"Dias escuros sem sorrisos, sem risadas de verdade.
Dias tristes, vontade de fazer nada, só dormir."
(Caio Fernando Abreu)
Capítulo21
Jessica
Olho para Pedro e o abraço como se dependesse disso para viver. De repente tenho a certeza que irei fazer a coisa certa, tenho ao meu lado um homem bom que até agora tudo que fez foi dia após dia me fazer feliz. Olho para as nossas mãos entrelaçadas e sei que não estou sozinha, Pedro irá nos proteger.
― Patrick me enganou ― começo a falar baixinho contra o seu peito ― ele me fez assinar um documento e eu não tinha noção do que era, Pedro. ― Comento em lágrimas. ― Eu me sinto abusada, usada... De tudo que ele me fez, isso foi o que mais doeu, Patrick não tinha o direito!
― Não, não tinha! ― Fala alguns palavrões. ― Odeio com todas as forças esse homem que mesmo morto ainda te faz se sentir assim, Jess. ― Pedro fala calmo, mas seus olhos demonstram toda sua raiva. ― Eu o odeio porquê não posso quebrar a cara ordinária dele por cada dor que já te causou. ― Toca meus cabelos. ― Eu o odeio porque ele ainda te faz chorar... ― Fecha os olhos e solta um xingamento frustrado.
― E eu te amo por você me fazer sentir amada e cuidada todos os dias. ― Toco seu rosto fazendo-o me olhar. ― Eu te amo por ter recolhido os caquinhos do meu coração e ter tido paciência para juntar um por um até fazê-lo bater novamente... ― Ele beija as minhas lágrimas. ― Eu te amo pela sua capacidade de me fazer sentir, Pedro. ― Limpo as lágrimas dele com um sorriso. ― Eu não sei como será depois dessa conversa... ― Respiro fundo. ― Mas eu vou continuar te amando até o último dia da minha vida, cowboy... ― Fecho os olhos tocando seus lábios com os meus.
― Você fez muito mais por mim do que o meu amor fez por você Jess. Quando cheguei aqui, na cidade, eu estava tão ferido quanto você. Não acreditava mais que eu pudesse sentir algo aqui ― toca seu peito batendo com força― eu estava oco por dentro. ― Há uma pontada de dor em sua voz que eu nunca tinha notado antes. ― Rompi laços que deveriam ser Inquebráveis e tive que reaprender a viver longe das pessoas que eu mais amava porque a decepção falou mais alto que o amor. ― Seu olhar parece perdido e não sei se é uma boa ideia contar sobre tudo que o pai dele está fazendo.
― Eu sinto muito, cowboy... ― Sussurro abraçando-o com toda força que consigo. ― Eu realmente sinto muito... ― Pedro coloca a cabeça no meu pescoço e fica calado por um longo tempo e percebo que sua respiração acelerada aos poucos vai normalizando.
― Portanto, você me salvou, minha linda... ― Me puxa como se ainda restasse espaço entre nós. ― Só você conseguiu enxergar além do meu corpo gostoso e tatuado, Jess... ― Há um riso preguiçoso em seus lábios e sorrio beijando-o. ― Agora me conta... Que documentos são esses que aquele ordinário fez você assinar? ― O riso morre em meus lábios, mas decido contar logo de uma vez.
― Eram documentos de uma hipoteca. Ele hipotecou a fazenda, Pedro. A herança que os meus pais me deixaram e fizeram prometer que nunca iria me desfazer... ― Caio no choro.
― Calma, Jess... Nós podemos dar um jeito nisso, renegociar a dívida com o banco... ― Ele até tenta, mas nego com um aceno.
― Infelizmente não tive a chance... Um empresário muito rico estava interessado nas terras e já negociou com o banco. ― Tento limpar às lágrimas, mas é em vão.
― Merda! ― Xinga passando a mão pelos cabelos completamente nervoso, me olha e desvio o olhar. ― Como esse empresário soube dessa hipoteca antes da fazenda ir a leilão? ― Ele parece confuso e isso só confirma que Pedro por mais que fuja da sua família, nunca poderá negar suas origens. É um homem entendido em negócios e com certeza pelo olhar perturbado que me dá, está ligando os pontos. Seco a palma da minha mão segurando o lençol com força. ― Qual o nome desse empresário, Jess? ― Pergunta calmo. Calmo até demais.
