Logística Cyberpunk

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De trajes formais e elegantes, coluna ereta e uma pose confiante, Diana demonstrava tranquilidade ao apresentar seu trabalho ao presidente da empresa. Ela era gerente de um Centro de Distribuição da maior empresa varejista do país. E seu trabalho de reforma no CD havia sido exemplar. No entanto, ela sabia do risco que sofria em ser demitida naquela visita. Havia rumores de que a Betty – a queridinha do presidente – poderia a substituir.

Aquela vadia não vai tomar meu lugar, pensou Diana.

Quando o presidente da empresa chegou ao CD, de terno e gravata, portando uma maleta em mãos, foi recebido por Diana com beijos no rosto e um belo sorriso. Andaram juntos pelo estabelecimento enquanto a gerente apresentava as mudanças. Começando pelo estoque.

Ambos se viram diante de enormes torres metálicas repletas de caixotes iluminados com lâmpadas neon azul. Os porta-pallets eram gigantescos, cabendo milhares de caixas em cada rua do estoque. O chão, reparou o presidente, era branco, de uma limpeza brilhante, totalmente diferente de outros Centros de Distribuição que visitara.

— É muito alto... — o presidente, de boca aberta, olhava para cima, tentando conceber tamanha magnitude. — É de uma limpeza e organização invejável. Que tipo de empilhadeira você usa para pegar os produtos do topo?

— Empilhadeira? — Diana deixou escapar uma curta risada confiante. — Presidente... Isso é coisa do passado. Eu uso drones.

Surgiram robôs de formatos circulares, com poderosas garras metálicas, flutuando no ar. Eles ascenderam ao topo das torres, pegando delas os produtos selecionados para a venda. Um dos drones, no entanto, se aproximou de ambos os humanos com um caixote em suas garras.

— O que é isso? — o presidente fitou o drone depositando o caixote no chão, à sua frente.

— Um presente.

O drone, usando habilmente suas garras, abriu a caixa de madeira. Pegou uma caixa menor lá de dentro, e a entregou ao presidente. Este, com o presente em mãos, a desembrulhou, e viu que se tratava de um smart-watch da nova geração. Um pré-lançamento dos mais caros da história.

— Magnífico! — Ele exibia um sorriso genuíno, enquanto guardava seu antigo relógio no bolso e colocava o novo no pulso. Rodou o braço, olhando o presente de todos os ângulos possíveis. — Magnífico! Um exemplo de inovação, vindo de uma gerente inovadora!

Betty, Betty... Tu não vai tomar meu lugar não, piranha. Ah, mas não vai mesmo!

Depois de mostrar o estoque, Diana foi em direção à parte de transporte.

— Aqui é nossa garagem — abriu um enorme portão gradeado, então exibiu uma série de caminhões sem cabine estacionados.

— Autômatos? — o presidente reparou na ausência de assentos para motoristas. — Confia neles? — Andou por entre os caminhões, os olhando bem de perto.

— O senhor confia em humanos? — ela perguntou em contrapartida. — Eu confio em máquinas, senhor. No estoque, por exemplo, humanos causam erros na separação dos pedidos, na checagem dos produtos... São tantos erros. Robôs não erram, portanto é inconcebível a existência de uma checagem. O mesmo ocorre aqui.

— Quais as vantagens lucrativas? — ele olhava os veículos, ainda assustado com o fato de só haver espaço para o motor, e o resto era o compartimento das cargas. Não havia bancos, painel, volante, nada que um humano necessita. — Por que trocar um motorista por algo sem alma?

Contos De Um Futuro EternoOnde histórias criam vida. Descubra agora