Por Túlio...
O Braz tem uma grande estima pelo filho da Itália, nossa empregada doméstica e por esse motivo aceitamos um convite para um jantar na casa do cara. Hoje não tenho o menor problema em olhar para o Carlinho, pois passou a fase do ciúme que eu tinha dele com MEU macho.
Inclusive hoje, eu não tenho o menor receio de representar meu papel na relação. Tô careca, literalmente, de saber que não vou agradar a todos. Nunca.
O que faço? Hoje, batendo na porta dos 38 anos, aprendi a não me importar mais e tento não absorver a carga negativa.
Um jantarzinho não vai me tirar um pedaço e Braz anda cansado que dá dó de olhar. Ultimamente tivemos tantas palestras e pequenos cursos sobre reforma trabalhista e Sindicatos, devido aos acordos coletivos da categoria a qual ele pertence, que o vejo calado.
— Braz... — Entro na sala e o encontro com a mão sobre os olhos fechados, escorado para trás em sua cadeira. Ele não me responde, mas sei que é cansaço. — Oh Braz... amor, tá cansado esse meu ursão?
Ele não responde, mas abre um sorriso sacana ao extremo como se tivesse aprontado uma armadilha para me seduzir.
— Sim, meu olhos verdes. Tô destruído. Essa semana foi puxada. Amanhã ainda é sexta-feira e olha meu estado. Estou com uma dor de cabeça terrível.
— Vou buscar...
— Não, Túlio... eu já tomei duas dipironas. Não precisa se preocupar. Agora que tá aqui, vem me dar um carinho. Vem no colo.
Só vou porque ele está desse jeito, mas em ambiente de trabalho eu não gosto desse tipo de coisa. Depois, ganhar colo dele é um presente dos deuses. Braz tá sempre quente e faz bem nesse ar gelado onde ele fica. Eu morro de frio.
Fico quase meia hora ali sentado e fazendo carinho nos cabelos dele, Braz quase ronca ao cochilar com aquela carícia, relaxa totalmente e quando abre os olhos, já abre junto um sorriso largo e diz que sua dor passou.
Volto para minha sala e ao fazê-lo, passo por um representante que me olha com uma expressão estranha nos olhos. Sempre vai ter isso, penso calmo, estranhamente calmo. Eu não sou calmo. Eu que não vou bater boca com uma pessoa por conta de um olhar de censura, se me falar algo, não seguro a língua, aí é diferente.
Davi é meu auxiliar, digo que ele é um achado, porque o menino não se queixa de nada, faz tudo certinho e não falta. Tem muita coisa para aprender e ele tem muita vontade, então vai dar tudo certo.
— Oi Túlio, nossa... eu fui recolher o ponto do pessoal pra fechar a folha e passei pelo representante da B. deu até medo. Sabe aquelas pessoas que passam toda energia negativa que é possível?
Davi não é de se queixar, mas quando faz, eu me preocupo porque ele é muito delicado e pequeno, então me inspira um cuidado grande.
— Sim, Davi, eu senti algo assim. Mas é representante bem antigo da marca, então segundo o Braz, é só mais uma pessoa com aquele olhar julgador. Eu notei isso logo que vim definitivamente para o mercado.
— Ah, certo... é que fiquei todo errado quando passei ele parecia que me atacaria.
— O mesmo foi comigo. Ele não é louco de me falar alguma coisa. Preciso levar o relatório comparativo das vendas da empresa B., do ano anterior para o Braz. Agora é época de compra de panetone, muito panetone.
— Ai, eu só gosto daquele com gota de chocolate, odeio frutas.
— Somos dois. Só gosto das uvas passas e não daqueles docinhos de chuchu que colocam junto.
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Bombonzinho e o Policial
RomanceFinalizado! Aviso: Esse romance contém altas doses de doçura. Carlinho um doce rapaz e Francisco o PM, vivem um Conto de Fadas na simples vida cotidiana. A história do Bombonzinho e o Policial contém informações (SPOILERS) sobre Ativo e Passivo, no...