De Volta ao Bunker

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— Isso não faz o menor sentido. Eu sempre fui eu. - Ela pontuou as palavras apontando o dedo indicador para o próprio rosto, consternada – Embora isso já tenha passado pela minha cabeça, cada vez que eu penso sobre o assunto, mais absurdo ele parece. Quero dizer, como eu posso ser algum tipo de ser milenar se eu lembro da minha infância, da minha adolescência. Eu tenho pais, uma irmã... - Sua voz foi se alterando, e Sam achou que ela começaria a chorar, mas ela não o fez.

— Nós já vimos coisas bem mais estranhas, acredite.– Dean disse, começando a sentir algo parecido com pena pela garota – Mas o que nós queremos saber é, o que você espera que nós façamos?

— Descobrir por que esse livro falou comigo, e por que eu consigo entendê-lo, em primeiro lugar. Segundo, dependendo do que nós descobrirmos, eu quero que vocês me ajudem a me livrar dele.

— É justo. - Dean fez menção de pegar o livro, mas se deteve, como se o próprio volume o advertisse de não tocá-lo, e a garota, parecendo perceber a hesitação do rapaz, pegou o objeto em mãos e o estendeu até ele.

— Ele não morde. - Disse num sorriso nervoso— Não morde ainda. - Terminou fazendo um gesto para que ele pegasse o livro.

Dean o abriu, e nas primeiras páginas, assim como em todo o resto só achou figuras borradas que ele não conseguia nem acreditar serem letras, eram mais parecidos com desenhos manchados por água. Ele e Sam ficaram algum tempo em silêncio apenas observando e foleando, tentando encontrar algum símbolo mais nítido, algo pelo que começar, mas a cada página virada estavam apenas começando a fazer a cabeça de Dean doer.

— O que você está fazendo em um lugar desses? - Dean perguntou sem tirar os olhos do livro.

— Vagando por ai, tentando chegar o mais próximo de vocês que eu conseguisse. Esses últimos meses não tem sido muito fáceis, eu prefiro ir em estabelecimentos sem muito movimento, assim se acontecer alguma coisa estranha, a plateia é menor.

— Qual sua idade? - Dean continuou, ainda com o cenho franzido olhando em direção as páginas.

— Eu fiz 21 mês passado. - Disse, recebendo um olhar de pura surpresa - É eu sei, quer a minha identidade?

— Não, é só que...

— Eu pareço uma garota de 12 anos? Tem suas vantagens se quer saber, até hoje eu posso andar em parques de diversão sem parecer maluca, ou fingir que eu me perdi dos meus pais em bares e ganhar refrigerante de graça. - Sorriu, recebendo o sorriso dos dois em troca – Acharam alguma coisa útil?

— É difícil dizer, nós teríamos que voltar e pesquisar na biblioteca dos homens das letras. - Sam devolveu o livro para Eileen.

— Vocês não vão conseguir levar ele, vai acabar voltando pra mim. E eu já tentei bater foto, elas saem ininteligíveis, como se eu tivesse batido a foto enquanto corria.

— Só se... - Sam começou, olhando para o irmão, que já começava a negar com a cabeça - Vamos lá Dean, ela precisa de ajuda.

— No que você pensou? - Eileen perguntou.

Antes que Sam pudesse responder, Dean o puxou pelo braço, se afastando alguns metros:

— Você quer levar ela pro bunker? - Tentou sussurrar, mas não foi bem-sucedido.

— Por que não? Se ela for mesmo o que a história que ela contou sugere, ela pode nos ajudar em relação a Amara, você não acha? - Dean pareceu ponderar por alguns segundos, ele não gostava de levar estranhos para o bunker.

— O.K, mas se acontecer alguma coisa, isso foi 100% sua culpa. - Apontou para o rosto dele de forma incisiva, vendo Sam revirar os olhos.

Voltaram até a mesa e se sentaram novamente, observando os olhos de coruja de Eileen brilharem na expectativa do que eles estavam para dizer. Dean tinha ressalvas a respeito daquela decisão, mas não poderia negar que Sam tinha sua parcela de razão, talvez ela realmente pudesse vir a ajudá-los.

O Livro de EileenOnde histórias criam vida. Descubra agora