Capítulo 11

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Como sempre, depois daquele dia maravilhoso voltei ao trabalho.

Fui para o escritório resolver alguma papelada.

Passaram algumas horas e a minha assistente ligou para o meu telefone.

-Sim?
-O doutor Simpson quer falar consigo.
-Ok, eu vou já para lá.

Desliguei e levantei-me para me dirigir até ao escritório do doutor Simpson, ou seja, do meu patrão.

Entrei e fechei a porta em seguida.

-Bom dia, pode-se sentar.
-Bom dia.-sentei-me á sua frente.
-Não queria começar com más notícias mas antes das boas notícias terei que falar nas más.
-Ok.n
-Lembra-se do caso da criança de 12 anos que os pais morreram e ambos os avós paternos e maternos querem a custódia da neta?
-Claro.-recordei-me desse caso visto que sou eu quem defendo os avós maternos.
-Parece que os avós paternos fugiram com a criança para Oxford para ficarem com ela defenitivamente.A polícia descobriu e a criança neste momento encontra-se numa casa de acolhimento a cuidados dos assistentes sociais.
-Meu Deus, isso significa que eu preciso ir para lá.
-Exato, mas terá que partir imediatamente amanhã para que a criança possa ser julgada depois de amanhã.Já contactamos os avós maternos e eles vão a julgamento também.Já tem uma reserva num hotel próximo ao tribunal.Darei todas essas informações através da sua assistente.
-Obrigada por me informar.Mas...Quais são as boas notícias no meio disto tudo?
-Ganhará imenso dinheiro com tudo isto.

Imenso dinheiro?Mais ou menos dinheiro que eu tenha realmente não faz assim uma "grande" diferença.Mas dinheiro é sempre bem vindo.

O pior será ficar longe do Liam...E sem os meus empregados para satisfazerem todos os meus desejos.

(...)

Cheguei mais cedo a casa.O meu patrão deixou-me sair mais cedo para que pudesse preparar as coisas e descansar.Não que Oxford fique muito longe de Londres, mas eu preciso falar com o Liam.

Fui para o quarto e comecei a preparar as minhas coisas para fazer as malas.

Não falo com ele desde aquela última vez na cozinha, onde ele demonstrou que não apoia a minha decisão de não querer filhos.

Mas assim seria tudo melhor.Seria tudo muito mais fácil.Ele a dirigir a sua empresa, com muito menos stress.Eu com a continuidade da minha carreira na advocacia.Teriamos mais tempo para nos dedicarmos ao trabalho e a nós mesmos.Tudo seria mais simples.

Além disso, o meu corpo não ficava feio, os meus seios não ficavam caídos, não ficava com estrias.Podia fazer sexo com quem eu quisesse quando quisesse, contando que o Liam nunca descubra.

Não seriam passadas noites em claro a cuidar de um bebé que praticamente só chora, come, dorme e caga.Não vou mentir, eu não gosto nem nunca gostei de crianças.A única criança que eu gosto, excessionalmente, é o meu sobrinho Simon.

Nunca fui boa com crianças, talvez também porque não tenho muito contacto e sinceramente, não quero ter.

Eu acho que nós estamos bem assim.Nós não precisamos de um filho para ser felizes.

O futuro que eu vejo com ele é muito diferente do que ele diz ver comigo.Eu vejo ambos, com rugas e cabelo grisalho sentados no alpendre de mãos dadas.

Apenas nós e mais ninguém.

Ouvi passos e reparei que ele tinha entrado.

-Vieste cedo hoje.
-Pois vim.

Parei de fazer o que fazia e olhei para ele.

-Nós precisamos falar.
-Eu sei.-suspirou.
-Eu vou viajar para Oxford, tenho um caso bastante complicado por resolver.
-Oh...Boa sorte.-deu um sorriso forçado.
-Nós estamos bem?
-Sim, nunca estivemos mal.-beijou a minha testa e dirigi-me á casa de banho.

