Estada no Hospital

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Eileen acordou confusa, sozinha, com raios de sol atravessando uma cortina ao seu lado e atingindo seus olhos de forma agressiva. Tentou erguer-se, mas logo se arrependeu, seu antebraço queimou de dor, ela, então, deu-se conta de que estava presa a uma bolsa de soro. Uma máquina bipava ao ritmo de seus batimentos cardíacos, e ao virar o rosto para o lado contrário ao do sol, observou que sobre um criado-mudo repousava seu livro, e ela momentaneamente teve certeza de que ninguém o trouxera até ali, ele tinha simplesmente aparecido, tinha vindo atrás dela.

As lembranças logo começaram a retornar. Mal podia acreditar no que fizera, embora não tivesse ficado consciente tempo o bastante para ver se nada mais além do galpão fora destruído. Ela conseguira direcionar o feitiço, pelo menos naquele instante, e isso já era suficiente para deixá-la tranquila, uma vez que agora ela se sentia mais segura de que não acabaria machucando os novos amigos sem querer. E foi enquanto pensava nisso que um deles apareceu, Sam adentrou o quarto de hospital, positivamente surpreso por vê-la acordada, logo atrás dele vinha Dean.

— Como você está se sentindo? - Perguntou, tomando um dos assentos de visitantes, olhando para ela com uma feliz intensidade.

— Bem. - Disse apenas, observando as caras de descrença de ambos – Tão bem quanto uma pessoa que tomou uma surra poderia se sentir, mas bem. Tirando talvez pelo meu estômago, parece que brincaram de pular corda com ele. - Os irmãos riram aliviados pela demonstração de humor, e ela também tentou rir, mas logo descobriu que isso fazia a dor piorar.

— Vai com calma ai, Murdock. - Dean falou, a preocupação de outrora amenizada. Por um momento enquanto a levavam até o hospital, ele realmente achou que ela não resistiria, mas no fim ele estava certo, a menina era mesmo durona.

— Quanto tempo eu estou aqui? - Perguntou, enquanto se ajeitava cuidadosamente para poder se sentar.

— Dez dias. - Sam falou, e a menina soltou um assobio.

— Dez dias? E vocês ficaram aqui o tempo todo? - Os dois acenaram que sim.

— Depois do que você fez pelo Sam, e por mim também, nem que nós tivéssemos que esperar um mês. - Aquelas palavras suavizaram as caretas de dor de Eileen, que sorriu terna, mas, ao mesmo tempo, a fizeram sentir-se culpada.

— Vocês não precisavam, eu sei que tem coisas mais importantes com que se preocupar e...

— Tá brincando? - Foi a vez de Sam expressar sua gratidão – Você tinha noção do que ia acontecer, e mesmo assim desintegrou um galpão pra nos ajudar, você poderia literalmente ter morrido, e chegou bem perto disso. - Eileen arqueou as sobrancelhas.

— Quando nós chegamos com você aqui o médico ficou bem assustado. - Dean começou – Ele disse que nunca tinha visto nada como aquilo antes. Você estava em um grau de desidratação do qual nenhum humano conseguiria sair vivo. Seu corpo entrou em choque, e você ficou em uma espécie de estado de coma. Ele não nos deu esperança nenhuma, e disse que era só uma questão de tempo até você não aguentar mais, mas... - E nesse momento ele sorriu – Ele obviamente não sabia do fato de que você não – Deu ênfase no "não" - é humana. Depois de alguns dias, embora você não tenha acordado, já começava a mostrar sinais de melhora.

Eileen franziu o cenho, tendo que pensar pela primeira vez no fato de não ser humana. Ela não tivera muito tempo para refletir sobre aquilo, mas ela de fato sentia que algo havia mudado nela, apesar da frágil condição em que se encontrara, nunca se sentiu tão forte. – Bem, não é como se o livro não tivesse me alertado. - Começou – Pelo menos agora nós sabemos os efeitos colaterais de, como diz o ditado, "dar um passo maior do que a perna". Eu posso de fato não ser humana em essência, mas esse corpo é, e fazer o feitiço consumiu ele. Embora eu acredite que, quanto mais eu praticar, mais eu venha a me acostumar.

O Livro de EileenOnde histórias criam vida. Descubra agora