Crowley Faz Uma Visita

314 34 0
                                    

Após sete dias experimentando o mais profundo ócio, com as veias já não aguentando mais serem furadas repetidas vezes, para que fossem feito incontáveis exames, evitando a todo o custo o médico que até o último dia insistiu que ela estava mentindo, Eileen finalmente recebera alta. Mas apesar de todo o tempo deitada, da comida horrível e das noites mal dormidas por conta dos sonhos cada vez mais frequentes e nítidos, era Dean quem parecia mais feliz por ir embora. O rapaz não perdeu tempo ao empurrar a cadeira de rodas em que obrigaram Eileen a sentar, mesmo com todos os protestos e insistência de que ela poderia sim, andar até a porta. No fim das contas o doutor ficou sem sua resposta, e o pessoal da enfermaria que já estava em peso apaixonada por Dean, perdera seu ponto de contemplação.

— Eu juro pelo que você quiser – Começou Eileen, com um meio sorriso no rosto – Aquele enfermeiro nunca mais vai se recuperar da paixão dele por você. - O mais velho apenas sorria convencido. E foi nesse clima ameno que os dois esperaram por Sam vir buscá-los.

— Como você está? - O mais novo perguntou assim que pôs os olhos nela.

— Bem, faminta, querendo deitar numa cama e ouvir Sex Pistols até dormir. - Dean arqueou a sobrancelha surpreso ante aquela nova informação – O que foi, só porque eu não tenho cara de quem ouve punk, não quer dizer que eu de fato não ouça. Você achou o documento?

— Sim. Mas acho melhor conversarmos sobre isso quando a gente chegar. - Eileen não entendeu o motivo da seriedade de Sam, mas não contra argumentou. O mais novo a ajudou a entrar no carro e riu dos resmungos que ela soltou sobre "não a tratarem como um bebê".

A viagem de volta foi tranquila, o mais velho e Eileen contaram a Sam como passaram a última semana, e o mais novo se viu gargalhando pela primeira vez em muito tempo enquanto a menina contava a história do enfermeiro apaixonado. Para os irmãos, por todo aquele tempo que passaram acompanhando a melhora de Eileen, era quase com se os problemas anteriores houvessem sumido, pelo montante de dezessete dias não pensaram na Escuridão ou em Lúcifer, mas agora que o estado de preocupação se fora, o peso dos problemas começaria a voltar, e eles teriam, eventualmente, que contar tudo aquilo à garota.

— Bem, isso foi tudo que aconteceu, eu acho. - Eileen finalizou sua narrativa, e o carro caiu no silêncio, que só teria sido maior se não fosse pelo rádio, onde a música Dancing Days começava a tocar. Para a surpresa dos irmãos, Eileen começou a cantar baixo, seguindo a letra e dando leves batidas na própria perna acompanhando o ritmo. Logo, Dean também estava cantando, e não demorou muito para que Sam os acompanhasse. Logo os três cantavam alto, divertidos, aproveitando os últimos momentos de descompromissada tranquilidade antes que tudo voltasse ao normal.

— Quem diria que você gosta de Led Zeppelin. - Dean parecia quase orgulhoso de Eileen, e ela apenas sorriu.

Já era noite quando eles chegaram, e uma dúvida cruzou a mente de Sam:

— Eileen! - Começou, chamando a atenção da menina – Seus pais, você falou com eles antes de vir nos procurar.

— Sim, é claro que sim. Eu inventei que tinham me convidado para uma viagem acadêmica, e que eu ficaria fora por uns dois meses. Mas mesmo se eu não tivesse falado nada – E nesse momento ela suspirou cansada, enquanto entravam no bunker – Eles não eram lá muito ligados como pais. Não vou dizer que não me criaram direito, porque eles criaram, mas eles também nunca foram de ficar em cima e de querer saber tudo que eu e minha irmã fazíamos.

— Não seria melhor ligar pra eles? - O mais novo continuou, e sua expressão séria sugeria que ele não aceitaria um simples não.

A menina pegou seu celular e sumiu bunker a dentro, deixando os irmãos sozinhos na sala principal.

O Livro de EileenOnde histórias criam vida. Descubra agora