Prólogo

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Aquela manhã começara com o telefone tocando. No primeiro momento, a mente cansada de Dean não o permitiu abrir os olhos e atender, mas o som repetitivo e incessante vindo do criado-mudo não poderia ser ignorado, logo, a contra gosto, ele estendeu um dos braços, agarrou o celular, observando no visor o quão cedo era e então atendeu.

—É melhor que seja importante. - Disse, sem nem mesmo se preocupar em saber quem era.

— Me desculpe. - Começou a voz feminina do outro lado, hesitante - Você é Dean Winchester? - Pela voz, Dean imaginou que a pessoa em questão não poderia ter mais do que 15 anos.

— Sim, é ele. - Sentou-se na cama e começou a esfregar os olhos, esperando algum tempo antes que a pessoa do outro lado parecesse tomar coragem para falar.

— Eu soube que você e seu irmão tem conhecimento a respeito de... - Nesse momento houve outra pausa, uma tentativa de achar as palavras corretas – Coisas sobrenaturais, eu estou certa?

— Quem é você? - Dean estava intrigado, e meio irritado com a hesitação vinda do outro lado da conversa – Como você achou esse número.

— Senhor Winchester, meu nome é Eileen, você não faz ideia do que eu passei 'pra achar seu número, eu realmente preciso de ajuda e eu já não sei mais a quem recorrer. Se o senhor e seu irmão concordarem em me ajudar, por favor, me encontrem daqui dois dias em um estabelecimento chamado Kroog's Bar, eu vou ficar lá das sete até as dez da manhã. - E dito essa frase, o telefone foi desligado, deixando Dean com perguntas a meio caminho de serem feitas e uma carranca que ia muito além do mau humor.

Ele se levantou, chocado com a conversa tão vaga que acabara de ter. Dean não se lembrava de nenhuma Eileen, pelo menos não de uma com menos de 18 anos. Além disso, não fazia ideia de onde ficava esse Kroog's Bar. Sem saber muito bem o que pensar, ele foi até o banheiro, lavar o rosto e ver se conseguia terminar de acordar. Depois foi até a cozinha onde esperava que uma xícara bem cheia de café fosse clarear suas ideias.

No tempo em que ficou na bancada bebericando o café, encarando o mesmo ponto na parede, Sam havia acordado e entrara na cozinha, observando espantado o irmão, que carregava uma expressão duplamente cansada. Num primeiro minuto, nenhum dos dois falou nada, e Sam chegou a achar que o irmão estivesse dormindo de olhos abertos, e como Dean não parecia interessado em iniciar uma conversa, o mais novo começou:

— O que aconteceu? - Perguntou diretamente, vendo que o irmão levara um susto ao ouvir sua voz, como se realmente estivesse cochilando todo aquele tempo.

Mais uma vez, o Winchester mais velho levou os dedos aos olhos, desde que toda aquela história com a Escuridão começara, ele vinha tendo esses momentos de devaneio, e aquela conversa matinal parecera intensificar esse efeito. - Me ligaram hoje de manhã, uma garota. - Virou-se para encarar Sam – Ela disse que precisa da nossa ajuda, mas toda a conversa foi tão suspeita. Ela pediu pra que a gente fosse pra um tal de Kroog's Bar, caso a gente quisesse ajudar.

— Kroog's Bar? - Sam perguntou, ele também não parecia saber que lugar era aquele – Ela disse mais alguma coisa?

— Só o nome dela, Eileen. Desligou sem dizer mais do que isso.

— Você está pensando em descobrir que lugar é esse?

— A gente tem problemas maiores, você não acha Sammy? - O tom de voz que Dean usara fora algo entre a irritação e o sarcasmo, não é como se ele não se preocupasse, mas seu sexto sentido para problemas o estava alertando que talvez fosse melhor esquecer aquela conversa e seguir focando nas porcarias mais imediatas.

— Mas e se ela estiver com um problema grave?

— Não dá pra ser mais grave que o nosso.

Os irmãos se encararam em silencio por um tempo, mas logo Dean descobriu que não poderia argumentar com Sam, a cara de desaprovação do mais novo ante a falta de interesse do irmão já seriam mais do que suficientes para fazê-lo mudar de ideia, mas isso associado ao pequeno sermão sobre como eles não poderiam fazer nada agora, em relação a escuridão, ou a Cas, que parecia pronto para sair da boa de Sam, fizeram Dean levantar a bandeira branca da desistência.

—O.K., vamos descobrir onde fica esse bar, e falar com essa garota. Mas eu quero deixar bem claro que eu tenho um mal pressentimento. - Sam soltou uma risada baixa, observando Dean se levantar, indo em direção a porta – Sei lá cara, com tanta merda acontecendo, a gente precisa mesmo perseguir mais?

— Você consegue ouvir o que 'tá dizendo? - Sam perguntou, começando a ficar preocupado com a forte negativa do irmão - Logo você, pra quem toda caçada é um bom remédio?

— Só que dessa vez é diferente...

—Como?

Dean não respondeu, só deu de ombros, nem mesmo ele conseguia explicar aquele sentimento, mas ele não perderia mais tempo, se eles realmente iriam atrás da tal Eileen, então era melhor começar a pesquisar logo, e descobrir quais caminhos levariam até o Kroog's Bar.

O Livro de EileenOnde histórias criam vida. Descubra agora