Capítulo 7 - "Subterrâneos"

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Música: Galope Rasante

Composição: Zé ramalho

Intérprete: Zé Ramalho


— Dona Silene....!   — Iasmim gritou, diante dos portões da casa de Dion. 

Passava das nove horas da manhã. O Sítio histórico estava tomado de gente; as ruas permeadas de cores e magia. Seria difícil que alguém escutasse algo naquele clima festivo por conta dos trompetes, das alfaias e dos sons distorcidos dos foliões. Insistentemente Iasmim chamava pela governanta, visando cumprir o que há pouco prometera a Dionísio. Ele não estava em casa decerto. Antes de sair ligou para ela — Iasmim — pedindo que fosse ao encontro de Luna, para não deixa-la sozinha, se porventura viesse a acordar antes dele retornar de sua fuga matutina. 

— Minha filha! Quanto tempo você está ai fora? vou abrir! Espere um pouco. Minhas pernas não me permitem andar como eu desejo. Acho que é a idade. — Dona Silene como sempre expressando sua amabilidade.

— Não precisa se preocupar Dona Silene!

Em alguns segundos as duas já estavam se cumprimentando afetuosamente. Dona Silene adorava Iasmim, como uma filha. Já a conhecia bem. Adorava receber as visitas daquele ser.

— Tudo bem com a senhora? Aquele seu filho me coloca em cada uma...! — o sorriso estampado na rosto de Iasmim denunciava as peripécias de Dionísio. 

— Venha meu amor, venha para a cozinha. Estou preparando o café da manhã. Ele me deixou um bilhete dizendo que virias e que eu não adentrasse em seu quarto até que voltasse. Você sabe como é! Ele tem segredos que não divide sequer comigo...tem até vergonha de mim. Pensa que não o conheço...!  

— Verdade! Dionísio é um caso a parte "Mãe"! Mas a realidade é que uma amiga minha, Luna, dormiu no quarto dele e ele me pediu para buscá-la. Tinha um compromisso bem cedo e ficou receoso que ela acordasse e se deparasse com a senhora. Provavelmente ficou envergonhado de dividir esse segredo. Ele é assim! Tudo no tempo dele.

— A menina está dormindo aqui? Coitada! Imagine então, se ela acordasse e se deparasse comigo. Que loucura...Dion não tem jeito!! Sempre viveu em um mundo a parte.

— Verdade! Mas não se preocupe. Resolverei isso. Se a senhora permitir, eu ajudarei Luna a se trocar e volto pra conversar mais. Estava com saudades da senhora, por isso aceitei essa tarefa! — Iasmim acrescentou em tom amável.

— Você aceitou pois ele consegue tudo! Não tem jeito com ele....vive abusando de nossa compaixão. Bem, chame-a então para tomar café conosco! Será um prazer pra mim..

— Só um momentinho e voltaremos! — Assentiu mais uma vez "Jasmim".

— Tudo bem minha filha! Esse Dion....

Enquanto conversavam e a manhã transcorria com toda a agitação carnavalesca, Luna ainda dormia. Há tempos não conseguia se entregar de modo tão profundo nos braços de Morpheus. Começou a acordar a partir da décima batida na porta e dos chamados de Iasmim.

— Luna! Filhota, acorda...doutora?

—Oi, Iasmim? 

— Quem mais seria? Acorda! São nove horas da manhã! É carnaval!!

—Nossa! Dois segundos....

Luna começou a sondar o ambiente e nada parecia familiar. Meio dispersa e pra lá de perdida, tentava ainda colocar a razão em dia. Por dedução sabia que estava no quarto dele. Só não sabia como fora parar ali. Estava envolta numa cama confortável e tinha ao seu alcance umas rosas brancas recém colhidas envoltas num papel, coisas peculiares que ela sabia bem a origem. Ainda nua, olhou rapidamente por sobre a cama e de mediato encontrou suas peças de roupa separadas sobre o criado-mudo, com exceção da calcinha. Não lembrava bem de muita coisa, mas sabia exatamente quem estava na posse da peça que faltava. Exprimiu um sorriso cínico no rosto, vestiu-se rapidamente e foi em direção à porta:

"DIONÍSIO" - Manipulador (Livro I)(COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora