Capítulo 11 - "Oráculo"

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Música: Natures Metamorphosis 

Composição: Daemonia Nymphe

Intérprete: Daemonia Nymphe



A atmosfera de amor, prazer e liberalidades tomava conta daquele antro. O submundo das consciências mergulhadas. Dionísio observava cada movimento, cada expressão, cada nuance daquele jardim. Estava pleno como jamais estivera. As meninas, cada uma a seu modo, expressavam suas facetas reais, longe de toda e qualquer ingerência da "moralina". Estavam todos mergulhados nos subterrâneos da existência. Naquele espaço no qual expressamos quem somos de verdade, longe de toda máscara, de todo pudor, de toda superficialidade. Dionísio observava aquele espetáculo do "torna-te o que és" numa perspectiva interessante: quantos indivíduos passam a vida toda na superfície sem se permitir um mergulho. Quão insólita deve ser a existência dessas criaturas. 

— Ainda bem que dobro meus joelhos à insanidade, à loucura — pensou altivamente enquanto observava seus segredos se expressarem entre sorrisos e palavras jogadas ao ar como confetes. 

—  Minhas deusas, preciso iniciar o oráculo. A ordem cabe a vocês! 

— Eu gostaria de iniciar! — advertiu Valentina ("Eagle"), com uma voz doce e delicada. 

— Pois bem!  que assim seja. Preciso apenas de uns minutos!

— Desceremos agora aos sete infernos dantescos! — Dionísio advertiu, enquanto encarava todas que circundavam a mesa, entre comes e bebes.

— Ao caos!! Evoé.... — gritaram as iniciadas...

O "lobo" se levantou e foi se juntar à cadeira que se encontrava recostada num dos cantos daquele ambiente místico. Sentou-se confortavelmente e silenciou. Luna e Iasmim ficaram perdidas. Não sabiam do que se tratava. Dionísio caminhou tranquilo, com uma expressão firme, intrépida e distante.

— Eis o tempo de rir e chorar. De ser! de expressar! Uma a uma, faremos as nossa mais íntimas confissões. Faremos mais: é hora de acordar seu íntimo! Passamos uma vida toda em busca disso. Estamos diante dessa oportunidade. É a hora de despertar a alma, das frustrações à sexualidade.  —Explicou Ione, com uma face tranquila e amigável. 

Todas pareceram deslocadas por um curto espaço de tempo. Voltaram a conversar e desentranhar sorrisos guardados e visões do mundo camufladas por proteção e precaução. podiam agora conversar e tratar de tudo. Não demorou muito e Dionísio esticou o braço, com um sorriso velado no rosto, surgindo da semi-escuridão que o guardou por alguns minutos.

— Venha meu esplendor (Eagle)! — falou o "lobo" com todo carinho do mundo.

— Não preciso dizer que o amo!— rebateu Valentina, enquanto emendava suas mãos às dele.

— Não preciso dizer que acredito em cada fragmento de palavra sua na mesma proporção do seu tamanho! Simplesmente bela! Valentina, como está o seu mundo?

Dionísio sentou e acomodou Valentina em seu colo. Ela rapidamente mudou a expressão de tranquilidade à tristeza. Os belos olhos azuis deixaram correr algumas gotas. Dionísio observou tranquilamente aquele espetáculo.

— O amor está tirando seu sossego?  — ele indagou, com uma voz tranquila e suave, enquanto afagava os cabelos claros e revoltos de sua "Eagle".

— Na realidade, as relações humanas. Me dediquei demais à vida profissional e esqueci de viver! Pareço uma idiota quando o assunto é relacionamento. Eu precisava dizer isso, Dion!  — falou Valentina, referindo-se aos insucessos de suas relações, em específico ao fim do noivado. 

"DIONÍSIO" - Manipulador (Livro I)(COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora