Será???

776 104 4
                                    

Rebecka

Um mês de passou, e o humor do Ricardo vem melhorando gradativamente. Só não sei como ele vai aceitar o passeio de hoje. Ou vai ser muito bom ou vai ser uma merda. Já fizemos passeio de kart, voltamos a praia algumas vezes, ele até se arriscou me ajudar no jardim, mas sua mania limpeza o impediu de continuar.

Hoje decidi radicalizar, só que não avisei isso a ele, só pedi que ficasse pronto, e avisei que desta vez não poderá levar a pulguenta com ele, ele insiste em dizer que tenho que me acostumar com ela,  o que provavelmente não vai acontecer nunca.

Estou parada na porta esperando por ele e confesso que agora estou com medo.... ouço a porta se abrir e na hora me viro pra ele, meu Deus como pode ser tão bonito...

-- Boa tarde Ricardo.

-- Boa tarde Rebecka.

-- Esta preparado?

-- É. .. Não é antes que você brigue e fique reclamando, a mel vai comigo e não adianta falar nada, não saio sem ela. Você escolhe sair ou ficar?

-- Você é muito teimoso, mel não vai participar do passeio e não temos quem olhe ela.

-- Ela vai e vai ficar onde deixarmos ela. Eu preciso dela só saio com ela e só confio nela para sair de casa.

-- Em mim não?

-- Hum  não.  Ainda tenho medo de você, pois  é imprevisível.

-- Se não quiser ir tudo bem. E eu não sou imprevisível

-- Há não, você me tira de casa e me leva para vários lugares e seu jeito doce esconde esse seu lado sombrio - da risada -- Vamos logo antes que eu desista e hoje vamos de motorista pois se eu estiver vivo depois do passeio quero te levar para beber algo e não quero você dirigindo.

-- Se vai sobreviver não sei. Mas garanto que vai ser algo novo.

-- Então podemos ir?

-- Sim vamos.

O motorista nos leva até a escola de paraquedismo e me olha desconfiado, faço sinal para que ele não fale nada. Quando ele para o carro. Desço para abrir a porta.

-- Vem comigo. E ela fica.

-- Hum tá certo mas lembre se eu tropeçar eu volto e pego ela . Vitor toma conta da mel por favor.

-- Claro senhor Ricardo.

-- Se andar de braços dados comigo não vai tropeçar.

-- Vai saber você pode querer me da uma rasteira. - da risada

-- Muito engraçado, mais fácil eu te empurrar de uma ponte.

-- Veremos. Uma pergunta onde estamos exatamente ?

-- Por enquanto em terra firme - ele para do nada -- Que foi?

-- Como assim por enquanto? Não me diga que você me trouxe para pular de para quedas

-- Tudo bem, eu não digo. Agora vamos.

-- Fala logo para eu começar a ter um infarte. - dou risada do seu desespero.

-- Primeiro você não vai infartar, por que falei com seu médico, não sou tão irresponsável como imagina. E sim vamos pular de para quedas.

-- Você não sabe o coração é uma máquina cheio de mistérios, porque você vai fazer isso comigo? Falei que prefiro terra. - ele está quase chorando e eu me acabando de rir na situação.

-- Deixa de ser bunda mole. - dou risada -- Vamos fazer um acordo, você pula e eu te dou o direito à uma pergunta.

-- Qualquer pergunta ? E lógico que seja respondida?

-- Qualquer pergunta com a devida resposta.

-- Esta bem se você não responder acabou o nosso acordo.

-- Sim senhor agora  vamos.

-- Vamos. Espero que termine logo isso.

Conduzo Ricardo até a área destinada às pessoas que vão saltar... O instrutor passa todo o  procedimento, e avisa que eu saltarei primeiro sendo seguida pelo Ricardo. Quando já estamos preparados somos levados ao avião, e agora é respirar fundo e vamos nessa .

Ricardo

Ela é louca e eu sou mais louco ainda por ter aceitado essa barbaridade,  onde já se viu, um cego pelando de para quedas. E eu nem gosto de altura... merda por que raios eu aceitei essa maluquice.

-- Rebecka isso não vai dar certo - sinto o avião levantar vôo.

-- Só relaxe e aproveite. - ela me da um beijo na bochecha que me deixa desconcertado.

Cerca de vinte minutos depois o instrutor avisa que chegou a hora do salto e meu coração parece que vai sair pela boca. Como combinado Rebecka é a primeira, sinto a hora que ela pula e ouço seus gritos, não parece medo, ela parecia estar gostando da idéia, maluca.

-- Vamos sr. Ricardo é a nossa vez.

-- Eu não quero. Não, não vou...

-- Sua amiga me avisou que isso podia acontecer.

-- E o que vai fazer? - pergunto receoso.

-- Vamos pular com medo mesmo.

Ele dá alguns passos junto comigo. E do nada ele nos joga para fora do avião, eu grito e não é de prazer, é de medo mesmo, de desespero, eu vou morrer.... passado alguns minutos o desespero passa....

Eu sinto o vento em meu rosto, sinto que estou voando como um pássaro em busca da liberdade.
Nesse momento gostaria de ter a minha visão, pois queria ver a beleza daqui de cima, o céu esta mais perto, como sério bom poder ver além se sentir toda a adrenalina de saltar. Por causa do vento pisco algumas vezes,  sinto que tem algo nos meus olhos que está incomodando, após duas piscadas vejo uma luz distante e ao mesmo tempo um flash, como um filme passando diante da mim. Mas como é possível estou cego não vejo nada, nenhuma luz desde do acidente, ela fica mais forte pisco de novo mas não muda. Meu Deus como é possível eu conseguir ver um clarão, uma luz como dizem à sempre uma luz no túnel, estava contente pelo simples fato de sentir a liberdade em meu rosto  a sensação maravilhosa que um simples salto pode proporcionar a um homem que até o momento só viu a escuridão, e quando chegar em terra terá a sua própria luz do túnel.

A Voz Na Escuridão - Livro Unico  (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora