CAPÍTULO 2

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Dália Menezes

Era finalmente o dia da bendita entrevista. Fui extremamente pontual.

Quando cheguei, pedi informação à um segurança e o mesmo me disse que eu deveria "ir à recepção" - palavras curtas e grossas - O moço disse também que as recepcionistas me dariam mais informações - Fui até lá realmente com essa intenção, contudo, não deu muito certo.

- Bom dia! - Eu fui educada, e o mínimo que eu poderia receber em troca era outro "bom dia" - o que também não aconteceu.

- O que é que tem de bom? - Ela levantou a cabeça e ao ver meus cabelos ficou me encarando, em seguida continuou. - Querida, a loja de fantasia é lá pros lados da galeria.

Eu realmente me segurei para não voar no pescoço dela, porém, respondi normalmente, até porque preciso do emprego.

- Obrigada pela informação, agora sei onde você comprou esse look, sua palhaça! - Fiz um gesto de desdém com a mão e olha que eu ainda respondi normalmente. - Por isso veio vestida de galinha? Para fazer propaganda? - Apontei para a sua roupa bege encardida e seu cabelo vermelho bombeiro.

A única resposta que a mequetrefe me deu foi me fuzilar com o olhar, e pegar o telefone apertando um botão, com certeza iria ligar para os seguranças. Eu poderia simplesmente ir embora e procurar outro emprego, mas esse gostinho não dou para essa nojenta, não mesmo!

É por isso que fui mais rápida que ela e peguei o meu celular, indo às ligações recentes e liguei novamente para Eduardo Magalhães.

- Eduardo Magalhães. Quem me atrapalha?

"Que diferença", penso.

- É... Bom dia, Senhor Eduardo... - Começo - Se lembra da moça que ligou ontem, sobre o emprego de babá? - Pergunto tentando ser casual.

- Ah sei, Dália, tinha uma entrevista hoje cedo...! Aliás, está atrasada. Odeio atrasos!

"Vish já se estressou."

- E você quem é? Está me ligando por quê? Ela morreu?

- Credo! Que horror - Reclamo, mas logo me recompus. - Quero dizer. - Limpo a garganta - Senhor, aqui quem fala é a própria de ontem à tarde, a da entrevista, e que está atrasada graças à recepcionista do seu prédio. - Falo e ele parece soltar um palavrão, reviro os olhos. - A moça não quer colaborar. - Digo encarando a mulherzinha sem reação a minha frente.

- Mas que grande falta de profissionalismo! - O telefone parece ser afastado e mesmo assim, eu consigo escutar. - Joana? Ligue na recepção e fale para liberarem, a passagem de Dália, ela tem uma entrevista. E se ela não chegar aqui em cinco minutos, eu desço e vou demitir todo mundo, inclusive você!

"Nossa! Depois dessa, até eu tremi na base!" meu pensamento besta me faz rir.

- Senhorita Menezes, está rindo do quê? Posso saber? - Ele pergunta e quando eu ia responder ele conclui. - Bom, não quero saber. Suba logo, antes que eu desista! - E então a ligação é encerrada.

- Que maluco. - Sussurro e olho pro segurança ao meu lado, sequer notei quando o homem que a galinha chamou chegou. - Com licença Hulk, mas tenho uma entrevista com o chefe. - Sorrio bem cínica.

Logo após eu dizer isso, vejo a galinhazinha pegar o telefone e ouvir provavelmente a tal Joana falando com ela, a recepcionista que antes me tratava mal diz com uma voz totalmente doce:

- Pode subir, senhora. O Senhor Magalhães a aguarda, no último andar.

- Não me diga? - Ironizo erguendo as sobrancelhas e indo até o elevador indicado pelo Hulk.

Depois de pegar o elevador e apertar o botão para o último andar, o décimo, chego em uma antessala com a decoração branca e minimalista, uma mesa grande, junto a uma cadeira de escritório e um computador moderno se localizam no meio, a mesa está vazia. Quem eu acredito que seja a tal de Joana, logo surge, saindo de uma porta grande de madeira, bem à frente de sua mesa. Joana, já é uma senhora, possui cabelos levemente grisalhos e veste um terninho azul marinho e seu cabelo está preso em coque firme.

Ela para frente a mim, me olha e logo me presenteia com um sorriso amistoso.

- Você deve ser Dália. Desculpe pelo imprevisto lá embaixo querida. - Ela diz balançando a cabeça em negação. - Judith não aprende... Bom, me chamo Joana e o chefe está à sua espera.

"Esse Eduardo deve ser um monstro, como ameaça demitir alguém tão doce?" prefiro guardar os pensamentos para mim mesma.

- Tudo bem, não é a primeira vez que isso acontece. - Digo anuindo. - Prazer Jô...? Posso te chamar de Jô, né? - Ela assente com um sorriso. - Me chamo Dália, como você já sabe. É melhor eu ir entrando, pois já estou muito atrasada. - Sorrio brevemente e me viro para a grande porta amadeirada.

Bato duas vezes na porta, escuto ele pedindo para entrar e assim eu faço, mas paro na porta quando me deparo com Eduardo Magalhães.

"Que deus grego, Jesus!" penso sorrindo sem esforço algum.

A Babá Fantástica |REVISADO|Onde histórias criam vida. Descubra agora