15/02/2016 - Segunda - 7h
Cha EunWoo
-Dong Min?... EunWoo.. Acorde!
Abri meus olhos ainda meio sonolento, a voz suave da moça que me acordava ultimamente todas as manhãs penetrou os meus ouvidos.
-Ah.. Bom dia Sr.a Kim!
Sorri educadamente e me sentei meio desajeitado, ela me entregou uma bandeja com meu café da manhã e despejou um beijo em minha testa.
Já se passaram duas semanas desde o acidente. Duas semanas que estou dormindo em um hospital à espera de um sinal positivo, já fazem quinze dias que Moon Bin está em coma.
No começo não foi nada fácil, a dor em meu peito ardia cada vez mais pelas inúmeras cirurgias que ele teve que passar. A Sr.a Kim me acolheu como um filho, ela não se importou se eu era da família ou não, a mais velha percebeu o tamanho do meu desespero e da minha angústia, então não me proibiu de ficar perto de seu filho.
O estado de Moon Bin não era tão grave, os médicos falaram que ele poderia acordar a qualquer momento, e eu não queria estar longe quando isso acontecesse. Dormia ali todas as noites a espera de que ele acordasse, e quando amanhecia esperava o horário de visitas e ficava ao lado dele observando sua face serena.
A Sr.a Kim quase sempre dormia ao meu lado, alguns dias pedi que ela fosse para casa descansar e fiquei no hospital cuidando de tudo, as vezes eu ia rápido em casa, tomava um banho e voltava para a clínica. Meu pai todos os dias me ligava e perguntava se já havia alguma noticia boa para dar, e eu sempre dizia que não.
O Sr. Lee começou a se preocupar ao perceber que eu estava passando dia e noite fora de casa, e quando foi descobrir o motivo disso acabou descobrindo todo o resto. Ele não ficou bravo comigo, muito menos me colocou de castigo ou coisa do tipo, ele realmente se preocupou e me deixou fora dos negócios por enquanto. A única coisa que o deixou irritado foi saber o que o seu outro filho aprontou comigo.
No segundo dia no hospital, MJ veio visitar Moon Bin, posso dizer que não foi uma cena agradável de se ver. Quase expulsei o mais velho com tapas para fora dali, desde então ele não voltou mais. Meu pai me ligou para dizer que ele tinha voltado para a Europa, e que não iria mais pagar sua faculdade, Myung Jun teria que trabalhar para se sustentar. Não posso dizer que me senti bem com isso tudo, afinal MJ é meu irmão e sempre foi uma das pessoas que eu mais amei nessa vida.
Desde então os dias se passaram rápido, e a angústia só aumentava. Todos os dias eu perguntava ao médico qual o estado de Moon Bin, e ele sempre dizia que era instável, isso me corroía por dentro.
Terminei meu café da manhã e fui rápido na cantina deixar a bandeja, já estava no horário de visitas e eu não podia perder nenhum segundo ao lado de Moon Bin.
-Vamos?
A Sr.a Kim me chamou e eu concordei seguindo a mais velha até o quarto onde seu filho estava. Ela abriu a porta e nós adentramos juntos encontrando mais uma vez aquele garoto pálido deitado na cama com várias máquinas o mantendo vivo.
A mulher se aproximou e despejou um beijo em seu filho alisando o seu rosto, eu apenas fiquei parado observando ela dizer algumas palavras sussurradas como se ele estivesse escutando.
Em alguns minutos ela me olhou, esticou a mão e sorriu fazendo com que uma lágrima descesse em seus olhos. Eu me aproximei devagar e segurei a sua mão, os dois olhamos para aquele ser dormindo calmamente como se tudo estivesse completamente bem, e pudemos sentir a mesma sensação de todos os dias, angústia, medo e amor.
-Fique com ele.. - ela disse olhando em meus olhos - Vou tentar saber notícias de Minhyuk.
Eu concordei e ela deu um meio sorriso, logo despejando outro beijo no mais novo e se retirando do quarto. Me deixando sozinho com aquelas sensações.
Puxei uma cadeira, como de costume, e me sentei ao lado da cama, parado olhando o garoto ao qual eu amava.
Só quem já passou por isso sabe a sensação que é você olhar para a pessoa que ama e não receber um sorriso dela, ou um olhar, muito menos um toque. Ela está lá parada, imóvel sem poder dizer uma palavra ou ao menos saber que você está ali o tempo todo esperando que ela acorde.
Todas as manhãs quando me sento aqui e fico olhando seu rosto, penso que nunca mais vou deixá-lo partir, nunca mais vou deixar que ele vá embora de minha vida, nunca mais vou viver sem ele. E mesmo com isso tudo, com todos os problemas, com tudo o que vamos enfrentar, eu estou disposto a amá-lo quando ele acordar, disposto à crescermos juntos cuidando um do outro. Afinal, isso é amar. É estar junto independente de qualquer coisa.
Deixei que uma lágrima diária escorresse por meu rosto, levei uma mão até os cabelos do mais novo e passei a acaricia-lo com os dedos, coloquei a mão livre em cima da sua para sentir aquela pele macia e acabei por entrelaçar os nossos dedos. Fiquei olhando para aquelas mãos unidas e pensando que elas nunca mais deveriam se soltar. Eram duas mãos delicadas envolvidas em um amor inocente, um amor puro que duas almas conseguiram sentir uma pela outra. E foi com aquele contato que senti um aperto, mas não foi um aperto no coração como de costume, Moon Bin realmente estava apertando a minha mão.
Aquilo me assustou, fiquei parado olhando seus dedos se moverem e acariciarem os meus, mais lágrimas escorreram, e quando levei meu olhar até o seu rosto a felicidade tomou conta de tudo. O mais novo mantinha os olhos entreabertos, ainda meio desacordado, mas ciente de tudo, em sua boca se via um sorriso maroto ao notar que era eu quem estava ali, e o meu sorriso? Não tenho palavras para descrevê-lo.
-O-oi h-hyung.
Ele tentou falar ainda meio frágil, eu simplesmente não podia acreditar naquilo. Coloquei minhas mãos em seu rosto, e com as lágrimas caindo permiti me aproximar dele, seus olhinhos brilhavam e piscavam lentamente enquanto eu sorria feito um bobo.
-Oi pequeno..
Falei em meio ao choro e me levantei deitando em seu ombro para o que devia ser um abraço, eu estava aliviado, e ao mesmo tempo feliz com aquilo tudo. O mais novo estava tão fraco que não conseguiu me abraçar de volta, mas aquilo era normal. Me sentei novamente e alisei seu rosto, ele me olhava como se estivesse sonhando e nada daquilo fosse real.
Continuei olhando aquele semblante, até que seus olhos foram se fechando novamente, e o mais novo voltou a dormir. Com o coração acelerado sai correndo daquele quarto, encontrei um médico no corredor e avisei que Moon Bin havia acordado. Ele chamou duas enfermeiras e foram correndo para o quarto. Claro que não me deixaram entrar. Mas só de saber que ele estava melhorando já aliviava tudo dentro de mim. Toda aquela sensação ruim se esvaiu e as esperanças voltaram a reinar. Tudo poderia dar certo.
Passei as mãos pelos meus cabelos meio nervoso e fiquei andando de um lado pro outro na porta esperando respostas. Fui ao bebedouro mais próximo e tomei um pouco de água, em alguns segundos escutei passos rápidos vindo em minha direção.
-Isso é verdade Eunwoo?? Moon Bin acordou?
A Sr.a Kim me perguntou preocupada e eu apenas concordei com a cabeça e a abracei forte para tentar conforta-lá. A mais velha suspirou e começou a chorar em meu ombro. Não está sendo nada fácil para ela. Um filho está se recuperando e talvez saia em poucos dias. Mas Minhyuk.. Não pode-se dizer a mesma coisa.
O mais novo está em estado grave, não podemos nem sequer visita-lo, ele permanece em coma e com risco de morte cerebral. E a minha função era fazer com que Moon Bin não reagisse de forma muito negativa quando soubesse disso. Minhyuk é o grande amor da vida de Moon Bin, e se alguma coisa acontecer eu não sei como ele vai lidar com isso.
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• Innocent Love • <BinWoo> • ✡️
Fanfiction🔸Uma guerra entre famílias e um amor quase impossível.