CAPÍTULO 25

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Christopher Gutiérrez

Dez anos e sete meses depois…


A filha da vizinha que um dia nós espiou agora passa correndo por mim, ergo os braços com a forma do bolo e me equilibro antes que vá tudo pro chão, depois de abaixar as mãos ando até a mesa bem arrumada por Julia e Mónica, as duas passaram boa parte da manhã se empenhando nas mesas espalhadas pelo jardim, e eu espero que não chova, seria trágico para a minha menina. Estão todos ao redor da maior mesa arrumada aqui de fora.

Julia assim como Vinicius cresceram, estão mudados. Vinicius sempre foi uma criança esperta e agora é além de esperto, um adolescente bem observador, bonito e benevolente, seu maior amor é Dália, seu carinho é distribuído entre a mãe e a irmã; Julia é o meu maior tesouro, ganhei uma filha dentro desses dez anos, um filho também, mas Vinicius ainda não me vê como um pai mesmo que é o que esteja sendo por eles todos esses tempos. Julia se desenvolveu com maestria depois que teve alta, comunicativa, inteligente, enérgica para o desespero de Dália, Julia é bem hiperativa, desenvolveu TDAH, por tanto tempo inerte as coisas ao seu redor, mas isso não chega a ser um problema, o amor de Dália, de Vinicius e me atrevo a dizer, o meu amor por ela, por eles, sempre a ajudará.

O Vinicius, se tornou um irmão ciumento e protetor, a irmã é tudo pra ele, proteção tornou-se sua palavra favorita desde que Julia acordou do coma, é como eu costumo brincar; Hoje em dia, ele faz parte do clube de ciências da escola, não tinha dúvidas que essa seria a primeira coisa que ele faria quando tivesse que escolher algum hobby.

Já a Julia foi adotada por Bolhota, mesmo estando mais velhinha é como se fosse ela sua dona desde o começo, só esperando pela menina e Julia, é uma menina saudável, seus anos em coma parecem ter a deixado com mais energia do que o comum, quem a vê e não a conhece, nunca imaginaria seu passado, que ela passou por todo aquele transtorno. Julia faz ginástica rítmica, contra a vontade de todos, já que o médico desde sempre diz para não fazer esforço, um exercício é bom, é ótimo! Contudo a Julia extrapola e como a teimosia é de família, ela não escuta e isso pode prejudicar, esperamos que nunca aconteça nada mas por ela e sua inquietude nunca vão se abalar.  

Dália é uma boa mãe como já era esperado e além de cuidar muito bem de seus filhos, se tornou uma excelente empresária, claro que eu ajudei, só que ela e toda sua persistência é quem merece glórias. Com o passar dos anos ela ficou sem tempo de pintar o cabelo de várias e várias cores, por isso aderiu as básicas, palavra dela, luzes.

Eduardo descobriu onde estavam morando, assim como também descobriu da limpa que Dália fez em sua casa, contra a minha vontade é claro, e então voltou a ameaçar os três e após algumas idas e vindas de estranhezas e desconfianças, Dália descobriu que Ricardo era quem estava a seguindo e contando seus passos a Eduardo, só que o Ricardo era e é inofensivo e todo seu trabalho provisório de espião foi por água abaixo quando Dália foi na delegacia da mulher e pediu uma medida protetiva, alegando que ele era perigoso e com umas ligações minha, tudo ficou em seu lugar. Jaqueline e Millena que devem ter dado graças a Deus por se livrarem dele.  

Alguns meses atrás, Dália e as crianças se mudaram, a casa já era pequena demais para eles, Eduardo não desencanava e a cada três meses ele manda um assombro diferente para provar e lembrar de que ele está sempre à espreita, de olho em cada passo que damos! Na última gracinha ele mandou uma foto de Fernando ainda inconsciente na cama de hospital sendo ameaçado por um enfermeiro. O que é uma tremenda chatisse, não aguento mais ter que esperar esse cara despertar feito a Bela adormecida, é como se ele não quisesse acordar! Já faz dez anos que está em coma e Dália não consegue seguir em frente, é como se deve algo a ele,  é desesperador da minha parte, nossa relação está na base de beijos roubados, abraços, carinhos, companhia, amparo, desejo… Eu só desejo que Fernando acorde de uma vez!

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