Cap.17- Para Recomeçar.

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Camille.

Eu estava tendo pesadelos:
Eu estava andando na rua, em uma noite em que não havia sequer uma alma viva na rua, quando vi a mesma mulher da casa. Ela estava sentada num banco e estava com o cigarro na mão.
- Oi? - Eu falei.
Ela paralisou, esmagou o cigarro e torceu o pescoço. Ela levantou, devagar, e olhou pra mim. Eu gritei. Ela estava com o seu vestido todo manchado de sangue, seus olhos tinham olheiras fundas e eu comecei à chorar de medo. Ela apontou pro lado com a cabeça e eu olhei: Era Alec, morto. Eu gritei de pavor e chorei mais ainda. Sangue escorria pelo chão e eu me ajoelhei para tocá-lo. A mulher se ajoelhou ao meu lado e tocou meus cabelos. Ela começou a gritar nos meus ouvidos.
- Medrosa! Você o deixou ir! - Ela repetia isso e eu sentia meu ouvido sangrar.
Fiquei negando até a hora em que eu gritei de verdade, bem alto. Meus pais e Anna entraram correndo no quarto e eu abracei Anna.
- Eu não quero ir para aquela casa, não quero.
Eu soluçava. Minhas mãos tremiam enquanto eu segurava o copo de água.
- Que horas são?
- 5:15.
- Eu preciso mesmo ir?
- Filha, não tem nada demais. Foi só um pesadelo. - Minha mãe disse.
Levantei e fui tomar um banho. Fiquei pensando se Alec tinha recebido minha carta e tentei me acalmar. Me arrumei, peguei minhas coisas e fui para o trabalho. Estava frio, como na maioria das vezes.

Quando cheguei perto do "castelo", hesitei. Eu estava com muito medo. Lembrei que esqueci as chaves. Bati na porta.
- Sra. Andersen? Eu esqueci a chave!
Eu continuei batendo até que Janette atendeu. Ela me deu um susto.
- Oi. - Falei.
- Oi.
Ficamos nos olhando por um tempo.
- Vai entrar ou não?
- Oh, sim. Desculpe.
Eu entrei mas continuei segurando minha bolsa.
- Já tomaram café?
- Não.
- Gostam de panquecas? - Perguntei.
- Não podemos comer panquecas, queremos frutas.
- Está bem... Frutas.
Fomos até a cozinha e Celestine já estava sentada esperando pelo café da manhã. Ela me olhava do mesmo jeito assustador. Dei as frutas para elas e fui para a sala. A Sra. Andersen estava passando por lá.
- Com licença, Sra. Andersen. Posso usar o meu telefone, aqui? Preciso fazer um telefonema.
- Claro. Fique à vontade.
Agradeci, me sentei no sofá e disquei o número.
- Alô? - Uma voz de homem falou.
Me calei e fingi não conhecer.
- Audrey?
A pessoa do outro lado da linha parou de falar e eu ouvi passos.
- Alô?
- Audrey?
- Camille?!
- Sou eu.
- Oi! Estou com saudades!
- Eu também, princesa. Como está a casa nova?
- Vazia. Eu, o papai e Caleb não bastamos. Está faltando você...
- Prometo visitar vocês.
- Está bem. Tem alguém querendo falar com você.
- Quem?
- Um minuto.
Ela entregou o telefone à alguém. Ouvi sussurros negando o telefonema, mas depois alguém atendeu.
- Alô?
- Alec?
- Oi. Como você está?
Meu coração acelerou, ouvir a voz dele era tão bom...
- Indo.
- Está trabalhando?
- Uhum.
Ele falava numa voz baixa, como se não estivesse aguentando falar comigo.
- Alec, se você não quiser falar comigo, não se sinta obrigado.
- Só queria saber como você está.
- Quer que eu te responda, sinceramente?
- Não quero discutir sobre isso. Preciso ir, tchau.
Ele desligou o telefone. Ah como eu queria que ele estivesse aqui... Notei Janette e Celestine paradas na porta, me olhando. Engoli em seco.
- Me desculpem. Precisam de algo?
Elas balançaram a cabeça em um gesto negativo.
- Está bem.
Elas se viraram e foram para o quarto. Me recostei no sofá e fiquei pensando sobre meu novo emprego. Eu tinha medo daquele lugar, daquelas pessoas, não era o que eu queria. Trabalhar como babá era ótimo, eu gostava, mas daquela vez, não me senti bem à vontade. Eu sentia saudade do meu trabalho. Aquele não era o meu lugar, nem as minhas crianças, e nem o meu patrão.
Pedi para falar com a Sra. Andersen.
- Você quer ir embora?
- Não quero que fique chateada, mas, acho que meu lugar não é aqui. Sinto falta do meu outro emprego. Me desculpe.
- Está bem. Aqui está.
Ela me entregou o salário.
- Obrigada.
Eu saí da sala e fui até o quarto de Janette e Celestine. As duas estavam sentadas na cama e me dava arrepios passar por aqueles cômodos.
- Estou indo embora. Não é por causa de vocês, mas, preciso de um tempo. - Falei.
Elas ficaram caladas.
- Vá. - As duas disseram.
- Está bem.
Elas pareciam já estar acostumadas. Me despedi, peguei minhas coisas e saí correndo. Eu nunca tinha visto nada parecido com aquela casa, qual era o problema com aquelas pessoas? Que horror...

À Procura do Amor (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora