CAPÍTULO 7

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Dália Menezes

Estou desesperada!

Tem quase meia hora em que estou procurando Bolhota; minha gata tem pavor de andar naquelas caixas de viagem, desde que a levei para operar, agora tudo pra ela é ir no veterinário e sair com ela agora é só na base da ameaça! Sem contar que, parece ter juntado o fato dela ter odiado a ideia de se mudar e como passa a maior parte do tempo aqui em casa, conhece os melhores cantos para se esconder!

Tudo começou hoje de manhã e culpo todo e somente o telefone! Estava aproveitando que Bolhota estava dormindo na varanda e peguei a caixa de viagens em cima do guarda roupa, meu plano era pegá-la desprevenida, não deu certo! No momento em que coloquei a caixa na cama, o telefone começou a tocar e fui atender deixando a caixa pra trás. Bolhota acordou com o toque constante e insistente, foi para o quarto e quando se deparou com seu pior pesadelo, saiu em disparada pela casa miando como se estive com dor.

— Vamos lá gordinha, apareça! — Chamo olhando dentro do banheiro. — Bolhota, meu amor colabore com a mamãe, sim? — E então eu vejo, um rabo felpudo atrás da privada. — Achei...! — Sussurro sorrindo.

Começo a andar devagar, para que Bolhota não perceba que eu a encontrei. Contudo, meu nível de azar está no pique hoje e acabo tropeçando na vassoura que cai fazendo um estardalhaço. Enquanto volto a me equilibrar, eu vejo quase em câmera lenta, minha gata passar correndo pela porta!

— Ai que saco! De novo não, senhor! — Exclamo choramingando olhando para o teto com as mãos erguidas. Por fim, suspiro e caminho até o quarto, pego meu celular no bolso e vejo a hora. Quase na hora do tal motorista chegar! — Merda! Bolhota! Apareça agora! Vou te deixar aqui! —  Grito nervosa e logo que digo a última frase me arrependo, não a deixaria, nunca!

A minha procura ainda se desenrolou por longos dez minutos, já que agora ela pode estar escondida em todos os outros possíveis lugares em que eu já tinha procurado! Foi quando eu olhei para a porta da sala, na esperança de Bolhota estar ali me esperando, que eu lembrei da minha arma secreta! Pois, se existe uma maneira dessa gata sair de seu esconderijo essa maneira se chama, Jaqueline!

Largo a almofada do sofá e sigo para fora de casa, já no corredor eu paro em frente a porta ao lado e aperto a campainha duas vezes seguida. Jaqueline é a minha amiga/vizinha e se tem alguém, além de mim, que confie nela é a Bolhota! Jaque acolheu nós duas quando nos mudamos e meu amor por ela é recíproco e refletido em Bolhota também, mesmo que eu desconfie seriamente das latas de sardinhas que minha gata deve ganhar quando se esconde.

— Meu Deus, bichinha! Para que esse avexo todo? — Ela sai toda descabelada e começa a falar com seu sotaque cearense. Pois é, Jaque se mudou para São Paulo ainda grávida de uma menininha, depois que seu marido a abandonou. Ela para de falar quando me vê, também, descabelada.  — Bolhota se escondeu de novo, não é?

— Para falar a verdade? Sim! Ela sumiu de novo! E estou muito atrasada! — Murmuro chorosa, fazendo bico. — Me ajuda rapidinho, sim, Jaque?

— Vamos logo com isso que eu preciso voltar a dormir. — Ela diz saindo e arrumando os cachos negros em um coque frouxo. Sinto uma leve culpa por acordá-la, Jaqueline é enfermeira e precisa dormir, mas, em minha defesa, estou desesperada! — Eu pensei que você sairia mais tarde e não de madrugada! Vão te escravizar nesse novo emprego? — Ela resmunga já indo pegar Bolhota e eu me sento no sofá.

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