Biblioteca, Sonhos e Achados

368 47 0
                                    

Mudaram a área de leitura para a mesa no centro da biblioteca do bunker, e ficaram lá durante todo o dia, até a madrugada. Eileen parecia exausta, constantemente esfregando os olhos ou bocejando, mas não dava nenhum sinal de querer abandonar a leitura, que até aquele momento se mostrara infrutífera. Nos livros sobre criaturas mágicas havia tudo, de unicórneos a ciclopes, mas nada sobre os Mitrahá, nenhuma pequena referência. Já havia passado das quatro horas da madrugada quando Dean se levantou, e disse que precisava arejar um pouco a cabeça.

— Eu não aguento mais olhar esses livros. Eu vou ver se acho uma loja aberta, e comprar alguma coisa pra comer. - Todos concordaram. Eileen mal havia notado a própria fome até aquele momento – O que você vai querer Eileen.

— Qualquer coisa com muito açúcar. - Ela disse, bocejando novamente – De preferência coberto de chocolate. - Dean assentiu, e logo deixou o bunker – Esse lugar é muito legal mesmo – Emendou – Você falou em homens das letras, quem eles eram?

Sam contou a história do seu avô, e quando terminou, depois de algumas considerações da parte de Eileen, eles caíram no silêncio novamente. Mas a garota não se conteve, e falou:

— Sam? - Chamou, hesitante, vendo o rapaz olhá-la – Posso perguntar o que está acontecendo com vocês? - Ela estava curiosa, era claro que eles tinham algo mais em mente, e que parecia sério, ela não queria se intrometer, mas não pode conter sua curiosidade.

— É complicado. - Sam disse, baixando o livro que tinha em mãos.

Novamente ela assentiu, não insistiria, não queria ser inconveniente com quem havia tão prontamente se disposto a ajudá-la, então guardou sua curiosidade por aquele momento, e resolver tentar continuar focada em sua leitura, por mais difícil que estivesse se tornando. Deixara seus óculos para trás, no apartamento que outrora dividia, logo ela constantemente tinha que apertar os olhos ou afastar um pouco o livro para que pudesse de fato lê-lo. Aliado a isso estava a inevitável frustração de não conseguir encontrar o que procurava, e por maior que a biblioteca parecesse, ela começava a desconfiar que não achariam nada nos livros, essa constatação fez Eileen soltar um longo suspiro cansado, que não passou despercebido por Sam.

— Você deveria ir dormir. - Falou, a expressão preocupada fez com que ela desse um sorriso mínimo.

— Não é tão simples. - Falou apenas, sentindo as pálpebras pesarem cada vez mais. Viu que Sam estava pronto para perguntar o por quê, então ela se adiantou – Por mais cansada que eu esteja, eu demoro muito a conseguir de fato dormir, e eu tenho tido esses sonhos.

— Que sonhos? - Sam pareceu ainda mais preocupado, ter sonhos estranhos nunca fora um sinal de bom presságio para ele e Dean.

— Como eu posso descrever? São sonhos borrados, literalmente. Como uma imagem bem pouco nítida, eu mal posso dizer o que está acontecendo, mas eu sinto essa aura perturbadora. Não são como pesadelos, mas também não são sonhos tranquilos.

— Há quanto tempo você vem tendo esses sonhos? - Sam se virou em direção a ela, os ombros começando a tencionar.

— Há um mês mais ou menos, eu posso dizer que eles começaram junto com o meu aniversário.

Sam considerou, pensando que para muitos seres sobrenaturais existia uma espécie de data especial em que os poderes começavam a aparecer, quem sabe 21 fosse uma idade de amadurecimento para os Mitrahá. Mas ele resolveu que não falaria sobre isso com ela, pelo menos não naquele momento, em que Eileen parecia não poder mais sustentar os próprios olhos abertos. Observou a garota, os olhos de coruja fundos, tristes, e se identificou com ela em vários aspectos.

— Você realmente deveria ir dormir. Com ou sem sonhos, você precisa descansar um pouco.

— Eu vou tentar. - Ela disse, Se levantando meio cambaleante, apertando os olhos por um segundo para logo abri-los – Onde eu vou dormir?

Sam a levou até um dos vários quartos no bunker. Eileen se instalou, desejou boa noite pontuado por um longo bocejo e viu Sam deixar o quarto, com uma expressão grave, por certo cheio de pensamentos fluindo, a cabeça dela era o mesmo, por mais cansada que se sentisse, seu cérebro parecia não estar disposto a colaborar com seu sono. Ela ainda permaneceu acordada por um longo tempo antes de ser arrastada para um sono de sonhos estranhados e formas borradas que ela não conseguia entender.

Nesse tempo que Eileen demorou para dormir, Dean havia voltado com duas sacolas pendendo dos antebraços. Numa delas havia uma bomba de chocolate e na outra dois cachorros quentes de mercado. Os irmãos resolveram continuar a procurar, passaram um bom tempo lendo os livros, e quando já estavam prontos para erguer a bandeira branca e ir dormir também. Dean tirou um dos arquivos de um dos antigos integrantes dos homens das letras e nele a palavra que eles vinham procurando apareceu.

—Finalmente! - Ele praticamente berrou, baixando o tom logo em seguida, ao se lembrar da garota que dormia ali perto – John Smith. - Ele entregou o arquivo para o irmão – Ele encontrou um pergaminho nos anos 70 que falava sobre os Mitrahá. A primeira referência, e a única também, que eles encontraram desse nome. O que você acha?

— Será que ele ainda está vivo?

Dean foi até uma grande gaveta de arquivos e procurou, logo arrancando uma pasta bege, a ficha de John Smith. Descobriram ali qual fora seu último endereço e um número de telefone.

— Não é muito longe daqui. A gente liga, e depois vai checar a casa, talvez ele ainda more lá. - Vamos dar um tempo pra Eileen dormir, e talvez a gente devesse fazer o mesmo.

— Ela me disse que está tendo sonhos estranhos.

— Isso nunca é bom.

— É, foi o que eu pensei, mas eu não queria falar pra ela.

— Que tipo de sonho? - Dean disse, ele o irmão já começando a ir para os quartos.

— Ela não soube descrever. - Sam parou em sua porta, finalmente começando a se sentir extremamente cansado.

— Amanhã nós conversamos mais sobre isso, e vamos até esse tal de John Smith e ver o que ele sabe.


O Livro de EileenOnde histórias criam vida. Descubra agora