Música: Dengo
Composição: Ana Caetano
Intérprete: Anavitória
Envoltos na energia do "Homem", todos ali sentiam as vibrações que eclodiam no ambiente. Vez ou outra alguns fogos de artifício estouravam no ar, sacudindo o coração dos presentes. O manto noturno inebriava o mais sóbrio folião. Luna jamais imaginara aquela vibração indizível, metade pela alegria daquele espaço-tempo, metade pelo espírito do "lobo", nitidamente transformado. Já passavam das onze horas da noite e a festa estava apenas começando. Iasmim enlaçada à David vez ou outra olhava para Dionísio de forma interrogativa. O lobo estava "longe", concentrado, com um olhar sério e contemplativo. Certamente o seu espírito não estava ali. Estava, de forma propositada, colocado atrás de Luna. Ela, vez ou outra, virava para mirá-lo ou beijá-lo. Nesses lances, ele fazia uma pausa astral e a atendia atenciosamente com um rosto tranquilo e pleno. Ao atinar para os fogos que esporadicamente estouravam, as pessoas ali, de imediato, eram pegas de surpresa pela lua cheia, em seu espetáculo. Não demoraria muito para a efervescência bradar sua magia. Num minuto, uma girândola de cores e sons tomou o céu crepuscular, berrando aos quatro ventos a chegada do "Homem".
— Um Anúncio coerente com o tamanho do que está prestes a se apresentar! — Advertiu Dionísio, com uma excentricidade notória. Um momento raro no qual o lobo se permitia ser lido. — Brindemos! Por favor caro "Buda", poderia fazer a gentileza de me ajudar a servir?
— Vamos professor! Esse momento requer uma boa dose! Estou nessa. - Redarguiu David.
— Um pouco de vinho não nos fará mal! - Brincou enquanto enchia os três copos, a partir de uma garrafa de vinho recém aberta por "Buda".— "Aes formae speculum est, vinum mentis" (No espelho, vê-se o rosto; no vinho, o coração.)!
Luna ficou a admirá-lo, sem entender a frase latina. Iasmin e buda começaram a sorrir. Não duvidavam da capacidade satírica de Dionísio. Sabiam bem o teor do provérbio, depois de longos anos na Universidade.
—Brindemos... — Falou Iasmim. — E o teu copo Dion?
—O que sobrou é meu (meia garrafa de vinho tinto meio seco) !
— Não Dion, A noite começou agora. Já bebemos bastante durante o dia. Eu mesma, já estou no "brilho" com o vinho do jantar e essas doses.. vamos devagar! Amanhã tem mais! - Apelou Luna em tom afetivo, sabendo que no fim das contas nenhuma verdade valeria senão a dele apenas.
Iasmim estava intrigada com esse "espaço" concedido por Dionísio. Em outros tempos ele teria advertido qualquer um que ousasse fazer qualquer interferência. Na pior das hipóteses, simplesmente sumiria e deixaria qualquer presa à deriva. Não por acaso ninguém interferia em suas atitudes. Ele sempre foi distante de todos. Luna, de forma desavisada, estava tomando uma rota perigosa. Por duas vezes, pelo menos, Iasmim presenciara a austeridade do "lobo". Uma vez, diante de algum comentário invasivo feito por uma "ficante", Dionísio simplesmente passou a falar de forma diferenciada e firme. Com tranquilidade, ele simplesmente arrebatou naquela ocasião: - "o Jogo acabou!". E, simplesmente sumiu em silêncio. Não queria que aquilo acontecesse com Luna.
— Deixa ele Luna....— Falou no ouvido da ruiva rapidamente, tentando dissimular.
— " A noite acabou de começar!" — Falou Dionísio, enquanto erguia a garrafa estimulando o brinde. Em seguida, bebeu sem trégua.
— O "lobo" está de volta....(risos) — Pensou David.
Após beber, Dionísio passou a fitar Luna sem exitar. Estava inebriado com a beleza dela. Aqueles cabelos acobreados soltos ao vento e aquela carne branca regada a vinho tornavam tudo místico pra ele. Iasmim estava suspensa, pensando o pior. A expressão do lobo era intensa. Os olhos semi-cerrados e firmes não deixavam margem pra qualquer interpretação quanto aos próximos passos de Dion. A boca ligeiramente puxada, num sorriso cético e analítico tornavam suas suspeitas bem palpáveis.
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"DIONÍSIO" - Manipulador (Livro I)(COMPLETO)
Чиклит- Eu sou a sua loucura, a sua insanidade. Faça parte do meu mundo e te darei o que você sempre procurou durante a vida. Porém, uma vez diante da verdade, jamais serás a mesma. - essas foram as primeiras palavras dele, Dionísio, quando pela primeira...