2/3 - Deus Falso

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O universo inteiro estava sendo sugado para dentro daquele rombo criado por Aleister Dee. A Muralha de Gelo se dobrava para dentro de si mesma, enquanto absorvia todo o planeta. Mas a garota não demonstrou medo algum de ser sugada. Muito pelo contrário, afinal, ela surgiu de lá. Aleister, ainda com a lança em mãos, entendeu quem era aquela garota. Ela estava acima de seu Deus. Era a entidade mais poderosa existente. Ele finalmente a encontrara!

— Olha, eu não imaginava que tu fosse capaz de chegar tão longe — disse ela, andando em direção à muralha. Olhou bem o buraco. Fitou a realidade se curvando diante dele. — Mas que merda! Isso aqui vai dar muito trabalho pra consertar!

— Eu quero conhecer os segredos além-mundo! — Dee gritou para a entidade, num misto de súplica e pedido de desculpas. — Me leve ao seu mundo! Eu quero conhecê-lo!

A garota, pensativa, não deu muita importância ao mago.

— Vai ser difícil programar tudo de novo... que saco! Tá acabando com o meu jogo!

— Jogo? — Aleister deu um passo para trás. — Jogo? É isso que somos para você? Uma diversão?

— Tá falando comigo? — ela se virou para o mago, surpresa.

— Sim, você mesma! Você é nossa criadora, não é? Sempre te veneramos, mas nunca vimos você.

— Você consegue me ver... — Continuou não dando muita importância ao que ele falava.

— Consigo! E você está me dizendo que eu, e todo meu povo, somos apenas uma diversão para você?

— Olha... não me leve a mal, tá? — ela se aproximou do mago. — Mas acontece que você tem uma consciência melhor do que os outros daqui, só isso.

— Então... sou um erro? — O mago cambaleou para trás. — Eu vi coisas que ninguém jamais viu! Fiz coisas que ninguém jamais fez! E eu cheguei onde ninguém jamais chegou! E está me dizendo que sou um erro?

— Talvez não... — a garota o olhou, pensativa. — Já que tu veio até aqui, vou te dar uma chance. Queria saber o que tem do outro lado, né? — apontou para o rombo da muralha. — Então vou te mostrar.

Antes que pudesse sorrir diante da boa notícia, Aleister viu um enorme clarão.

Então tudo ficou escuro.

Demorou para seu rosto responder. Logo conseguiu abrir os olhos, mas ainda se sentia estranho.

Aleister se viu em um lugar escuro, não muito grande. O teto era feito de madeira, assim como o chão. As paredes estavam repletas de pôsteres de bandas de rock, embora ele não entendesse do que se tratavam. A luz era fraca, então o que se destacava era o monitor de um computador. Atrás dele havia bastante fiação jogada. Era tudo muito diferente do mundo do mago.

— Ah, você acordou! — a garota, sentada de frente para o computador, rodou em sua cadeira, ergueu-se, então se aproximou do mago. — A propósito, me chamo Milena. Você tá bem?

Ele a viu com roupas diferentes de quando estava na borda do planeta. Mas onde estava? Lembrou-se da pergunta dela.

— Ah, eu estou... — Aleister olhou para si e viu metal. — Ahn? O quê? — ele se ergueu do chão num susto, mesmo sem ter percebido que estava lá. — O quê é isso? — sentiu seu corpo... era metálico! — Onde eu tô? O que é isso?

— Calma... — Milena tocou em seu corpo metálico. — Você tá no meu mundo. Tive que te colocar dentro de um robô, então não faz barulho. É perigoso.

Contos De Um Futuro EternoOnde histórias criam vida. Descubra agora