A força de vontade

79 13 15
                                    

Estava escuro naquele cubículo infinito, Lilian não enxergava ninguém mas era vista com clareza, brilhante perante o breu. Ela então viu corpos caindo um a um no chão já sem vida, aquele líquido quente com cheiro de ferrugem escorria de seus ferimentos e deslizavam no chão a sua procura, subindo pelo seu corpo e pintando-a de vermelho, ela queria gritar mas nada saia de sua boca, então acordou.

Lilian viu o teto de uma casa que não era sua, em uma cama que não era a sua, imaginou se não estava sonhando ainda, mas então as lembranças do dia anterior a atingiram sem misericórdia, veio junto com uma dor que rasgava seu corpo por dentro.

Olhou para o lado, para Júlia que dormia sem delicadeza, então levantou-se daquele colchão desconfortável e se encarou no espelho, não estava muito bonita, seu rosto estava inchado e tinha duas grandes bolsas roxas sob seus olhos, mas o pior de tudo eram seus olhos meio mortos, eram apenas duas bolinhas amarelas sem brilho.

- Já acordou? - perguntou João que apareceu na porta sorrateiro. - Misericórdia! - exclamou quando se deparou com Lilian.

Júlia mexeu-se um pouco em sua cama abrindo os olhos devagar, fora acordada provavelmente pelo grito de João.

- Vocês dois deveriam voltar a dormir! - Lilian a encarou. - Meu pai!

A garota saiu do quarto ignorando os dois, foi para a cozinha onde pegou torradinhas no armário e as comeu puras.

Fazia muito tempo que Lilian não tinha aquele pesadelo, ele ia e vinha como desejava, parecia ter vida própria.

Os gêmeos logo apareceram na cozinha se servindo do que vinha pela frente, ora ou outra olhavam de esguelha para a garota meio morta.

- Lilian! - chamou-a enquanto limpava os farelos da mão. - Tem certeza de que não quer desistir do Eric?

Lilian assentiu meio que a ignorando, esse assunto não era de seu interesse e nunca seria.

***

O único pensamento que a jovem conseguia ter durante aquela aula era Eric, como o encararia? O que faria se o encontrasse? O que diria? Milhares de perguntas sem respostas eram elaboradas em sua mente mas nada que fosse referente a aula.

- Lilian, sabe resolver esse meu problema aqui? - perguntou-lhe educadamente o professor apontando para uma série de letras e números sem ligação alguma.

- Me desculpe professor - foi dizendo calma e suavemente -, mas eu não consigo resolver nem os meus imagine os do senhor.

Lilian passou o restante da aula do lado de fora da sala sentada no chão dos corredores de paredes desbotadas, até que deu o sinal do intervalo e ela estava finalmente livre.

Ela precisava falar com Eric e foi o que ela fez, o procurou em cada canto daquela ínfima escola e o encontrou no gramado do lado de fora, como de costume.

- Bom dia! - cumprimentou tentando ser tão entusiasmada como era no geral, mas sua voz falhou.

- Você está tremendo - comentou Eric olhando-a de soslaio.

- Não estou! - negou fortemente desviando o olhar e brincando com os dedos.

- Está quase chorando - comentou novamente meio desinteressado.

- N-não e-estou! - replicou gaguejando.

Eric suspirou longamente sem ter muito o que dizer.

- É claro que não está - concordou por fim espreguiçando-se e olhando para as nuvens, as pequenas trivialidades de Lilian.

- Sabe, eu não vou desistir de você - começou a dizer com uma força de vontade monstruosa -, vou fazer você gostar de mim!

- Eu mereço - murmurou - bem, boa sorte!

***

Yeey lol, mais um capítulo para vocês minhas raposinhas >°°<

Não se esqueçam de deixar um votinho e um comentário! s2

Amo vocês <3

O oposto do inversoOnde histórias criam vida. Descubra agora