de castração com aquele cone no pescoço.

Ah já até imagino que algumas pessoas são contra a castração. Acho necessário isso, pois um gato pode encher várias barrigas e como ficam esses filhotes? Problema do dono da gata? Não! Cada um faz sua parte e não acontece de haver gatinhos abandonados por aí. Tal como aborto... cada um tem sua opinião formada. Crime? É matar é um crime, concordo, mas parir e jogar no mundo, talvez seja um tanto pior.

— Francisco, olha o que aprendi fazer, cheese cake. Ai, é leve e gostoso. Com esse maracujazinho na calda, deixa um sabor azedinho. Quer um pedacinho?

Eu fico olhando o Carlinho me explicando com calma quais ingredientes e como que preparou o doce. Senhor que beleza é essa? Que lábios carnudos lindos, que pele, que moleque cheiroso, lindo e delicado. Me apaixono todos os dias pelo mesmo cara e isso dá a leveza que preciso para contra-balancear com lado pesado da minha vida.

— Quero, mas quero provar esse doce no seu beijo. A Lu tá na escolinha, vem aqui.

Preciso dizer que ele pula no meu colo num assanhamento? Podemos pular essa parte? Ótimo!

No início da tarde, Carlinho a levou até a escolinha, aproveitou a viagem e entregou suas trufas sob encomenda num café meio chique que abriu no centro.  

Final da tarde é um dos momentos que mais amo no meu dia: buscar a Luiza na escola. Fico uns cinco minutos em frente, aguardando o sinal tocar para a saída das crianças e de repente "endureço". Pelo espelho do carro, flagro aquele "negócio" sentado no banco traseiro e de olhos arregalados me cuidando. Pernoca!

Dia desse infarto e as pessoas vão se perguntar sobre o porque. Tenho aquele receio, porque medo eu não tenho, que ao piscar, aquela coisa mude de posição. Pior é que se eu ficar olhando fixamente, ela é quem pode piscar. Provavelmente eu teria alguma reação como aquela do Chaves ao ver a Bruxa do 71.

Bombonzinho e o PolicialOnde histórias criam vida. Descubra agora