Capítulo 63

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Anahí

Sentei na cama largando os objetos ao meu lado. Levei as mãos ao rosto, mas não consegui conter o soluço. Eu me sentia enganada, traída e ao mesmo tempo amada e protegida por ele. Ucker se aproximou junto com Dulce e os dois se ajoelharam na minha frente, Ucker me encarou nos olhos.

- Eu só contei isso tudo pra Dul porque necessitava desabafar tudo com alguém e também ela desconfiou por causa de como eu andei sério antes de virmos pra cá.

Dulce: E se não te contamos nada Any, foi porque o Poncho pediu. - me olhou com ternura e tristeza.

Ucker: Mas agora que você sabe, precisa continuar fingindo.

Any: Não! - neguei com a cabeça as lágrimas escorriam sem parar e um dor horrível comprimia meu peito.

Ucker: Any ainda há esperanças pro Poncho, se internado ele pode achar um doador, ele apenas desacreditou nisso e agora que acha que esta com os dias contados não quer passar eles chorando ao lado das pessoas que ele ama, quer ser feliz e nos ver felizes... Por isso vc tem que fingir que não sabe de nada.

Any: Eu não vou conseguir... Não vou conseguir olhar pra ele, saber que piorou e fingir que esta tudo bem... Eu não vou conseguir lidar com isso, com essa culpa.

Dulce: Any pelo amor de Deus você não tem culpa de nada.

Any: Tenho sim, se ele não tivesse me salvado, ele estaria bem agora, podia estar fazendo essa viajem com vocês sem se preocupar com nada... Ele devia ter me deixado morrer! - esbravejei querendo socar alguma coisa.

Ucker: Any nunca mais repete uma besteira dessas. - advertiu sério. - Olha pra mim! - ergueu meu queixo me fazendo encará-lo nos olhos. - Presta atenção no que eu vou te falar. Eu conheço o Poncho há anos e ele nunca mais foi o mesmo desde que te conheceu. Você trouxe vida pra ele, alegria, amor, você também salvou a vida dele Any. De que adiantaria ele permanecer vivio sem nunca provar desses sentimentos... Ele me disse várias vezes que esses meses em que vocês estão juntos valeu por uma vida toda e que se ele realmente morrer, ele vai morrer feliz por ter ganhado você de presente nessa vida. Tem noção do que isso significa e do quanto você o machucaria se repetisse na frente dele o que acabou de dizer? - soltou meu rosto e vi pela primeira vez seus olhos marejados.

O abracei com força deixando minhas lágrimas molharem a camisa dele, quando consegui falar desabafei.

- Ele é tudo pra mim Ucker, é tudo o que eu tenho nesse mundo, eu vou morrer se o perder!

Ucker: Já disse que ainda há esperanças de acharmos um doador, ainda dá tempo, Carlos esta como um louco atrás de um, precisamos ter fé e acreditar que vai dar tudo certo... Só que enquanto isso, você precisa esconder dele que sabe de tudo, precisa se manter alegre, feliz entendeu?

Any: Como você consegue?!

Ucker: Talvez seja mais fácil pra mim porque cresci vendo-o assim, obrigando-me inconscientemente a mantê-lo sempre alegre, a fazer o possível pra ele não pensar na doença dele. - respondeu e duas lágrimas esconderam do seu rosto, Dul o abraçou também chorando e eu percebi que não era a única com um fardo pesado a carregar.

Any: Prometo que eu não vou estragar o seu trabalho. Vou guardar tudo exatamente onde eu achei e ele não vai saber de nada. - respondi com a voz falhando, morrendo de medo de não conseguir cumprir com minha palavra.

Ucker: Obrigado Any! - me olhou sorrindo entre as lágrimas.

Any: Eu quem agradeço por toda essa força, Dul não fica com ciúmes, mas sem o Ucker eu já tinha enlouquecido.

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