CAPÍTULO 35

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Dália Menezes


Christopher segura em meus braços e se levanta, minhas pernas parecem gelatinas e se embolam uma na outra de uma forma que preciso me segurar em seus antebraços, as lágrimas descem feito cascata por meu rosto e se a maquiagem que usei mais cedo não for a prova d'água, devo estar parecendo um palhaço assassino.

— Gatinha... — Levanta a mão e seca algumas lágrimas inutilmente. — Calma, okay? Me conta o que aconteceu, amor.

— Christopher, precisamos ir embora! — Exclamo e respiro fundo, passando os dedos pelo rosto bruscamente, a voz de Eduardo fica ressoando em minha cabeça, dizendo que vai resolver tudo, meu coração volta a bater descompassado e então abaixo a cabeça e murmuro sofregamente. — Por favor, Christopher... Por favor! Só vamos logo!! — Pego sua mão e me viro pra ir embora, olho para a mesa e vejo nossos novos amigos. — Sinto muito, gente. Vou manter contato, prometo, mas agora, preciso ver meus filhos. — Eles acenam e puxo minha mão ainda presa na de Chris, tento andar e não consigo, olho de volta para meu marido e ele solta minha mão. — Christopher?

— Vai indo, Lia. — Murmura calmo, como ele pode estar calmo? Meu humor muda de desespero para raiva, franzo as sobrancelhas. — Vai pegando o carro que eu vou pagar nossa conta.

— Tudo bem, não demora. — Já mais calma, me viro e pego minha bolsa na cadeira, me abaixo e beijo o rosto dos quatro rapidamente. — Tchauzinho.

Começo a andar e ainda posso ouvir ele se despedir e descer a escada do outro lado, em direção ao caixa. Desço os degraus me equilibrando nos sapatos e na vertigem que está começando a me atingir, chego na calçada e peço ao homem que recebeu o nosso carro alugado e ele se retira, acredito que para buscá-lo. Demora uns minutos e a vertigem parece estar ficando mais forte, quando sinto que vou cair e estico o braço para me apoiar na parede e sinto um braço passar por minha cintura, dou um pulo assustada e olho para o lado.

— O que foi? — Christopher questiona com o semblante preocupado, as sobrancelhas franzidas.

— Estou sentindo uma tontura. — Murmuro fechando os olhos e apoiando as mãos em seus braços.

— Deve ser por conta do susto, é o nervoso. — Ele começa e aceno respirando fundo. — Me conta. O que aconteceu, Dália?

— O Eduardo me ligou. — Murmuro agoniada, sinto-me arrepiar o corpo todo, o medo volta com tudo e não consigo parar de pensar nas crianças, uma lágrima desce de cada olho.

— Tá, e o que ele disse? — Pergunta secando meu rosto mais uma vez, os dedos grandes passando com suavidade por minhas bochechas, fungo.

— Ele sabe que nos casamos e está totalmente perturbado! — Seguro firme nas mangas de sua camisa e amasso entre meus dedos, me sinto impotente. — Me chamou de babá, como a muito tempo não chamava e disse que vamos nos ver em breve... Estou com medo! Com muito medo mesmo, e se ele fizer alguma coisa com as crianças? Não estamos lá e... — Solto o ar pela boca e ergo os olhos encarando os seus escuros e que sempre me dão força, então, pela primeira vez desde que a ligação foi encerrada, eu sinto raiva. — E eu estou com tanta raiva, quero bater tanto naquele infeliz, ele não nos deixa em paz! 

— Tudo bem, vamos tentar manter a calma. — Diz tentando me tranquilizar passando a mão em meus cabelos. — Não tem como ele estar em São Paulo, o Matheus não me ligou ou me avisou de alguma decisão precipitada de Eduardo. — Christopher explica e sinto a raiva tentar se multiplicar dentro do meu amago.

— Tá, Christopher! — Exclamo já de saco cheio, isso não me importa! — Mas não estou nem ai! — Explodo, quem liga para esse tal de Matheus, ele não me é garantia de nada! — Eu já te disse, estou indo embora, se você quiser ficar, fique à vontade. Mas eu não vou ficar parada enquanto eu sei que aquele doido pode ir atrás dos meus filhos. — Exclamo fora de mim, me afastando de seu corpo recuando alguns passos. — Ele já tinha me dito que era eu e as crianças, sozinhas desde o começo, não sei o que eu fui inventar... — Começo a resmungar comigo mesma e subo meus dedos até meu cabelo, meu coração bate desesperado, minhas emoções estão fora do meu controle. Sinto as mãos de Christopher segurar meus braços e coloco mais resistência, não vou ficar se é isso que ele quer e...

A Babá Fantástica |REVISADO|Onde histórias criam vida. Descubra agora