Cap.21- Desespero.

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Camille.

  Desempacotei tudo o que eu guardei nas caixas. Alec disse que íamos procurar uma casa e viver a nossa vida. Ele vinha na minha casa e nós pesquisávamos tudo na internet.
– O que acha desta aqui? – Ele apontou para uma casa gigante na tela do computador.
  A casa era linda e elegante.
– Alec, somos só nós 4... – Falei.
– Por enquanto. – Ele disse.
– Acho que é muito.
– Eu não acho.
  Ele puxou o notebook na direção dele e digitou algumas coisas.
– Vou entrar em contato com a pessoa  que está vendendo a casa. Vamos marcar um dia para passar lá. Tudo bem?
– Se você quer...
  Ele terminou de digitar e desligou o notebook.
– O que foi? – Perguntei.
  Ele me pegou no colo e começou a subir as escadas.
– Alec! Meus pais estão aqui!
– Eu sei...
– São 14:30 da tarde!
– São, é? O tempo passa rápido... – Ele falou, tranquilo.
  Eu ri. Ele não desistiria tão facilmente.
  Mais tarde, fomos até o parquinho. Nos sentamos em um banco e observamos Audrey e Caleb brincarem com o cachorro. Eles o cercavam e corriam atrás dele.
– Na verdade, somos 5. – Falei.
  Alec me olhou com a testa franzida e os olhos arregalados. Ele se afastou um pouco e observou o meu corpo. Eu ri.
– Temos o cachorro.
  Ele soltou o ar, quando ficou aliviado e voltou para perto de mim. Ficamos conversando até que não ouvimos ninguém.
– Alec?
  Ele olhou pra mim.
– Onde estão as crianças? – Perguntei, aflita.
  Ele olhou em volta e se desesperou. Levantamos, rapidamente e começamos a procurá-los pelo parque. Chamamos seus nomes várias vezes, mas não obtemos respostas.
– Eu vou ligar para a polícia. – Alec falou, digitando os números no telefone.
  Ele ligou e a polícia disse que já estava a caminho. Alec se sentou novamente no banco e enterrou a cabeça nas mãos.
– Vamos ficar calmos. Eles vão aparecer. – Falei.
– Eu, definitivamente, sou o pior pai que já existiu.
– Não fale assim... Nós estávamos distraídos. Eles vão aparecer, confie em mim.
  Se passou 1 hora e a polícia chegou. Alec deu todas as informações necessárias e descreveu as crianças.
– Precisamos de uma foto dos dois. – Um policial disse.
  Alec procurou uma foto dos dois na carteira e entregou ao policial.
– Vamos começar as buscas hoje mesmo.
  O policial ia se virar mas Alec pôs a mão no ombro dele.
– Por favor... Faça o melhor que pode. – Ele disse.
  O policial assentiu com a cabeça e nós fomos para casa.

  Meus pais estavam sentados no sofá, com minha irmã e Jordan, aflitos. Assim que entramos, eles se levantaram.
– Alguma notícia? – Anna perguntou.
– Não. – Alec falou.
  Os olhos de Alec se encheram de lágrimas e ele passou as costas da mão nos olhos.
– Vou para o hotel, tudo bem? – Ele falou pra mim.
– Não. Fique aqui. Não vou deixar você sair nesse estado. – Falei.
– Eu preciso ficar sozinho.
  Me calei.
– Por favor, me mande notícias. – Falei.
  Ele assentiu com a cabeça e saiu, sem nem me beijar. Como isso foi acontecer?

Audrey.

