Lilian passeava pelas ruas a esmo, divagando sobre tudo.
Romênia, à alguns dias, se surpreendeu ao ouvir de sua boca que ela gostaria de visitar o pai, logicamente ficou muito feliz com a notícia, seus olhos mostravam um brilho cálido à muito esquecido. A visita foi agendado para as férias de julho, que não estavam tão distantes mas também, não tão próximas.
Subindo a rua íngreme vinha o mestre Luíz que também parecia pensativo, ora olhava para o céu nublado, ora mexia nos cabelos louros que se espremiam em baixo da touca mas cismavam em cair em seus olhos.
- Mestre Luíz! - gritou entusiasmada acenando para ele quando o viu.
- Não me chame de mestre! - repreendeu enfiando mais fundo a touca em sua cabeça.
Ela apenas o encarou por alguns segundos e seus olhos brilharam:
- Você cresceu, mestre?
- Você percebeu? - perguntou entusiasmado.
Era bem pouco, mas estava bem visível que ele havia crescido alguns centímetros.
- Como eu não perceberia? - Ela sorriu ajeitando a touca do garoto, dessa vez seus fios loiros não saíram.
Luíz corou feliz e nesse momento seu nariz pareceu crescer uns vários centímetros.*
- Bem, é claro! Eu estou em fase de crescimento, obviamente eu cresceria.
Lilian riu e aplaudiu, se sentiu feliz e triste ao ver que o tempo passava e que os acontecimentos nostálgicas se tornavam mais e mais recentes.
Subindo a rua, dessa vez, vinha Eric, carregando suas várias sacolas de comida instantânea, não demorou muito a estar perto dos dois.
Os olhos de Lilian perscrutaram a sacola:
- Isso é comida instantânea. - Não foi uma pergunta, tinha mais um ar de repreensão.
Os olhos de Eric se estreitaram.
- Sim… - Lilian se sentiu obrigada a franzir o nariz com aquilo.
- Pensei que estivesse aprendendo a cozinhar! - acusou enfiando as mãos rijas pelo frio no bolso da blusa.
- Eu não quero cozinhar hoje! - reclamou como se fosse uma criança, apesar de mostrar indiferença em sua expressão.
- Nesses dias, deixe para sua lindíssima namorada cozinhar para você!
- Não sei nada sobre lindíssima, mas pode fazer o que quiser - murmurou com um suspiro, sua voz soando melodiosa enquanto o vento a arrastava.
Luíz pigarreou meio esquecido em um canto.
- Eu esqueci das apresentações - disse Lilian -, mestre Luíz esse é o meu namorado Eric, Eric esse é o mestre Luíz. - E acrescentou num murmúrio à Eric que apenas revirou os olhos - Trate-o com o devido respeito!
- Não precisa me chamar de mestre! - replicou um tanto desconfortável.
- Eu não ia.
- Mestre, por que não almoça com a gente? - Lilian estava animada com isso, parecia pronta para dançar a qualquer momento como fazia quando estava excitada demais.
- Eu pensei que a casa fosse minha - balbuciou Eric, já meio esmaecido por ter de lidar com tanto entusiasmo
- Se não for incomodo, eu adoraria, tia.
***
Foi surpreendente quando Lilian entrou porta adentro e se deparou com Henry no sofá, já que no geral ele nunca estava em casa. Henry lia um livro que parecia relacionado com medicina, subindo os olhos quando percebeu a presença de outras pessoas na sala.
- Vocês adotaram um filho? - indagou quando viu o garotinho come eles.
- Não fale isso nem brincando - retrucou Eric, irritado levando a sacolas de comida instantânea para cozinha.
- Esse é o mestre Luíz, Henry! - O jovem começou a escrutinar a casa, que para ele e todos parecia bonita e arrumado demais para existir alguém morando nela, havia pouquíssimos adornos espalhados pela sala que geralmente eram da cor de areia, justamente para não chamar a atenção. - Eu vou cozinhar.
Ele não comentou nada, apenas voltou a ler.
Lilian foi para cozinha com o estupefato Luíz em seus calcanhares, sem saber muito como agir, sentou-se à mesa e observou Eric guardar os mantimentos.
- Posso usar o que eu quiser? - perguntou a garota debruçando-se sobre o balcão que separava a cozinha da sala de jantar.
- Só não exploda a cozinha - pediu solene.
- Isso é impossível!
- Não exploda a cozinha, tia! - repetiu Luíz.
- A falta de confiança de vocês me magoa…
A cozinha era muito boa para se fazer comida, o único problema era onde encontrar as coisas. Por sorte ela tinha todos os ingredientes que precisava.
Demorou um pouco, mas o fricassê de frango ficou pronto e com uma boa aparência.
- Está muito bom! - elogiou Henry quando a comida tocou sua língua.
- Não está ruim - comentou Eric.
Lilian sorriu para ambos pai e filho, comendo sua própria comida e pensando no que poderia fazer para melhorá-la.
- E você, o que achou? - inquiriu à Luíz que até aquele momento havia ficado em silêncio.
- Está bom! - respondeu concentrado-se na comida.
Lilian riu feliz, “se o mestre diz deve ser verdade”.
***
*A expressão o nariz cresceu, pode se determinar alguém mentiroso ou muito orgulhoso.
***
Prestem atenção no nome Luíz minhas raposinhas, se retiramos o í vira Luz, sabem o que isso significa? Absolutamente nada! Obrigado pela atenção.
Espero que tenham gostado do capítulo ❤
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O oposto do inverso
Romance"Tomo sua dor como minha e seus problemas como meus, isso se chama amor." Como qualquer pessoa de uma cidade pequena, Lilian vive em uma rotina simples e monótona. Mas sua vida dá uma reviravolta quando se vê envolvida com Eric, um garoto que acaba...