CAPÍTULO 38 - PARTE 2

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Christopher Gutiérrez

Rio de Janeiro

Assim que chegamos, descobri que não demora nada para viajar de São Paulo para o Rio de Janeiro, menos de quarentena minutos.

Seguimos para o carro que o detetive Alfredo Ferreira alugou, ele disse que assim é mais seguro pois não sabemos como anda a segurança de Eduardo, se ele tem informantes, vigias ou coisa parecida, é sempre melhor manter discrição.

Olho para Dália, sentada ao meu lado e olhando pela janela do carro, a rua passa em borrões coloridos e nublado, parece que a chuva nos seguiu até aqui. Observo seus braços tensionarem e vejo a mochila em seu colo ser apertada em seus braços, pressionando contra o corpo como se quisesse se fundir e proteger do perigo. Suspiro, já sei que ela está pensando em Vinicius.

Estico a mão e seguro em um aperto, ela me observa com olhar muído, parecendo sentir dor só em respirar e sinto meu coração doer, odeio o Eduardo a cada dia mais! Quero tanta levar conforto para se coração, passar um pouco segurança; puxo sua mão até meu rosto beijo a palma da mão delicada. Dália pisca afastando um pouco das nuvens que cobriam seus olhos, sorrio.

— Estou aqui! — Afirmo e sinto seus dedos passarem de leve em meu rosto, como se estivesse concordando. — Sempre vou estar, Lia!

— Estou com medo. — Sussurra apertando minha mão. — Estou tentando ser forte, mas não consigo conter meus pensamentos, Christopher! 

— Logo você vai poder abraçar nosso menino! — Digo vendo as lágrimas transbordarem, é como se a barragem tivessem estourado! Sei que não estamos na melhor circunstância, mas ela está chorando tanto ultimamente, chorando como nunca vi antes e isso me assusta!

— Sim, o nosso filho! — Exclama convicta e se joga em meu corpo, me abraçando apertado, até ouvirmos o pigarreio.

— Então. — Começa assim que viramos para ele. — Ainda preciso passar na delegacia dessa região, confirmar o caso, repassar o plano de ação e validar os agentes que vão conosco até o local! — Alfredo comunica do banco da frente com seriedade e logo nos assustamos com a explosão de Dália.

— Ferreira! Não precisamos disso, não! — Exclama se apoiando no banco da frente e encarando o homem. — Você só precisa levar a sua arma, algumas munições e ter uma boa mira!

— Não é assim que funciona, senhora...! — Ferreira reafirma e abro minha porta, já estamos dentro do estacionamento do hotel, seguro o braço de Dália, quero sair daqui antes que ela bata no oficial e nós sejamos presos.

— Vem amor, a gente espera no quarto. — Chamo e sinto ela tremer mas me seguir, respiro aliviado, até ouvir ela murmurar pouco antes de fechar a porta do carro.

— Policial banana! — Exclama e vejo o rosto de Ferreira distorcer, ele abre a boca para responder e abro um sorriso amarelo tentando mediar. — Pamonha!

Arregalo os olhos e vejo ela andar até o elevador a passos firmes, ainda meio chocado pela explosão repentina, me despeço do detetive que é realmente um frouxo, me desculpando e pedindo para ele ignorar e manter contato e nos deixar a par da situação. Entro no elevador com minha esposa raivosa.

— Professora? — Chamo segurando a risada, ela me olha ainda meio contrariada. — Precisa se acalmar, e se ele te prende por desacato? Vai ser pior para o resgate de Vinicius.

— Desculpe! Sei que me exaltei mas ele é ridículo! — Bate o pé ainda revoltada. — Ele podia ter vindo na frente e já ter resolvido toda essa burocracia! A cada minuto que passa, o meu Vinicius corre mais perigo, ele parece um mongo! É uma vida em risco e eles está mais relaxado que tudo! — Suas mãos bagunçam o cabelo e aceno, o descaso é tanto que qualquer um com noção se revoltaria,  mas é melhor que não seja Dália, não temos tempo a perder para eu ter que entrar com uma ação para tirar ela de trás das grades.

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