John Smith e o Novo Poder

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Por sorte, descobriram que John Smith ainda estava vivo, mas infelizmente mudara-se para longe, e depois de meio dia de viagem, eles finalmente haviam chegado. Acharam-no em casa, 90 anos da mais pura amabilidade, ainda ágil e sem apresentar nenhum sinal de falta de saúde. Os cumprimentou com um forte aperto de mão e os convidou para entrar assim que descobriu de quem os dois rapazes eram netos.

— Quem diria. - Disse, a mão pousada no ombro de Dean, parecendo orgulhoso da visão dos netos de seu amigo – Netos de Henry! - Sorrio, indicando que eles se sentassem no sofá da pequena sala – Como o tempo passou. Mas receio que a você, eu não conheça. - Dirigiu-se para Eileen.

— Meu nome é Eileen. - Ela disse, a voz um pouco mais baixa do que gostaria.

— Ela é o motivo da nossa visita. - Sam começou, adotando um olhar mais grave – Nós precisamos fazer algumas perguntas a respeito de algo que o senhor encontrou há muito tempo.

— Foram tantas coisas que nós encontramos. Você vai precisar ser mais específico.

— Nós queremos saber sobre os Mitrahá. - Dean falou, observando enquanto as expressões de John Smith se transformavam.

Num primeiro momento ele pareceu surpreso pela menção daquele nome, jamais esperava que algum dia fosse ouvi-lo ser dito por alguém além de seus antigos companheiros. Mas então ele começou a parecer intrigado, e um pouco assustado.

— Eu posso perguntar onde vocês ouviram tal nome? - Inclinou-se levemente para a frente, o olhar arguto encarando cada um dos presentes ali,

— Eu... - Eileen começou inserta, vacilando quanto ao que deveria dizer aquele senhor – Esse livro. - Virou-se e tirou o livro de capa aveludada da mochila – Ele fala sobre os Mitrahá.

— Posso? - O homem estendeu a mão, mas Eileen hesitou – Qual o problema?

— Não vai adiantar muito olhar o livro. - Dean disse.

— E por que? - Finalmente John conseguiu vencer a hesitação da menina e pegou o livro, abrindo-o. Viram enquanto o cenho do homem se franzia – Eu não consigo entender, em que língua isso foi escrito?

— Nós não sabemos em que língua foi escrito. – foi a vez de Sam falar – Só sabemos que a única que consegue ler esse livro, é a Eileen. - O homem mais velho a encarou com especial ênfase naquele momento.

— E o livro fala sobre os Mitrahá?

— Sim, e ele literalmente fala as vezes. - Eileen olhou para o livro, se sentia impaciente enquanto outro alguém o segurava.

— Ele fala? - Smith arregalou os olhos castanhos e entregou o livro de volta para ela – Ele está falando agora?

— Sim. - Nesse momento todos olharam para ela. Eileen não havia falado sobre isso para os rapazes – Ele começou quando a gente estava quase chegando, e eu achei que não valia a pena comentar até a gente, de fato, chegar. - Falou em tom de desculpa ante as caras de preocupação dos irmãos – Continua sendo a mesma palavra, ela não soa como nada que eu já tenha ouvido antes, mas eu sei que ela significa "lembre-se" - Por favor, eu não sei mais o que pensar aqui, você pode nos dizer o que sabe sobre os Mitrahá?

John Smith abriu a boca diversas vezes sem de fato falar qualquer coisa, apenas olhou incerto para o livro, esperando que dele fosse surgir algum horror apocalíptico. Mas quando viu que a menina o abraçava inconscientemente, ele resolveu começar seu relato.

— Eu e mais quatro de meus amigos fomos convidados certa vez a participar de uma missão em Jerusalém. Nós tínhamos como objetivo recuperar alguns documentos antigos, supostamente mágicos, e trazê-los até nossa base e conservá-los lá até que nós pudéssemos traduzi-los ou encontrar alguém que conseguisse. Foi uma operação muito perigosa, mas nós fomos alertados sobre os perigos de tais documentos acabarem se perdendo em meio a guerra. Mas nós prevalecemos, os papéis estavam escondidos sob um sigilo em meio a uma área deserta. Dentre tudo que nós conseguimos salvar, havia esse livro em especial, ele parecia muito, muito antigo, mas a encadernação e tudo mais não parecia ter sido feita na mesma época. Nenhum de nós conhecia a língua na qual ele fora escrito, eram símbolos que jamais havíamos visto antes. Até que um dia encontramos esse rapaz, Rupert, escondido em meio aos livros em uma biblioteca no interior. Um rapaz que me lembra muito você, Eileen, se me permite dizer, tinham os mesmos olhos, espertos, vivos, como se pudessem ler a mente dos outros. Ele conseguia ler o livro e até mesmo o traduziu para nós. Como posso resumir aquelas dez páginas... - John suspirou, olhando agora exclusivamente para Eileen – Uma história que eu só posso descrever como maluca, a respeito de cinco seres e como eles eram perfeitos em conjunto, cada um representando alguma coisa diferente, que juntas deveriam trazer equilíbrio para o universo e o cosmos. Eu nunca ouvira falar de tal história, nenhuma mitologia nunca fez menção a eles.

O Livro de EileenOnde histórias criam vida. Descubra agora