Alana, de olhos encharcados, pisava fundo no acelerador quando seu namorado pulou fora do carro. Travis rolou pelo asfalto até erguer a cabeça e ver, no horizonte, o carro seguindo seu caminho. Alana estava indo em direção ao destino final da missão: o professor. Enquanto isso, era dever de Travis garantir que a missão fosse concluída. Deveria impedir o avanço dos militares.
— Vem, seus merdas! Vem que agora é kamikaze!
Travis metralhou os primeiros veículos que se aproximaram até sua munição acabar. Foi o suficiente para pegarem fogo e explodir, atrasando os veículos de trás. No entanto, policiais militares surgiram do fogo trajados com armaduras pretas de kevlar.
Os disparos dos militares atingiram Travis. No entanto, abaixo de sua pele havia uma película de metal blindado. Quando os militares tiveram que recarregar suas armas, o ladrão fitou seu corpo metálico, pensativo. Era hora de deixar para trás seus últimos resquícios de humanidade. Dos braços de Travis saltaram armas embutidas. Seus implantes, de origem militar, seriam usados contra os opressores. Logo disparou laser contra os policiais. O raio foi capaz de perfurar a armadura da maioria, mas eram muitos. Travis se viu cercado deles, ficando sem saída. Então teve de usar suas lâminas.
Outro implante militar que possuía eram as lâminas que saltavam de seus pulsos. Com elas, Travis rodopiou no ar, cortando os policiais pelo pescoço, a parte mais frágil da armadura.
— É só isso, seus merdas?!
Um tanque de guerra surgiu na rua. Se ele alcançasse o prédio do professor, a máquina seria destruída, e o plano fracassaria. Todo o esforço, e principalmente seu sacrifício, não poderiam ser em vão. Travis correu para alcançar o tanque, desviando-se dos disparos. As balas atingiam o chão, destruindo o asfalto atrás de si. Mas o ladrão seguia feito louco, numa velocidade quase felina, até saltar sobre o tanque e arrancar a porta de cima.
— Me perdoe, companheiros, mas tenho que matar vocês de um jeito épico!
Se jogou lá dentro, e então matou um por um com o uso de suas lâminas. Mesmo dentro daquele ambiente apertado de metal quente, Travis se banhou com sangue fascista.
Foi até o banco do motorista, então assumiu o comando do tanque. Ao avistar helicópteros indo em direção ao final da rua, Travis disparou contra eles, os derrubando no chão. A rua já estava bloqueada por carros em chamas, crateras no asfalto, e agora um helicóptero destruído. Quase todas as ameaças haviam sido eliminadas. Mas ainda faltava uma centena de militares aproximando-se a pé.
— Merda...
Travis não conseguiria matar tantos sozinho. O tanque era incapaz de eliminá-los. Só havia um jeito.
— Me perdoe, vizinhança, mas terei que destruir ainda mais essa rua!
Travis esperou até que o tanque estivesse completamente cercado. Então ativou os explosivos internos de seu corpo.
— Chupa essa, fascistas!
A explosão de seu corpo levou junto o tanque. E a explosão do tanque levou junto toda a vizinhança, incluindo os militares.
***
Alana havia largado o carro no meio da rua. Portando o artefato roubado em mãos, adentrou o prédio, deixando um rastro de lágrimas pelo chão. Ao invés de subir as escadas, ela foi direto ao subsolo. Tocou a palma da mão esquerda em uma porta, então uma luz brilhou entre seus dedos, fazendo a leitura das digitais. Logo a porta se abriu. Um cenário ultra tecnológico de máquinas e cabos de fibra óptica invadiu sua visão.
Ela estava no laboratório do professor. Haviam máquinas, computadores, muita fiação e luzes neon para todo lado. No centro havia uma enorme máquina oval e oca. Ela girava em seu interior, como uma gigantesca máquina de lavar. No entanto, seu interior oco brilhava com luzes que lhe pareciam estrelas em meio à escuridão do vácuo. A máquina girava, distorcendo a realidade por dentro. Também havia uma esteira frente a máquina, e sobre ela uma infinidade de armas militares prontas para serem levadas ao centro daquelas luzes energéticas.
Alana entregou a peça roubada ao professor.
— Vamos mandar elas pra 2157 — disse ela, olhando para as armas de guerra.
— Não — disse o professor. Ele colocou o artefato dentro da máquina central, então fechou uma tampa, concluindo o projeto. — Foi em 57 que Francis tomou o poder, é verdade. Mas de que adiantaria enviarmos armas para aquela época? Mesmo que vencêssemos a batalha, muitos morreriam, e outros inimigos surgiriam para nos oprimir depois.
— Então vamos mandar as armas junto com uma mensagem para matarem Francis enquanto era só uma criança!
— Você ainda não entendeu... — o professor começou a digitar em um computador atrás da máquina oval. — A raiz do mal não é Francis. Se o matarmos, outros virão com as mesmas ideias. — A máquina começou a girar e brilhar ainda mais. A realidade estava sendo distorcida.
— Merda! Então pra que eu fiz isso tudo? Hein? Sabia que Travis se matou pra essa merda dar certo? — Ela viu a tristeza no semblante do professor. — Pois é, ele tá morto agora! Morto! Tinha uma porrada de militares lá fora perseguindo a gente. E pra salvar essa tua bunda velha ele se matou! E agora que eu entreguei a última peça que faltava pra máquina, tu tá me dizendo que não quer matar o Francis? Virou de lado agora?
— Alana... — o professor viu a máquina brilhando em seu auge. — Francis foi só um peão de uma ideologia mais antiga. Matar Francis não impediria que outros surgissem com as mesmas ideias.
— Então o que fazemos?
— Matamos a ideia!
O professor voltou a digitar em seu computador. Alana ouviu veículos se aproximando.
— Eles chegaram, não temos tempo! Envia agora!
A esteira começou a se mover, levando centenas de armas ultra tecnológicas para o interior da máquina do tempo.
— Vamos enviar essas armas para uma época onde elas farão diferença. Onde todo o mal começou. — Tanto o professor quanto Alana viram as armas desaparecerem ao adentrarem o interior oco e luminoso da máquina. — Eu as enviei para 1964!
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Nota do Autor:
Olá, leitores!
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Obrigado pela leitura, e até o próximo conto!
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Contos De Um Futuro Eterno
Ciencia Ficción"A religião do futuro será cósmica e transcenderá um Deus pessoal, evitando os dogmas e a teologia." - Albert Einstein. --- || --- Sinopse: Esta é uma coletânea de contos ambientados em um cenário futurístico, em geral Cyberpunk. Aqui você encon...