Capítulo 4 - "Novo mundo"

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Música: À Primeira Vista

Compositor: Chico César

Intérprete: Chico César


A tarde começara agitada. Dionísio, após conclamar um brinde, rapidamente sumiu, tomando o ruma da casa de carnaval que ficava a poucos metros do grupo. Enquanto isso os meninos se entreolhavam, sem acreditar nessa tragicomédia. Em menos de cinco minutos dois policiais subiam cortando a massa, em uniformes que destoavam da harmonia das fantasias carnavalescas. Certamente se dirigiam ao grupo, em busca do lobo. 

— Companhia agradável! — entrecortou Dionísio enquanto saia da casa e caminhava na direção dos policiais.

— Professor! Qual foi o problema? Alguns foliões nos avisaram que aqui nesse local estaria ocorrendo uma confusão e fizeram uma descrição que "bate" com o perfil do senhor.  Poderia nos dizer algo? — advertiu um dos policiais que conhecia Dionísio dada a fama que o "lobo" tinha no antro do sítio histórico como cidadão de renome.

— Sim Marcus. De fato, um pequeno tumulto ocorreu ha pouco. É carnaval, o senhor sabe bem como funciona! Um maluco passou por aqui e puxou o braço daquela flor! — falou enquanto apontava pra Luna. 

— Eu fui tentar demovê-lo da ideia e o afastei. Ele simplesmente me deu um tapa e em seguida saiu cambaleando por entre a multidão. Certamente estava bêbado. Infelizmente essa é uma prática usual nesses tempos. Imagine! Fui ajudar e levei a pior. Mas, é assim mesmo, as pessoas perdem a noção de tudo nesse carnaval.....— uma dose de ironia invadiu Dionísio, que recorreu ao teatro para dissimular sem pudor.

— Tudo tranquilo então? O senhor poderia descrever os trajes desse agressor para que possamos detê-lo por ai?

— Fico lisonjeado com a atenção dos senhores, mas deixemos isso pra lá. A sobriedade já me falha e certamente não o lembraria com facilidade. A propósito, o tenente Magno ainda está na companhia de policiamento do turista? É um grande amigo!

— Sim professor. Inclusive está por ai.. em serviço, monitorando o "andamento" do carnaval. Vou avisá-lo que o senhor perguntou por ele. — argumentou Marcus, um soldado e velho conhecido de Dionísio.

— Faça-me esse favor e ficarei mais uma vez agradecido. Senhores, se me permitem, voltarei para meu mundo agora. Só não ofereço algo pois o que tenho é vinho e sei que não podem beber quando em serviço. De todo modo, obrigado! Boa tarde !

— Até mais professor. Estamos às ordens!

Dionísio sempre residiu no sítio histórico e atua  como professor voluntário de uma associação artística da região que visa a reinserção social de pessoas viciadas em drogas. Não por acaso conhece os policiais que integram o batalhão especial de policiamento e proteção do turismo. Já interagiu com vários e por isso é respeitado pela corporação. 

Após conversar com os policiais, ele voltou ao grupo. Deu um sorriso largo para desatar a apreensão contida na face de todos que observavam a cena e novamente se dirigiu à casa do carnaval, saindo daquele reduto em segundos para novamente se agrupar. 

— Dion, tudo no lugar? — indagou Thor, já embalado na bebida e no ritmo carnavalesco. Estava bem relaxado! Como "boêmio" já estava acostumado com a relação entre álcool e confusão. Mal terminou de indagar e já soltava uma gargalhada satírica! Sabia que após a saída dos policiais, "o lobo" foi buscar seu instrumento no interior da residência.

— Certamente! — rebateu "o lobo", com o rosto resplandecente numa expressão tranquila e cínica.

— Pessoal, o "Elefante" vem por aí!! — berrou Eduardo "Coringa", fazendo alusão a um dos blocos mais tradicionais de Olinda. 

"DIONÍSIO" - Manipulador (Livro I)(COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora