CAPÍTULO 32

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Dália Menezes

45 minutos depois...

Já tomei banho, coloquei um pijama, mandei uns e-mail para Louise com os documentos escaneados que estava aqui em casa e depois peguei um livro pra terminar de ler, estou atravessada no colchão de bruços e viro a página do livro no momento que escuto baterem na porta. Coloco o marca página dentro do livro e me sento, estico a mão e pego o elástico de cabelo na cabeceira, começo a juntar o cabelo quando digo para a pessoa entrar. Julia entra acompanhada de Vinicius e cada um tem algo em mãos; a xícara de gato preto e branco com o rabo como alça e que ganhei no dia das mães do ano passado, fumegando na mão de Julia  e mais o cheiro que cobre o quarto, denuncia o café que ela traz. Já o Vinicius, posso ver a embalagem do chocolate que mais gosto da empresa, o tradicional ao leite, em suas mãos. Mantenho minha postura e semblante sério mas por dentro estou ansiosa, amo tanto o café que Julia carrega quanto o meu chocolate favorito que Vinicius segura, é tão bom saber que eles conhecem meus gostos como conheço os deles.

Com o passar do tempo, eu aprendi e soube reconhecer com as minhas lembranças com Daniel que irmãos sempre discutem, mas, toda vez que os meus filhos brigam, eu sofro internamente com cada grito ou ofensa que eles se direcionam. É como, se eu não tivesse dando amor, carinho e atenção o suficiente e acaba se tornando o motivo para eles estarem brigando. Estar desse lado, me deixa um pouco culpada por cada vez que disse a Daniel na minha infância, que nossos pais o encontraram num beco, pois se Julia ou Vinicius dissessem isso, eu iria com certeza me magoar.

Por isso, eu desenvolvi uma artimanha, todas as vezes que os dois brigam ou discutem por qualquer coisa que for, eu repreendo como deve ser e aplico um pouco a mais de drama do que estou sentindo, para que eles entendam que não quero os ver brigando, xingando, se humilhando feito inimigos, faço isso para que eles entendam uma parcela da minha tristeza e parem de brigar. Então, eu saio de perto, me afasto deles, para que eles pensem no que erraram e trabalhem juntos para ter o meu perdão; tem dia que eu capricho no teatro, assim como estou fazendo hoje, com o intuito que eles aceitem ir no jantar da Choklad comigo, espero ter conseguido, da mesma maneira que consegui das outras vezes.

Respiro fundo, olho para os dois e de sobrancelhas erguidas e sem demonstrar afeto nenhum, passo a mão no colchão e pego o livro, abro na página que estava enquanto eles fecham a porta e se aproximam.

— Mamãe? — Julia chama e continuo olhando para o livro, mesmo que eu não esteja mais lendo.

— Huum? — Murmuro me fazendo de indiferente.

— Trouxemos isso, pra senhora... — Vinicius murmura se aproximando ainda mais e sentando ao meu lado. — Desculpa, mãe.

— Desculpa pelo o quê, Vinicius? — Falo fechando o livro e o encarando.

— Desculpa pela falta de respeito, quando fiquei discutindo com Julia na sua frente. — Pede baixinho me olhando. — Desculpa por provocar a Julia, mexendo com a Millena. — Se explica abaixando a cabeça, agora ele entendeu e se arrependeu de ter xingado Millena porque tudo o que ele quer é provocar e perde a noção. — Desculpa mãe, não faço mais. — Me entrega a barra de chocolate e encaro Julia, que está sentada do outro lado da cama, no lugar de Christopher.

— Eu também peço desculpa. Mesmo eu não tendo tanta culpa assim. — A encaro séria e Vinicius sussurra entredentes.

— Julia! — Ele repreende.

— Okay! Foi mal. — Ergue as mãos ao lado do corpo e continua. — Me desculpa mãe, por ter dado ouvidos a provocação do Vinicius e discutido com ele na sua frente. Não faço mais! — Me entrega a xícara de café que tinha colocado em cima da mesa de cabeceira ao seu lado.

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