Camille.
Esses dias, tinham sido os piores e os mais difíceis. Sentia saudade daquelas manhãs com Audrey e Caleb, de acordá-los, do café de Simon, de bater na porta e ouvir meu nome,...
Minha família estava muito preocupada com meu estado, Anna falou a verdade, eu estava horrível. Eu nunca tinha me sentido tão péssima. O motivo de meus sussurros, chamando Alec, eram sonhos. Ou melhor, pesadelos.
No sonho, eu acordava deitada no sofá. Eu sempre olhava de volta e não tinha ninguém. Eu caminhava pela casa, desesperada, chamando por eles mas ninguém me atendia. No momento em que eu caía de joelhos no chão, eu ouvia a voz de Alec:
– Traidora, você é uma traidora.
Eu negava e isso me deixava maluca. As lágrimas escorriam pelos meus olhos e eu o chamava, várias vezes. Eu acordava com Anna tentando me acalmar. Para alguns, isso devia parecer drama, mas não era. Quem dera aquilo ser só um pesadelo, quem dera se eu tivesse ele aqui do meu lado, se nada tivesse acontecido.
Quando Anna me contou o que ela fez, fiquei imaginando o escândalo e até achei um pouco engraçado, mas... Quando ela me falou sobre Alec, sobre o estado dele, meu coração apertou.
Certo dia:
– Trouxe uma coisa pra você. – Anna disse.
– O que é?
Ela abriu a porta e eu vi Audrey e Caleb. Um sorriso se abriu na boca dos dois e eles correram em minha direção. Eu os coloquei em minha cama e eles ficaram abraçados comigo por bastante tempo.
– Que saudades... – Falei.
– Sentimos sua falta. – Eles disseram.
Anna nos deixou sozinhos e eu lhe agradeci. Peguei jogos, fiz brincadeiras e assisti filmes com eles. Anna os levou embora, mais tarde. Eu fiquei muito feliz, de verdade, mas ainda senti falta de mais alguém. Alec. Senti falta de observá-lo brincar com os filhos, de vê-lo sorrir, de ter sua mão percorrendo de minhas costas até minha cintura, e do beijo. Fiquei pensando em como ele devia estar se sentindo. Estaria com saudades também? Como ele estava?
Naquele dia, consegui me alimentar direito, saí um pouco do quarto, mas eu ainda estava pálida e magra. Mamãe disse que eu precisava respirar um pouco de ar puro. Peguei o telefone e liguei para a casa de Alec.
– Alô? – Eu ouvi a voz de Simon.
– Oi. Simon?
– Srta. Camille!
– Como vai, Simon?
– Muito bem, mas estamos com saudade.
– Também morro de saudades de vocês. Ham... Simon, pode perguntar à alguém se posso levar as crianças para tomar sorvete?
– Sim. Só um minuto.
Ele foi perguntar e depois voltou.
– Pode levar.
– Tudo bem. Daqui a pouco vou buscá-los.
– Está bem.
– Simon, como está Alec? – Perguntei.
– Pra ser sincero,... Ele está acabado.
Meus olhos se encheram de lágrimas.
– Tudo bem. Obrigada.
Ele desligou o telefone. Levantei meu braço e olhei para a pulseira com o nome de Audrey e Caleb. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.
Me arrumei e fui buscar as crianças. Preferi não entrar dentro da casa.
Audrey estava usando uma blusa verde com uma saia jeans e seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo. Caleb estava usando uma bermuda, uma camisa azul e seus cabelos estavam bem penteados. Audrey pediu um sorvete de morango, Caleb pediu de chocolate e eu de limão. Ficamos passeando e conversando e então sentamos em um banquinho.
– Camille... Papai está ajeitando as coisas para se mudar. – Audrey falou.
– O que?
– Ele quer se mudar para outro lugar, talvez Los Angeles. – Caleb falou.
Congelei.
– Ele quer levar a gente. Mamãe está voltando para o Oregon. Eles brigaram e... Ela decidiu voltar.
– Camille, o papai ama você... Faz ele mudar de idéia. – Audrey disse.
– Escutem, eu não posso. O pai de vocês já é grande e sabe o que faz. Não posso fazer mais nada.
Eles ficaram tristes.
– Vamos nos mudar na semana que vem. Na segunda. – Caleb falou.
– Mas... Mas hoje é sexta-feira.
– Ele quer mudar o quanto antes. Ele diz que não aguenta mais. – Audrey falou.
– Ele disse isso pra vocês?
– Não. Nós ouvimos ele sussurrar enquanto dorme. Isso nos assusta... Um pouco.
Me calei e lágrimas escorriam pelos meus olhos.
– Camille, papai ainda ama muito você...
– Eu sei. Eu... Eu sou uma idiota.
Caleb e ela me abraçaram. Levei eles embora e eles me deram um abraço bem apertado. Fiquei esperando eles entrarem e fui pra casa.
Contei tudo pra mamãe.
– Você tem que seguir com a sua vida, querida.
Como? Como esquecê-lo?
O final de semana passou voando e eu decidi buscar um emprego.
Na segunda-feira, fui até o centro de trabalho novamente.
Passei pela 'Fashion Model' e pela casa de Alec. Pelas janelas, tudo estava vazio, só alguns móveis ficaram. Não tinha carro, barulho, apenas o vento. Passei direto.
– Seguir com a vida, Camille. – Repeti 2 vezes.
Ao chegar ao centro de trabalho, encontrei com a mesma funcionária e pedi pra falar com Christian Swift. Ela me levou até lá e eu o encontrei mexendo em uns papéis.
– Srta. Camille! Que surpresa.
– Aqui estou eu, denovo. – Falei, me sentando.
– Perdeu o emprego?
– Pedi demissão.
– Quer falar sobre isso? – Ele perguntou.
– Você é um psicólogo?
– Na verdade, sim.
– Oh meu Deus... Sinto muito, eu não sabia.
Ele dispensou minhas desculpas.
– Sente-se. – Ele disse.
Me sentei na cadeira à frente dele.
– Me conte. O que a levou à este ponto?
– Bom... Me apaixonei pelo meu patrão.
Ele ficou surpreso e riu.
– E...?
– E... Ele vai pra Los Angeles, com os filhos. Namoramos por um tempo mas... Não deu certo.
Ele se inclinou e segurou minhas mãos.
– Sei que é difícil... Mas vocês precisam conversar, precisam se abrir. A paixão, ela é... Dolorosa, não tem como mudar. Mesmo que você se negue a admitir ela, não tem jeito. Fale com ele.
– À essa hora, ele já está bem longe daqui.
– Sinto muito. Aí eu não tenho como te ajudar. Siga seu coração.
Enxuguei uma lágrima.
– Eu vim pra um emprego.
– Ah sim... Vamos ver...
Ele ficou um tempão olhando para a tela do computador.
– Você gostou da experiência como babá? – Ele perguntou.
– Muito. – Falei e olhei minha pulseira.
– Ótimo. Temos mais crianças pra você.
– Sério?
Ele concordou. Me recostei na cadeira.
– Tudo bem.
Ele me passou o endereço e me disse a hora da entrevista. Peguei o papel e me despedi.
Fui caminhando, enquanto olhava as anotações que ele tinha feito. Tinha o endereço, o nome das crianças e do responsável.
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À Procura do Amor (EM REVISÃO)
RomanceEle procurava alguém que amasse seus filhos, mas aquela famosa frase veio à tona: "Mexeu com meus filhos, mexeu comigo". * PLÁGIO É CRIME! *