Obrigado

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Lilian estava frente a frente com um rosto que se parecia com o seu, não se recordava que seu pai era tão parecido consigo, não se lembrava dos fios brancos que apareciam em um filete na parte de cima de sua orelha esquerda, nem dos mesmos olhos de gato que já tinham passado por muita coisa mais ainda sorriam, nem da mesma pele morena, nem de nada e ainda assim, ele estava do jeitinho que ela havia deixado.

- Você cortou o cabelo - balbuciou Diego, quebrando o silêncio hediondo.

Ela encostou nos cachos lisos que já chegavam ao seus ombros, estavam bem menores antes, quando conheceu Eric, mas com tantas coisas que aconteceram Lilian não teve tempo de cortar.

- É… - foi a única resposta que conseguiu dar.

- Você ficou muito bonita! - Um sorriso surgiu no rosto de Diego, um que deixou claro suas pequenas nuances em forma de rugas e que não escondiam sua beleza. Lilian quis chorar, porque não viu isso acontecer, não viu seu pai envelhecer, sequer pensou nele, era uma filha horrível.

- Pai… - sua voz soou embargada, o grito preso em sua garganta queria sair e as lágrimas não poupavam esforço para o mesmo -, eu sinto muito! Eu fui a pior, eu não mereço e nunca vou merecer o amor que você me dá, e você não merece uma filha ingrata como eu! Mas eu não quero me lamentar, eu quero aproveitar as trivialidades da vida e por isso… - As lágrimas escorriam em seu rosto como um rio, e era uma coisa muito bonita aquela, a dor sendo exposta e sendo curada -, e só por isso! Eu não quero me lamentar, eu quero agradecer, do fundo do meu coração! Obrigado por ser o primeiro homem a sorrir para mim e me amar, obrigado por segurar em minha mão quando eu não conseguia andar, obrigado por ser meu apoio, obrigado por estar vivo, obrigado por me dar mais do que mereço, obrigado por todo o trabalho que você fez por mim e obrigada por prezar mais a mim do que sua própria liberdade, eu não tenho palavras suficientes para agradecer e… e… - Ela encarou o rosto choroso do seu pai -, Eu te amo! Eu… eu te amo! Eu..

- Você não precisa mais dizer nada… - interrompeu seu pai enxugando o próprio pranto -, Eu também te amo, Lilian.

E o silêncio hediondo voltou a tomar forma porém com duas pessoas desesperadas em mostrar que já não se importam com as feridas, já que é preciso amá-las também.

***

Pessoal, obrigado à vocês que tem me acompanhando, eu amo muito vocês minhas raposinhas!

Esse foi o penúltimo capítulo pessoal, espero que tenham gostado ❤

O oposto do inversoOnde histórias criam vida. Descubra agora