O Lobisomem e a Bebedeira

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Eileen e Cas seguiam por um corredor escuro, Dean e Sam estavam do lado de fora de um pomposo hotel que há uma hora atrás fora atacado por um lobisomem. Era dia de formatura, logo todo o lugar estava decorado, balões voavam vazios para todos os lados, assim como faixas e confetes. Houve algumas baixas, quatro estudantes estavam mortos, os demais conseguiram fugir no calor do desespero. O grupo estava atrás daquele monstro há alguns dias, mas ele era um tipo rápido, não ficava muito tempo na mesma cidade, mas, por sorte, daquela vez eles pareciam ter chegado a tempo. Eileen insistiu que eles esperassem, e só ela e Castiel seguissem para dentro do hotel. E assim ela e o anjo seguiram atrás do lobisomem, mantendo contato com os irmãos que esperavam no impala.

— Alguma coisa? - A voz de Dean se fez ouvir, impaciente, já fazia dez minutos que ele não ouvia nada dos dois.

— Ainda não. - Castiel respondeu.

De repente, Eileen fez sinal para que o anjo se calasse, ela tinha ouvido alguma coisa. Não demorou para que Cas ouvisse também, um som ainda baixo mas discernível de alguma coisa sendo mastigada. O som nauseante de dentes quebrando ossos e cartilagem foi se tornando cada vez mais alto, a medida que os dois se aproximavam do fim do corredor. A última porta estava escancarada, e, lá dentro, um banho de sangue como Eileen jamais vira, ou veria igual. Do teto ao chão pedaços misturados de pele ensanguentada se grudavam ao concreto pintado. Embora lobisomens buscassem pelo coração, aquele ali não parecia disposto a desperdiçar muito. Envergado sobre a carcaça do que algum dia fora um homem, estava a besta. Todas as vítimas ao redor eram policiais, as fardas ainda pendiam do que sobrara dos corpos. Sem dar atenção aos novos espectadores a fera continuou seu banquete. Sem emitir qualquer som, Eileen ficou estática, apenas observando aquela cena grotesca.

— Que som é esse? - A voz de Dean, se possível ainda mais impaciente que antes, a acordou de seus devaneios, e pareceu alertar também o lobisomem, que virou sua cabeça em direção a eles.

— Hora do show. - Eileen disse, olhando em direção a Castiel, que apenas acenou levemente com a cabeça. Desde que voltaram daquela "viagem" a Londres, eles pularam de caçada em caçada, e sempre que Eileen precisava usar seus poderes, o anjo a acompanhava, caso ela precisasse ser curada.

A menina disse a palavra, e o fogo verde acendeu por suas mãos enluvadas, para, logo em seguida, adentrar o corpo do lobisomem. Foi uma batalha, ele era mais forte do que ela havia imaginado, tomando longos segundos de vitalidade da menina. Foi com esforço que ela absorveu a maldição, deixando que se misturasse ao seu próprio ser como uma doença para qual ela, e somente ela era imune. Assim que tudo terminou, Eileen foi amparada por Cas, que logo garantiu que ela estivesse de pé uma vez mais, livre dos efeitos da magia. Do outro lado da sala, cercado pelas vísceras dos policiais jazia o corpo nu de um homem. Aos poucos ele foi recobrando a consciência, olhando incerto para seus membros que eram, uma vez mais, humanos.

— O que... O que aconteceu? - Ele perguntou, mas logo seus olhos caíram sobre a paisagem caótica de restos de órgãos e pedaços de ossos, e sem mais uma palavra ele se virou, e vomitou.

— Vocês estão bem? - Sam perguntou, era estranho para eles serem apenas espectadores nas caçadas, mas dessa vez eles seriam de bem pouca utilidade, então não se esforçaram muito em contra-argumentar Eileen.

— Vocês já podem subir se quiserem, temos um cara aqui que vai precisar de um banho, e de algumas roupas. - Ela disse se aproximando do homem – Hei! - Começou, vendo que o rapaz, sobressaltado tentou se afastar – Está tudo bem. - Eileen conseguiu alcançar o braço do ex-lobisomem – Qual seu nome?

— To... Tomaz, meu nome é Tomaz. - Ele disse, observando com uma expressão de curiosidade a mão que pousara em seu braço.

— Certo Tomaz, vamos para o corredor. - Eileen ofereceu apoio para o rapaz, que hesitou por alguns segundos, antes de aceitar. Deixaram o quarto e Castiel fez questão de fechar a porta – Quando eles disseram que recém-transformados eram fortes, eu subestimei o tamanho dessa força – Eileen continuou, encostando o rapaz na parede e permitindo que ele escorregasse até o chão.

O Livro de EileenOnde histórias criam vida. Descubra agora