CAPÍTULO 28

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Dália Menezes


— Alexa…? Alexa! — Murmura depois de ler e então confirma e ergue o olhar tranquilo me questionando. — Alexa. A conhece, Menezes?

Caramba! Cacete! Como assim? Por que raios, Fernando despertou depois de dez anos em coma e a primeira coisa que fala é o nome da ex de Eduardo? Ah, pelo amor de Deus, isso não é normal! Solto um suspiro, tem algo nessa história que é muito mal contada.

Esses dois me irritam demais! Eduardo e Fernando só me dão dor de cabeça! Massageio minha têmpora.

— E então? Você a conhece, Dália? — Camargo pergunta de novo, olho pra ele séria.

— Não. — Minto descaradamente, não tenho porque contar toda uma história, e que eu nem sei inteira, para esse médico chato. — Posso vê-lo?

— Pode. — Acena com a cabeça ainda me encarando desconfiado, faço minha maior cara de paisagem, ele não é meus filhos que captam a mentira no ar. —  Está no mesmo quarto de sempre. — Explica rapidamente e volta sua atenção para seus papéis.

Vejo isso como terminado a nossa conversa e saio da sala caminhando lentamente para as escadas, quero colocar os pensamentos em ordem e o quarto dele fica dois andares acima, empurro a porta da escadas e começo a subir os degraus no automático, pensando na minha vida tão complicada. Caramba, onde fui me meter? É tudo tão complicado e agora mais essa, em minha cabeça começa a construir e desconstruir teorias e suposições do que pode realmente ter acontecido naquele hotel, naquele dia tão estranho. Paro em um momento no degrau da escada e olho através do vidro, acho que vai chover, vejo um carro de polícia passar lá embaixo na avenida e penso que se nem a polícia conseguiu desvendar todo esse mistério por trás dessa tentativa de homicídio, quem dirá que eu vá conseguir descobrir quem foi a ruiva que atacou Fernando. Volto a andar e subir as escadas.

Espera um segundo! Ruiva! Uma ruiva, pelo amor de Deus! Alexa! Puta que pariu! Como nunca pensei nisso? A Alexa é ruiva e por que mais, Fernando falaria o nome dela se não fosse porque ela o atacou? Não, mas não tem como uma coisa dessa, é impossível! Ela está morta, Fernando mesmo que me disse, poxa vida!

Ah não ser, que ele tenha mentido! Acabo pensando de repente e parando novamente, arregalo os olhos e apoio no corrimão de madeira, sinto meu corpo gelar pela ideia. Balanço a cabeça desconsiderando essa opção, Fernando não mentiria pra mim, não tem motivo para ele ter mentido, tem? Prefiro acreditar que não e até que se prove o contrário, é no Fernando que eu vou acreditar. Abro a porta do andar em que fica o quarto de Fernando.

— Pare de pensar nisso! — Murmuro sozinha para minha consciência completamente bagunçada e confusa, olho para o lado quando sinto uma pessoa parar abruptamente, vejo um senhor me encarando assustado e desconfiado, abro um sorriso envergonhada. — Desculpe, estava falando sozinha. — Acho que de nada adiantou eu me explicar, porque o senhor agora me encara com uma carranca e só acena me dando um olhar depreciativo.

O homem passa por mim se apoiando em sua bengala e ainda escuto ele murmurar:

— Esses jovens de hoje…

Nego num aceno e reviro os olhos, depois as pessoas falam de empatia, o senhor nem falou comigo, nem perguntou se eu estava bem pra já ir me julgando. Chego em frente ao quarto de Fernando e abro a porta, passando pela soleira e encostando a porta atrás de mim, meus olhos batem primeiro em Lucy, a enfermeira que sempre faz turno de manhã há quase sete anos, porém estranho imediatamente sua presença, ergo o braço e olho no relógio em meu pulso, quase uma e meia, já era para ela ter ido embora e eu estar na empresa. Lucy está sorrindo me olhando quando ergo a cabeça e a vejo checando a pressão de Fernando.

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