CAPÍTULO 21

3.3K 266 45
                                    

Dália Menezes


— Então? — Vinicius insiste percebendo que estou alheia a tudo ao meu redor, respiro bem fundo, puxo as barras da calça e me sento na sua frente, a hora da conversa chegou e sobrou para mim explicar ao garoto a loucura que seus pais fizeram de sua vida e da irmã que ele nem conhece mas sonha em ter. Que droga!  — Quem é Julia? — Pergunta de novo e pego uma foto recente de Julia.

— Dália! — Christopher senta ao meu lado e me chama tão sério quanto Vinicius, caramba, não contei nem para ele sobre Julia. — Para de enrolar e nós conte logo esse segredo! — Olho para a caixa que Vinicius tem nas mãos, franzo a testa reconhecendo essa caixa do dia que pulei da janela.                

— Onde você conseguiu essa caixa? — Aponto para a caixa, ele me olha confuso e sem paciência.

— Bateram na porta, eu abri, o homem me entregou e vi várias fotos e essa etiqueta com esse nome, Julia. — Me aponta a caixa e parece achar mais alguma coisa e me mostra. — Olha só, uma carta. Com meu nome. Lê pra mim?

Quando olho para sua mão e vejo o envelope que ele me estende, sinto um calafrio me percorrer a espinha, é a carta, a caixa e as coisas de Eduardo, gelo na hora e acabo soltando um "puta que pariu!"

— Não vou ler nada! E nem você! Nem ouse, ouviu Vinicius? — Pego a carta de sua mão me desesperando por um instante, coloco as fotos de volta na caixa, junto com a maldita carta, tendo a total certeza que quem mandou essas porcarias foi o Eduardo. — Preciso fazer uma ligação, já volto. — Digo levantando e deixando os dois pra trás, vou até a escada e subo os degraus de dois em dois, entro em meu quarto, deixo a caixa em cima da cama e pego meu celular, procuro o número de Fernando, chama, chama e chama mas ele não atende.       
      
— Que ódio! — Exclamo nervosa, meu Deus! Se por acaso Vini lesse essa carta, não teria viagem alguma que lhe deixaria feliz novamente. — Vou te matar, Fernando! Por que raios tem o telefone se nunca atende? — Ele tinha me prometido que ficando aqui no México, estávamos seguros e olhe agora, Eduardo já nos achou! E de quebra achou minha família!               

Observo a caixa em cima da cama, chega me dá calafrios descobrir o que ele está tramando para nós. Ignoro minha angústia e abro novamente a caixa, vejo as fotos de Julia, a carta direcionada a Vinicius e uma outra carta, mais no fundo, pego o envelope e vejo meu nome meio rabiscado.

— O que você quer, agora Eduardo? — Sussurro temerosa, pego a carta sentindo meu coração bater mais acelerado, engulo em seco e começo a ler.       

"Dália,

Faz umas boas semanas que não nós vemos, não é mesmo? Sentiu minha falta? Eu espero que sim, benzinho!   

Bom, como você deve ter percebido com sua imensa curiosidade e senso de fofoca, eu gosto de escrever cartas, cartas essa onde eu desabafo e escrevo o que eu bem entender. Então se sinta privilegiada, afinal de contas está lendo uma autêntica carta de Eduardo Magalhães! Pode sorrir, eu sei que você ama sorrir e parabéns! Parece até uma boba alegre!

Contudo, voltando ao assunto inicial desta carta, escrevo para lhe informar que estou partindo, mas não, calma querida, não se livrou da minha ilustre pessoa, não vou morrer ou coisa parecida, só estou dando um tempo de tudo isso e no mesmo instante, te dando um espaço para você pensar melhor, portanto, sinta minha falta e minha presença em todo o período, Menezes!

Eu tinha um plano, te matar! Mas você ganhou o meu respeito, graças a sua invasão em minha casa, nossa magnânima luta, seu espetáculo acrobático em salto em queda livre pela janela! Tenho que deixar os meus sinceros cumprimentos, fiquei realmente impressionado e foi com isso que mudei de ideia!

A Babá Fantástica |REVISADO|Onde histórias criam vida. Descubra agora