Não, meu bem, não adianta bancar o distante:
lá vem o amor nos dilacerar de novo...
(Caio Fernando Abreu)
CAPÍTULO 8
Pedro
Seguro Jess em meus braços em silencio sentindo a sua respiração tranquila e seu cheiro gostoso invadindo os meus sentidos fazendo o meu coração bater forte.
― Faz muito tempo que não fico abraçada assim com alguém. ― Jess diz baixinho como se estivesse com medo de estragar o momento e sorri daquele jeito que é impossível não retribuir.
― Estou a postos sempre que precisar. ― Beijo sua boca e a trago para mais perto de mim.
― Você sabe que estou com medo não é? Na verdade, estou morrendo de medo. ― Olho em seus olhos e confirmo com um aceno. ― Tem dias que mal consigo respirar, Pedro. Eu sinto que não estou vivendo, ligo no modo automático para cuidar dos meus filhos e ser forte por eles, mas... não é sempre que consigo, me desculpe. ― Sua voz fica embargada e desvia o olhar.
― Ei, nunca peça desculpas por me dizer como se sente. ― Seguro seu queixo. ― Eu entendo que sua vida ainda não está como se deve, Jess. E respeito que você precise desse tempo para voltar a ser quem era, mas quero estar por perto. Nem que seja para dar um jeito nas suas bagunças! ― Aponto para as ferramentas que ela estava usando no jardim espalhadas perto da entrada.
― Talvez... ter você por perto não seja tão mau assim. ― Dá de ombros divertida.
― Talvez é...? ― Falo no ouvido dela. ― Eu vou te mostrar que valerá a pena. ― Beijo seu pescoço e levanto trazendo-a comigo. ― Vem!
― Pra onde, cowboy?
― Segredo! ― Pisco um olho e estendo a mão pra ela que pensa por alguns segundos, mas segura a minha mão.
Pegamos os cavalos e andamos pelo campo devagar.
― Uma das maneiras de ficar bem consigo mesma é aprendendo Jess, se está se sentindo perdida aqui, então precisa se encontrar. Olha a quantidade de terras que você tem. Dá para produzir muita coisa aqui. ― Aponto para toda a extensão de hectares.
― O meu pai tinha uma plantação de hostaliças ali. ― Aponta para um lugar coberto pelo mato que cresceu desgovernado. ― Costumávamos vender para toda a região. Tudo era produzido de forma orgânica e tenho orgulho em falar que ele fazia com muito cuidado dando sempre o melhor. ― Seus olhos brilham ao falar do pai.
― Me fala mais sobre os seus pais.
― Ele era apaixonado por essa terra e minha mãe era assistente social. ― Seu olhar parece saudoso agora. ― Ela lutou muito para poder exercer a profissão, sua família controladora não a queria trabalhando com "deliquentes" e a casaram com o meu pai achando que isso iria "resolver tudo". ― Dá um sorriso irônico.
― Aposto que o seu pai a encorajou ainda mais. ― Deduzo.
― Todos os dias no horário certo estava lá, na frente do orfanato para buscá-la, apoiou os seus sonhos até o fim e ganhou seu coração pra sempre. Ele fez um jardim perto do quarto deles para quando minha mãe abrisse a janela tivesse em seu campo de visão as suas tão amadas rosas.
― Tenho certeza que foram muito felizes. ― Falo e Jess confirma com o olhar distante.
― Fui criada aqui, Pedro. ― Me dá um sorriso fraco. ― Eu amava esse lugar, queria ter criado os meus filhos aqui desde o começo, mas essa escolha não era só minha... enfim, agora eles poderão crescer em um lugar tranquilo e espero ensiná-los tudo o que meu amado pai me ensinou.
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Reaprendendo a Viver - COMPLETO
ChickLitReaprendendo a Viver Jéssica Albuquerque, é uma mulher forte, logo após a morte do marido decide voltar as suas raízes juntamente com os seus filhos, e mesmo em meio a dor reaprender a viver... O que ela não esperava era que em seu novo destino, c...