Cap.11- Ciúmes.

6.9K 378 7
                                    

Camille.

  Eu tentava ajudar a minha irmã sempre que eu tinha tempo depois do trabalho. Muitas profissões necessitavam de algum tipo de experiência e conhecimento diante das situações, como cuidadora de pessoas com deficiência, administração,... E ela já estava ficando sem opções. Apesar de papai e eu trabalharmos e a situação em casa estar melhor, ela queria fazer algo diferente.
  Ela trancou a faculdade por problemas financeiros e ela não tem coragem de reclamar com mamãe e papai por causa disso, nem com Jordan.
  Jordan vivia viajando e em todas as viagens que ele fez, ele levou Anna. Mas, a cabeça dela estava cheia de problemas, ela queria viajar com o dinheiro dela, comprar coisas se ela quisesse, então, Jordan passou a parar um pouco com as viagens.
  Na sexta-feira, ela chegou em casa pulando de alegria. Eu estava vendo um filme na sala, mamãe estava preparando a janta e papai estava tomando uma cerveja.
– Eu consegui. – Ela disse.
– Conseguiu o que? 
– Um emprego!
– Onde?
– Na biblioteca. Hoje, quando cheguei lá, uma moça veio em minha direção e me perguntou se eu estava com algum problema. Quando eu disse que estava sem emprego, ela disse que precisavam de alguém pra ajudar na recepção e atender as ligações de pessoas que procuravam alguns livros. Eles pagam bem e disseram que eu posso começar amanhã!
  Eu a abracei.
– Eu falei que você ia conseguir. Parabéns!
  Mamãe e papai ficaram contentes, agora tudo ia se organizar.

