CAPÍTULO 37

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Dália Menezes


— Conta pra mim. — Viro o rosto para Christopher quando ele sussurra, estamos no nosso quarto, ele sentado em uma das cadeiras da varanda e eu em seu colo, eu acabei de sair do banho e estou só o caco, não sei se ainda tem mais lágrimas para sair de mim, daqui a pouco vou ficar desidratada.

— Contar o que, Chris? — Pergunto com a voz rouca por ter chorado, faço um carinho em seu rosto e isso é o mais perto que estive dele nos últimos quase doze dias, Christopher me dá apoio e tudo que venho precisando, me entende, me ama e só tenho a agradecer e amá-lo mais a cada dia. Aproveito que estamos juntinhos e o abraço com o resto das minhas forças, ele retribui e eu só consigo pensar no meu Vinicius, sozinho em um lugar escuro onde não posso abraçá-lo.

— Por que você passou mal? — Pergunta e eu o encaro como se fosse óbvio. — Vou reformular então, o que sua mãe te disse?

Depois de entender aonde ele quer chegar com esse questionamento, encaixo o rosto na curva de seu pescoço sentindo seu perfume, paro em um minuto pensativa, lembrando do que minha mãe me disse. “Minha filha, acho que você está grávida. Vou ganhar mais um netinho?!” Na hora o cookie que eu estava degustando emocionalmente, ficou amargo, tão ruim quando você machuca a boca e sente o gosto meio enferrujado do sangue; assim que engoli, nem mesmo passou pela garganta e o meu estômago revirou, a sensação é horrível! Eu corri o mais rápido possível para o banheiro e vomitei tudo que comi, o que não comi e suspeito que algum órgão meu foi junto! Devo ter juntado tudo, a preocupação, raiva, incapacidade, tristeza e outros sentimentos ruins que venho sentindo; no fim, foi tão ruim que quase perco os sentidos!

— Não é nada... — Tento desconversar inutilmente.

— Ah sim! E eu sou o Gato de botas! — Debocha e quando vou me levantar de seu colo para evitar esse assunto, ele aperta minha cintura. — Me poupe né, Dália! Fale a verdade ou eu descubro sozinho!!

Pronto! Mais essa! Eu já estou me sentindo pressionada e sufocada o bastante para ter que criar esperanças  e preocupações à mais em cima de mim e Christopher. Vou ficar ainda mais preocupada e ele ainda mais paranoico!

— Vai Dália, me responde! — Vira o meu rosto para que o encare, ele olha profundamente em meus olhos, é ao mesmo tempo temeroso e apaixonante, amo os olhos sinceros dele. — Caramba, sempre contamos as coisas um ao outro, agora que oficializamos nosso relacionamento, vai mudar? Não existe mais a mesma confiança? A compreensão para as horas boas ou ruins?

Perco a paciência. Eu queria ter ao menos uma certeza, para poder ao menos fazer uma surpresa, ou sei lá. Porque, sendo uma boa hora ou não, me animei com a ideia de ter outro filho. Poder ter a experiência de ver minha barriga crescendo e todas as outras coisas. Mas não queria que Christopher descobrisse agora, ele vai ficar mais colado que o normal. Sem contar que essa não é a hora nem o momento, meu filho mais velho foi sequestrado e eu não tenho a menor ideia de onde o desgraçado do Eduardo levou meu filho. Suspiro cansada e resolvo omitir por hora.

— Ela disse que tem medo de Vinicius não voltar. — Minha mãe não falou realmente isso, na verdade ela disse totalmente o contrário, para eu ter esperança que logo tudo vai se resolver. Porém isso que falei à Christopher, é o medo que sinto no meu interior, bem lá no fundo eu tenho medo de Eduardo sumir com Vinicius e eu nunca mais o ver, afinal ele ainda não deu notícia e sumir é o que ele faz de melhor.

Meu marido me abraça passando tranquilidade e energia, beija meus cabelos fazendo uma massagem gostosa em minhas costas.

— Dália querida, pare de tentar me enganar. — Suspira pesadamente. — Eu sei muito bem que esse é o seu medo, não o de Mônica.

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