  Estávamos brincando no parquinho enquanto o papai e a "mamãe" conversavam. Eu e Caleb falamos sobre o nome do cachorrinho e decidimos chamá-lo de Sam. Ficamos brincando e correndo atrás de Sam por muito tempo, até que Sam saiu do parquinho e começou a se afastar. Corremos atrás dele e quando conseguimos pegá-lo, vimos que estávamos em um lugar desconhecido. Chamamos pelo papai e vimos que já estava escurecendo. A rua estava vazia e estávamos com fome e sede. Nos sentamos em uma calçada e ficamos sozinhos, apenas com o silêncio.
– Estou com sede. – Caleb falou.
– Estou com fome e frio. – Eu disse.
– Será que papai está procurando a gente? – Ele perguntou.
– Deve estar...
  Eu estava com medo. Estranhos passavam na rua e nos olhavam, eles eram assustadores. Começamos à caminhar até achar uma lanchonete. Entramos e vimos uma moça atrás do balcão.
– Pois não? – Ela disse.
– Oi. Eu sou Audrey e esse é o meu irmão Caleb. Estamos perdidos e com sede, fome e frio. Você pode nos arranjar algo? – Perguntei.
  Ela olhou pra gente e observou em volta. Ela fez sinal para que nós chegássemos mais perto.
– Vou arranjar água e uns biscoitos pra vocês. – Ela falou.
  Assentimos com a cabeça e esperamos ela voltar. Ela voltou com duas garrafas de água e uns biscoitos. Ela colocou tudo em uma sacola e nos entregou.
– Obrigada. – Falei.
  Ela piscou pra nós e fomos para aquele mesmo lugar onde nós nos sentamos. Coloquei um biscoito para Sam e nós nos alimentamos. Ainda sobrou bastante água, depois eu me deitei. Coloquei Sam perto de mim e Caleb se deitou também.
– Papai, onde está você? – Eu chorei.

Alec.

  Cheguei destruído no hotel. Entrei no quarto e me sentei na cama. Enterrei minha cabeça em minhas mãos e tentei me acalmar. Eu era o pior pai do mundo. Eu não servia nem para ficar de olho nos meus filhos e os perdi. Sabe lá onde eles estavam naquele momento. Podiam estar machucados, com fome, sede,...
  Eu estava inquieto. Eu não conseguia pregar o olho e só sabia chorar. Fui até o quarto das crianças e encontrei as camas vazias. O ursinho de Audrey estava sobre a cama dela e o sabre de luz de Caleb estava sobre a mesa ao lado. Me sentei em uma poltrona ao lado e observei todo o quarto. Como eu podia ser tão irresponsável?
  Pela manhã, acordei com o telefone tocando. Saí correndo para atender.
– Alô? – Eu disse, esperançoso para que fosse a polícia.
– Alec, sou eu, Camille.
– Ah, oi.
– Alguma notícia?
– Não.
– Venha pra cá. Vamos tomar café. Vamos confiar na polícia, fique tranquilo.
  Respirei fundo.
– Está bem.
  Ela desligou o telefone. Onde meus filhos estariam naquele momento?
 
  Cheguei na casa de Camille e toquei a campainha. Ela abriu e me deu um abraço apertado. Os pais dela estavam colocando o café da manhã na mesa.
– Olá, Alec. Alguma notícia? – A mãe dela disse, vindo em minha direção e me puxando para um abraço.
– Não. – Falei, com um suspiro de desânimo.
  Ela acariciou meu ombro.
– Vamos confiar na polícia. Eles não devem ter ido para tão longe.
  Assenti com a cabeça mas senti meus olhos se encherem de lágrimas. Camille levantou meu rosto e me puxou para um canto, eu a abracei e chorei abertamente.
– Se alguma coisa acontecer com eles, eu nunca vou me perdoar. – Falei.
– Nada vai acontecer. – Ela falou.
  Ela era a mulher mais perfeita de todo o mundo. Nessa hora difícil, foi no abraço dela que encontrei o conforto. Ela acariciava meus cabelos e ficou abraçada comigo por um longo tempo.
– Eu estou aqui... – Ela falava.
  Eu sabia... Ela sempre ia estar lá, por mim. Pra mim.
  Tomamos café e depois, meu telefone tocou. Peguei o telefone, desesperadamente e atendi.
– Alô?
– Alec Tompson?
– Sim, sou eu.
– Aqui é da polícia. Bom... Temos más notícias​. – O policial falou.
  Meu coração parou. Olhei para Camille.
– Encontramos dois... Corpos perto do parque. Eles... Podem ser os seus filhos. – Ele falou.
  Minhas mãos começaram a tremer e minha respiração começou a ficar acelerada. Camille levantou e segurou meu rosto. Lágrimas enchiam seus olhos.
– Alec... O que foi?
  Eu não respondi.
– Alec!
  Eu desliguei o telefone e saí correndo até o parque. Deixei o carro e fui correndo. Senti que Camille corria atrás de mim. Não podiam ser eles...

À Procura do Amor (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora