Parte III.
- Isso é um engano, moço! - Nívia, com as mãos na cabeça, gritou para os agentes da PEC que apontavam armas para ela.
- Engano? - O homem de cabelo grisalho, provavelmente o líder da operação, riu dela. - Estamos investigando vocês fazem meses! É melhor começarem a se explicar aos seus filhos.
Junior poderia usar seus poderes. Resolveria tudo antes que percebessem o que os atingiu. Mataria um por um, salvaria os pais, e então teria uma longa conversa para entender o que acontecia. Mas infelizmente ele não podia usar seus poderes. Seu pai não deixava. A sociedade não deixava. O sistema não deixava. O mundo parecia o odiar, parecia estar contra ele. O que fazer?
- Filha, fica com seu irmão - César desce Anne ao chão.
Nessa hora os irmãos perceberam toda a verdade. De fato, seus pais eram contrabandistas. Era isso que tanto faziam naquele submundo de comércio ilegal. Mas apenas a venda de celulares e óculos-smart roubados ou falsificados não era o suficiente para mobilizar toda uma equipe tática. O que eles vendiam, ou compravam, certamente era algo extremamente proibido.
Dezenas de engravatados miravam suas armas para os pais de Junior. Os corredores iluminados pelo neon estavam vazios, exceto por alguns lojistas que permaneceram abrigados dentro de seus estabelecimentos. Aos poucos as lojas iam sendo fechadas por seus portões metálicos. O eco reverberava. O ambiente se tornou mais escuro.
- Corram! - César puxou de sua cintura uma arma, e então disparou contra os agentes.
Balas de chumbo foram disparados por César e Nívia, enquanto disparos de laser vieram das armas dos agentes da PEC. Um tiroteio luminoso piscou aos olhos de Junior e Anne, que logo se jogaram ao chão. Ao abrir os olhos, jogado ao chão, Junior fitou a roupa dos pais esfumaçando. Eram os coletes de kevlar resistindo até mesmo aos disparos laser. Mas não duraria muito tempo. Junior queria usar seus poderes, mas não podia usá-los. Se sentiu oprimido. Logo viu os pais buscando refúgio atrás de um balcão de uma loja abandonada pelo dono durante a correria. Os agentes fizeram o mesmo, se abrigando em uma loja do outro lado do corredor. Os agentes provavelmente não esperavam nenhum tipo de reação vindo dos fugitivos, então tiveram que reorganizar a estratégia.
A escuridão se desfez quando um novo tiroteio piscou a luz dos lasers novamente. O barulho do tiroteio era ensurdecedor. Junior não sabia o que fazer, para onde levar sua irmã. Logo um portão metálico se abriu atrás de si. Um dos lojistas abriu sua loja para que eles buscassem abrigo. No entanto, o tiroteio afetou o mecanismo elétrico do portão o deixando permanentemente aberto. Mas felizmente Junior e sua irmãzinha Anne conseguiram se esconder atrás do balcão, à espera do cessar fogo.
Então o tiroteio teve uma pausa.
- Se entreguem! - Gritou o líder dos agentes.
- Mas nem fodendo! - César respondeu aos gritos.
Um novo tiroteio, mas novamente ninguém acertou ninguém. Junior permaneceu de cabeça baixa, atrás do balcão, pensando no que fazer. As mãos tremiam. Estava sem reação.
- Irmão... - Anne o chamou, mas ele não deu atenção. Estava mais preocupado com os pais. Sua irmã estava segura, mas os pais não. Se os pais fossem pegos, com quem ficaria? E se escapassem, como viveria? Passariam o resto da vida fugindo da polícia e dos agentes? - Irmão - Anne o chamou novamente.
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Contos De Um Futuro Eterno
Science Fiction"A religião do futuro será cósmica e transcenderá um Deus pessoal, evitando os dogmas e a teologia." - Albert Einstein. --- || --- Sinopse: Esta é uma coletânea de contos ambientados em um cenário futurístico, em geral Cyberpunk. Aqui você encon...