Mutantes: Os Templários da Salvação - 2/4

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Parte II.



A delegacia estava em polvorosa. Há meses os policiais ansiavam para prender aqueles delinquentes das corridas. No entanto, os pais dos marginais eram os grandes lojistas e empresários ricos que sustentavam a corporação policial. O jogo só virou quando uma nova ordem veio de cima. Mesmo a cidade do Rio de Janeiro tendo sido dividida em andares, sendo os mais baixos os mais pobres, ainda haviam lojistas e microempreendedores que representavam o poder. Eram estes os ricos que bancavam as operações da CopCorp, a polícia corporativa, com contratos de segurança e vigilância em certos bairros favorecidos. Dessa forma era praticamente impossível que a polícia realizasse uma ação contra os rachas ilegais, a não ser que a operação fosse financiada por um grupo de pessoas ainda mais rico e poderoso.

Esses homens e mulheres poderosos possuíam empresas com um poder de influência ainda maior. Seus novos negócios dependiam do bem-estar de certos bairros da cidade, incluindo vários onde as corridas ilegais ocorriam. Como era impossível limitá-los aos guetos, devido às ruas apertadas demais, era necessária uma operação para acabar com os delinquentes. Uma semana havia se passado desde o depósito do pagamento, e a CopCorp já havia instalado todo o novo equipamento de segurança em diversos bairros da cidade.

As novas câmeras de seguranças e os drones eram ligados à um sistema de reconhecimento facial, o Perfilador. Com essa nova tecnologia os policiais são capazes de ver toda a ficha criminal dos perfilados, além de reconhecer e rastrear mutantes, saber sua idade, profissão, e diversos outros detalhes pessoais do alvo. Utilizando-se desse equipamento a CopCorp analisou os padrões de todos os envolvidos nos rachas, e logo organizaram uma operação estratégica para pegá-los.

Chappie Jackman, mais conhecido como Chap, era um dos policiais da CopCorp escalados para a operação. Sonhava desde pequeno em ser convocado para a FAM, a Força Anti Mutantes. No entanto, ele não conseguiu passar nas provas, nem mesmo nos exames para a PEC, a Polícia Especializada Corporativa. A CopCorp era a organização mais baixa, fácil de se ingressar, portanto, a única que o aceitou. Enquanto a FAM era uma organização totalmente governamental, e a PEC era apenas privatizada, a CopCorp era totalmente particular, uma empresa voltada para o lucro como qualquer outra, portanto, dependia de contratos com os ricos. Chap ficava meses sentado na cadeira de seu escritório lidando com documentos e formalidades. Quando finalmente era convocado em alguma missão, descobria que era apenas um turno de vigilância em algum mercado ou evento. Nas raríssimas vezes em que se envolvera em operações táticas, por conta de sua inexperiência e inabilidade, Chap se demonstrou atrapalhado e ineficiente. Uma vergonha para a corporação.

- Ei, Chap, vê se não faz merda dessa vez - disse um oficial deixando a sala de reunião antes da operação começar.

- Chappie, venha aqui - sua capitã, Denise, o chamou no canto da sala. Havia um holograma aceso explicando toda a operação. No entanto, as cadeiras já estavam vazias, só havia ele e a capitã na sala. - Olha, eu te coloquei nessa operação porque você é um ótimo motorista - ela se referia aos carros voadores, veículos autorizados apenas à agentes do governo ou da polícia. - Vejo que você tem um futuro aqui dentro. Você tem garra, tem vontade de crescer. Admiro isso em você. Mas tem que ser eficiente, Chappie. Não apenas eficaz, mas eficiente.

- Sim, senhora - Chap permaneceu calado, com as mãos atrás do corpo.

- Só segue o plano, certo? Cerque esses vagabundos e prenda-os. Mas lembre-se, não podemos machucá-los, entendeu? Eles ainda são filhos de gente importante. Gente que, futuramente, ainda pode nos pagar muito bem.

- Me desculpe, capitã, mas quando foi que deixamos de ser policiais pra ser mercenários?

- Como? - Denise cruzou os braços, esperando uma explicação.

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