Abro a boca, mas as palavras não saem, engulo em seco e automaticamente fixo o olhar na pasta que Armando me entregou com cópias de todos os documentos. Meu coração bate tão forte e tenho medo do que Pedro possa fazer...
Para minha surpresa ele levanta num rompante, veste sua cueca e vai em direção a pasta sem dizer uma palavra sequer. Tento impedi-lo, mas obviamente Pedro muito mais forte do que eu consegue pegá-la antes de mim.
― Prefere que eu leia, ou vai me dizer, Jess?
― Você realmente não tem que se meter nisso, Pedro. Eu não tenho dinheiro para pagar a dívida e com certeza alguém compraria de qualquer forma. ― Dou de ombros dando um sorriso amargo. ― Só estou triste, porque isso nunca deveria ter acontecido...
― Não seja covarde. ― Sua voz é cortante e me assusto um pouco com esse Pedro em minha frente. ― Eu quero ouvir de você, Jess... Me fala qual o nome desse empresário!
― Ele, digo, o nome... ― engulo em seco. ―O nome dele...
― É o que eu quero saber. ― Fala arqueando as sobrancelhas esperando minha resposta.
― É Armando Marinho. ― Fecho os olhos temendo o que posso encontrar no olhar de dele. ― O empresário que comprou a minha fazenda é o seu pai, Pedro!
Ele respira fundo e trava sua mandíbula passando a mão pelos cabelos ao mesmo tempo que ler os documentos, veste a calça e a camisa com uma velocidade impressionante.
― Quanto tempo, Jess? ― Sua voz sai sem vida. ― Há quanto tempo ele vem te chantageando?
― Pedro, estou bem. ― Desconverso. ― Deixa isso pra lá, meu lindo... ― Continuo mesmo com o olhar furioso e incrédulo que ele me dá. ― Só estou triste, mas vai passar, vou procurar outro lugar para viver com os meus filhos iremos ficar bem... ― Falo em lágrimas.
― Ele te chantageou, Jess! Quando pensei que a por.ra do meu pai já tinha ultrapassado qualquer limite... ele se supera! ― Suas mãos seguram meus ombros em um toque gentil, mesmo que sua voz destoasse do toque. ― Se você me deixasse... ― Sua voz trava e vejo em seu rosto se contorcer como se somente em pronunciar as palavras lhe causasse dor.
― Eu jamais conseguiria te deixar... ― Enlaço seu pescoço com força e ele me abraça como se não quisesse me soltar nunca mais.
― Eu nem consigo imaginar uma vida sem ver o seu sorriso todas às manhãs, Jess. ― Fecha os olhos. ― Ou sem fazer a Malu me dá um beijo de bom dia na bochecha em agradecimento por seu achocolatado, ver a Ju fazer festa aprendendo suas primeiras palavras e ampará-la antes dela cair porque quer aprender a correr ao invés de andar... e o JP querendo aprender sobre cavalos e vibrar quando consegue fazer tudo exatamente como o ensinei. ― Pedro abre os olhos e duas lágrimas caem devagar pelo seu rosto bonito. ― Vocês são a minha família... ― Limpa as minhas lágrimas depositando um beijo rápido em meus lábios. ― E com a minha família... NINGUÉM MEXE! ― Sai em direção a porta.
Meu Deus não deixe Pedro fazer uma besteira!
***
Como vocês sabem os comentários de cada uma são muito importantes para essa autora aqui... Por isso comentem sempre o que estão gostando/ o que poderia ser melhorado/ e prometo que pensarei a respeito com muito carinho! Eu sempre procuro ouvir vocês e dessa vez resolvi fazer diferente rsrsrs.
Gostaram? A Jess contou! E agora o que o nosso cowboy irá fazer, hein?!
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Reaprendendo a Viver - COMPLETO
Chick-LitReaprendendo a Viver Jéssica Albuquerque, é uma mulher forte, logo após a morte do marido decide voltar as suas raízes juntamente com os seus filhos, e mesmo em meio a dor reaprender a viver... O que ela não esperava era que em seu novo destino, c...