O Dilema Do Superman - 2/2

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3... 2... 1.

Já estávamos congelados à essa altura. O tempo passou tão rápido quanto um pesadelo. Quando retomamos a consciência, Chappie ainda estava concluindo seu deboche. Demos passos lentos para fora da nave. Quando a cápsula se abriu um brilho avermelhado invadiu nossos olhos. Vislumbramos um cenário desértico, completamente sem vida. Sem atmosfera, sem som, sem cheiros. Ao redor só víamos montanhas rochosas de terra vermelha.

- Não acredito que estamos mesmo aqui – Dolores tinha os olhos arregalados, exibindo um brilho neles, acompanhados por um lindo sorriso.

- Só pra constar – disse Chappie. – Eu fui o primeiro a descer da nave.

O lançamento não poderia ter sido mais perfeito. Minutos de caminhada foram suficientes para avistarmos a caverna. Assim que adentramos na escuridão nossos capacetes acenderam automaticamente suas luzes. Seguimos pelo túnel que nada se parecia com uma caverna natural. O topo era perfeitamente oval, como se tivesse sido escavado. O caminho nos levou até a beira do precipício onde encontramos a sonda parada. Adiante vimos dezenas de colunas que, provavelmente, sustentavam uma ponte que ligava o túnel onde estávamos até o outro lado do abismo. Mas a visão mais extraordinária foi a que tivemos ao olhar para baixo.

Do topo do precipício vislumbramos, a muitos metros abaixo de nós, uma antiga cidade marciana em ruínas. Havia construções similares a prédios e casas, e entre elas havia separações como ruas e avenidas. Uma organização similar às sociedades humanas. A arquitetura era difícil de definir, já que tudo estava em ruínas e repleto de poeira vermelha.

- Isso é magnífico – Dolores exibia o mesmo semblante de encantamento. – Prova que já houve vida aqui.

- Ainda pode ter vida aqui – Chappie segurou firme seu fuzil.

- Quem vai atravessar primeiro? – Fui direto ao ponto, observando as colunas à nossa frente. Elas se erguiam da base da cidade e iam até a nossa altura.

- Atravessar? – Chappie olhou o abismo. Cair dali seria morte garantida.

- Isso mesmo, Chap. Atravessar – eu disse. – Podemos saltar pelas colunas até o outro lado. A gravidade baixa está a nosso favor.

- Runf – Chappie bufou. – Então eu vou primeiro.

Com o fuzil nas costas Chappie saltou com força até alcançar o topo da primeira coluna. Saltou sobre a segunda, se equilibrou, então continuou o caminho de pulos até alcançar terra firme do outro lado do abismo, adentrando no outro túnel.

- Ei, seu frouxo! Vem ou não?

Olhei para Dolores e a vi sorrindo. Também ri, não pela piada de Chappie, mas pelo sorriso dela. Dei o braço a torcer e fui na frente de Dolores. Saltei para a primeira coluna. Confesso que perdi o equilíbrio ao olhar para baixo. Parecia que eu iria cair. Era a altura de um prédio que me separava do chão. Quanto mais eu olhava para a cidade ancestral aos meus pés mais eu me assustava. O ambiente era escuro, completamente desconhecido... uma cidade em ruínas criada por uma civilização extraterrestre. O que encontraríamos do outro lado do abismo?

- Vai, Rob! – Dolores gritou em seu comunicador.

Sacudi a cabeça, me desvencilhando do medo. Não olhei mais para o chão. Foquei apenas na próxima coluna à minha frente. Saltei até ela, e depois para cada uma das próximas até finalmente pousar com os dois pés no outro túnel. Quando me virei de costas para Dolores a vi saltando pelas colunas com maestria, sem hesitar. Pousou do meu lado.

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