Reaprendendo a Viver - COMPLETO

❤ Capítulo 1 ❤

Não há nada de novo na noite
Venha cá
Não há nada a temer
Pode ser que o silêncio te escute
E no escuro você possa ver

(Noturna –Não há nada de novo na noite-

SILVA part. Marisa Monte)

❤Capítulo 1❤

Jessica

Meses depois...

Os meses foram passando lentos e torturantes. Todos os dias ouvi alguém falar bem de Patrick, aparentemente era um bom homem para todo mundo, também pudera, para proteger os meus filhos pedi segredo a Kelly sob as circunstancias de sua morte. Sendo assim, ele continuou sendo o homem "honrado, pai e marido maravilhoso" aos olhos das pessoas mais próximas. Não que ele merecesse, mas os nossos filhos sempre serão mais importantes do que o meu orgulho. Como se não bastasse Patrick me escondeu a realidade das nossas finanças, a empresa estava afogada em dívidas todos os nossos bens comprometidos com empréstimos de valores exorbitantes. Até mesmo a nossa casa o lar dos nossos filhos! O mais revoltante é que nunca vi um centavo sequer desse dinheiro.

Mas graças a Deus tudo isso passou... ou melhor, está sob controle! Por isso tomei uma decisão que mudará as nossas vidas. Quando era criança, morava com os meus pais em uma fazenda. Lembro-me dos momentos maravilhosos que ainda trago na memória. Da terra molhada sob os meus pés, de comer fruta do pé, dos dias chuvosos... Os meus pais faleceram, mas me deixaram um paraíso como herança e decidi que é lá em meio a tranquilidade que quero criar os meus filhos.

Guardo os últimos pertences, engulo em seco respirando fundo lutando contra as lágrimas e olho para a minha cunhada.

― Não chora, Kelly. Você sabe muito bem que a fazenda é logo ali! ― Limpo suas lágrimas segurando as minhas.

― Droga de emprego que não me deixa ir com vocês! ― Choraminga respirando fundo. ― Mas eu sei que isso é preciso. Novos ares, não é?

― Sim. E você sabe que as portas sempre estarão abertas, afinal meus bebês não viveriam sem a tia doida deles! ― Sorrio e abraço-a.

― Vou sentir saudades. Muitas. Do tamanho da minha fome! ― Me aperta quase sufocando.

Depois que Patrick morreu, Kelly se tornou a minha âncora, aquela que me ajudou a ficar firme e forte para não desabar de vez. Foi ela quem tomou todos os porres e chorou comigo quando precisei chorar, mas foi quem me deu uns tapas e me mostrou que eu tenho mais três vidas que dependem de mim.

― Acho bom a senhorita não aprontar muito por aí... ― Aperto as bochechas dela que faz bico.

― Mas assim como terei historia para contar as minhas sobrinhas e colocá-las no caminho da perdição?

― Você não tem jeito! ― Sorrio fazendo um sinal de negação com um aceno.

― Tá. Agora vai logo antes que o sol esquente demais e as crianças passem muito calor.

Depois de nos despedir ― de novo― entro no carro e encontro os três dormindo completamente apagados cada um em suas cadeirinhas. Até mesmo a Ju que é mais madrugadora que o JP está ressonando. A viagem é longa e solitária, decido ouvir música baixinho e a minha playlist me faz companhia.