  Na manhã seguinte, no sábado quando cheguei na casa de Alec, ouvi gritos vindo do escritório. Entrei no quarto de Audrey e Caleb e eles estavam abraçando os joelhos enquanto estavam na cama.
– Mamãe e papai estão brigando. – Audrey disse.
– Já tomaram café? 
– Não.
– Venham. Vai ficar tudo bem.
  Eles já tinham tomado banho e já estavam arrumados. Eles seguraram a minha mão e nós saímos do quarto. Coloquei o café da manhã deles na mesa e os dois comeram. Fui até o corredor e tentei descobrir o motivo da briga. Encostei o ouvido na porta.
– Ah por favor... Você se aproveitou da vida que eu dei pra você quando Audrey e Caleb tinha nascido, largou nós 3 e foi embora, e agora você vem me dizer que está com ciúmes? – Alec gritava.
– Eu achei que fosse o melhor pra eles! – Katie disse.
– Largar seus filhos? Ora... Mas que mãe maravilhosa você é...
– Você nunca me beijou daquele jeito, nunca me abraçou daquele jeito,...
– Eu dei tudo pra você! Eu tinha 15 anos, Katie, 15 anos! Comprei uma casa, te levei em médicos, fiz de tudo! Eu, praticamente, fiz com que o mundo girasse ao seu redor! Nunca mais saí com meus amigos, porque tive que trabalhar para sustentar os meus filhos...
– Seus filhos?
– É. Meus filhos. Se você realmente fosse mãe deles, não teria feito o que você fez.
– Ela quer tomar o meu lugar!
– Que lugar, Katie? Que lugar? Como mãe deles? Quem dera...
– Você a contratou para ser babá e ela virou sua namorada.
– Conheci você, tivemos 2 filhos e depois fui iludido por você. Me diga, qual o jogo mais limpo?
– Eu não tive escolha! Eu também tinha 15 anos! Eu amei você...
– Será que amou mesmo?
– Está bem... Vai lá... Vai lá com a empregadinha por quem você se apaixonou. Agora, eu vou mostrar pra você: ela só quer o seu dinheiro.
  Ela abriu a porta e quando me viu, congelou. Meus olhos estavam cheios de lágrimas. Alec me viu e se desesperou. Saí correndo.
– Espera! Camille!
  Fui até o jardim e me sentei perto de uma árvore. Lágrimas escorriam pelo meu rosto e eu soluçava. Empregadinha? Dinheiro? Roubando o lugar dela? O que eu fiz? Alec me achou e se ajoelhou na minha frente.
– Espera, deixa eu te explicar! – Ele disse.
– Não, não. Eu não quero.
– Por favor, me escuta!
– Alec, eles não precisam mais de mim. Katie chegou e... Agora, ela cuida deles. Não quero que vocês vivam brigando na frente dos dois. Ela ama você e... Você, querendo ou não, sabe que eu sou só uma babá. Não posso mais ficar aqui.
  Ele acariciou o meu rosto e lágrimas também escorriam de seus olhos.
– Por favor. Não vá embora. Eles precisam de você... Eu preciso de você! Por favor, fica. – Ele disse. – Me dê só mais uma chance.
– Alec... Não.
– Camille, por favor.
– Quais os motivos que eu tenho pra ficar? Você acha que eu quero ouvir isso mais uma vez?
– Nós, as crianças,...
– Alec...
– Por favor...
  Depois de um tempo eu concordei e ele me abraçou. Então era assim que ela se sentia. Como se tivessem tomado o lugar dela.
  Fomos até a sala e Katie estava sentada no sofá com as crianças. Eles me olharam e um silêncio se fez.
– Camille, eu... – Katie se levantou.
– Como você ousa falar em amor? O que é o amor pra você? Nada. Você não recebeu amor. Porque se recebesse, teria dado esse amor pra eles. Não tenho culpa se você engravidou aos 15, sinto muito. Seu passado com Alec, não me diz respeito. Mas eu recebi amor e jamais eu faria o que você fez, nem por todo o dinheiro do mundo. Eu posso não ter dinheiro, posso não ter um corpo perfeito, posso não ter viajado o mundo, mas eu sei que eu posso fazer Alec feliz. Eu vim aqui para cuidar de Audrey e Caleb, pra dar amor aos dois acima de tudo. O amor que eles nunca tiveram. O amor que você nunca deu. Não vim pra tomar o seu lugar, não sou mãe deles, portanto, fique tranquila. Então, nunca mais diga que estou com Alec porque sou interesseira. Estou com ele porque eu sei que ele me ama. Sinto muito se você fez tão pouco desse amor. Sinto mesmo. – Falei.
  Ela se calou e as crianças se entreolharam.
– Tudo bem. Desculpe. – Ela disse.
  Virei a cabeça como se não suportasse olhar pra ela e ela foi embora. Audrey e Caleb vieram em minha direção.
– Você vai embora? – Caleb perguntou.
– Não.
  Depois, eles foram para o quarto. Alec segurou minha mão, me fazendo virar pra ele. Continuei olhando para os meus pés.
– Olhe pra mim.
  Encarei aqueles lindos olhos azul-cobalto.
– Você me perdoa?
– Uhum. – Foi o único som que consegui produzir.
  Ele beijou minha testa e me abraçou.
  Senti que fui grossa com Katie, mas... Ela que começou essa história, ela que falou mal de mim. Eu jamais ficaria com Alec por dinheiro e eu amo os filhos dele. Será que daria certo?
  Passei o dia todo calada. Alec me chamou pra ver um filme, mas eu recusei. As crianças nem falaram muito, com certeza, perceberam que eu não estava afim de papo.
  Começou à chover e eu pedi pra sair cedo.
– O que aconteceu? – Alec perguntou.
– Não estou me sentindo muito bem.
  Ele levantou e segurou meu queixo.
– Está passando mal?
– Só quero ir pra casa.
  Ele concordou e eu fui embora. Ainda peguei chuva, pois estava sem dinheiro para um táxi. Cheguei em casa ensopada.

À Procura do Amor (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora