CAPÍTULO 30

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Eduardo Magalhães


É como se tivesse alguém me vigiando, eu sinto, tenho quase certeza que tem alguém me observando e se eu estiver certo, nossa, coitado desse infeliz!

Estão te traindo. Fecho os olhos quando escuto o sussurro vir de longe, ele nunca me deixa em paz.

— Eu já sei! — Exclamo entredentes, minha cabeça está doendo, porque nesse último ano os olhos em cima de mim estão me irritando, a sensação de estar sendo observado não passa nunca, só que eu ainda não achei esse maldito traidor.

Tudo começou quando sofri um atentado de um fazendeiro descontrolado. Ninguém deve estar entendendo, mas, é simples de explicar o porquê tinha um fazendeiro tentando me matar, ou até, onde que eu estou e o que eu fiz pra o tal homem querer acabar comigo. O negócio é o seguinte, estou morando num casebre mofado e sem espaço nem pra respirar no Acre, bem na extremidade oeste do Brasil, estou perto da fronteira com a Bolívia em Brasiléia; cheguei em uma das fazendas, nessa era cheia de bois e pedi, até então, educadamente, se o dono, Silvio Leão, poderia me emprestar ou alugar umas armas, revólveres, carabinas, espingardas, qualquer coisa para que eu pudesse me defender de algum possível risco ou enrascada, porque a minha pistola não era suficiente.

Contudo, Leão teve a pachorra de me olhar nos olhos e sorrir feito um completo imbecil, e negar. Então eu agradeci, sorrindo educadamente e me despedi, me virei e fui pra meu casebre, peguei minha única arma e esperei que ele saísse pra levar todo o seu gado pra beber água no rio aqui perto, entrei na casa dele, peguei tudo que tinha pra pegar e voltei pra casa. Na mesma noite, ele apareceu feito um verdadeiro leão louco, batendo em minha porta a base de xingamentos e insultos, logo que eu tive que matar ele, foi até bem fácil e assim, tão rápido como começou joguei o corpo dele no rio.

O outro Eduardo dentro de mim, concordou é claro, pra ele o argumento que me deu foi, fez muito bem, vai entender esse povo selvagem, são imprevisíveis! Só que no fim, os outros vizinhos fazendeiros descobriram da morte do companheiro, endoidaram com tochas e armas pela floresta, feitos selvagens de verdade, à procura do cruel assassino, palavras como essas eram gritadas de cima abaixo por todo lado, mas eu tenho uma boa lábia, me expliquei e argumentei diversas vezes, até convencer os tolos que eu era inocente e que estava muito assustado com todo aquele ocorrido.

Me deixaram em paz, só que para me prevenir eu voltei sorrateiramente para São Paulo, contratei dois seguranças e dois dias depois, voltei para o Acre e como estava imaginando, um dos vizinhos estava a minha procura, tentou me matar na calada da noite e fui salvo por meus seguranças, depois disso eu me escondi enquanto eles ficavam guardando minha segurança, após uns meses a confiança foi crescendo e comecei a informar meus passos pra eles. Esse foi o meu erro.

Decidi que não foi uma boa ideia, desconfio que o traidor que me observa é o Matheus, o fato dele ser fechado nem é o real motivo de minha desconfiança, porque eu não sou nem uma flor desabrochada, só que as vezes, eu o vejo sussurrando no telefone e pra alguém todo centrado, já vi ele fazendo muitas perguntas pro meu outro segurança, Adolfo, então ele esconde algo e por isso estou há duas semanas vigiando seus passos, e descobri várias coisas, uma é que o Matheus faz uma ligação a cada dois dias, outra que é sempre para a mesma pessoa e no mesmo lugar! Coitado, chega até ser engraçado como pode ser tão desorientado, incapaz pra fazer esse papel de detetive ou investigador, não deve nunca ter feito algo assim, muito inexperiente! Imaginaram que eu não ia descobrir esse plano todo, mas em poucas semanas já sei do traidor e agora só me falta saber para quem é que Matheus liga, deve ser o mandante, já que se falam para atualizá-lo sobre a minha linda pessoa.

Esse ridículo nem ao menos disfarça, vou acabar com a vida dele! Se metendo na minha vida, tentando me enganar, pois mexeram com a pessoa errada!

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