Após terminar de fazer as malas, fui á cozinha buscar alguma comida, não só para comer neste momento mas também para levar para mais tarde na viagem.

Ao entrar na cozinha, a primeira pessoa que avistei foi o empregado, Louis.

Ele limpava e cozinhava algo ao mesmo tempo que tinha um cheiro delicioso, como sempre.

Sem lhe dirigir a palavra tirei alguma comida dos armários e tirei uma maçã para comer agora.

No meu caminho de volta para o quarto, voltei a encontrar o meu marido.

-Quando é que vais?
-Amanhã, logo ás 7:00 quero chegar lá cedo.
-Queres levar o motorista?
-Não vais precisar dele?
-Eu posso sempre usar o carro.
-Não...
-E eu ficaria menos preocupado se o levasses.Por favor, ficarás mais segura.
-Ok...Mas só porque tu insistes, eu podia ir sozinha...-mas não teria a mesma diversão, sorri por dentro.

(...)

-Adeus Liam.

Ele agarrou-me para um longo beijo.

-Liga-me assim que chegares.
-Ok.

Entrei no carro e o Harry seguiu conduzindo até ao local pretendido.

Liguei o meu telemóvel e reparei que a minha mãe me tinha ligado ontem á noite.Fiquei preocupada e liguei de volta.

Esperei durante vários segundos ouvindo o som irritante da chamada a ser encaminhada.

Quando me fartei e decidi desligar, a chamada foi atendida.

-Mãe.Está tudo bem?Reparei que me ligaste ontem, eu não pude atender porque...
-A mãe está a trabalhar e deixou o telemóvel em casa, o que queres?-a minha irmã foi rude e direta, como era habitual.
-Nada, ela ligou-me eu só queria saber porquê.
-Então liga-lhe noutra altura.
-Ok.

Ia desligar mas fui impedida, mais uma vez.

-Hm...Na verdade Angelica, eu queria falar contigo.
-Estou a ouvir.
-Eu estava aqui a pensar e bem, eu só queria fazer esta pergunta...
-Podes fazer.
-Ok, como é que não te cansas da tua vida?
-O quê?
-Como é que não estás farta da farsa do teu casamento?

Revirei os olhos.Eu já devia estar á espera disso vindo da Carly.

-Eu não quero voltar a ter esta conversa contigo.-reparei que o Harry olhou para mim através do retrovisor e tentei manter a minha postura.
-Não queres?Tu pensas que eu não sei?O teu casamento é todo uma farsa.
-Do que é que estás a falar?-o meu coração acelerou com hipótese de ela ter o conhecimento que eu traio o Liam.
-Achas que eu não sei?Tu não amas o Liam e o Liam também não te deve amar a ti.Tu só amas o dinheiro dele.
-Outra vez isso?
-Sim, outra vez.Tu não és capaz de amar ninguém, eu conheço-te e eu sei disso.Tu és egocêntrica, egoísta e eu sei muito bem que tu nunca te casarias com ninguém se não fosse por algo como dinheiro.
-Isso não é verdade.
-No fundo tu sabes que é e tu só te estás a mentir a ti mesma, ao teu marido e á mãe.Por acaso, já pensaste em ter filhos com a pessoa que mais amas em todo o mundo?
-Isso não te diz respeito.
-Claro que não.-riu do outro lado-Nada me diz respeito, até porque eu não sou rica, eu sou só uma empregada onde não tem onde cair morta.Mas olha, eu sei que tu não o amas mesmo que digas o contrário.Fica calma, eu guardo o teu segredo até porque nunca ninguém acredita em mim.E eu já não me volto a meter nos teus assuntos de rica que não me dizem respeito, até porque seria uma loucura se dissessem, não é mesmo?

Eu ia lhe fazer uma pergunta quando ela me desligou na cara.

Fiquei calada.Pus o telemóvel de parte e fiquei a pensar em tudo o que ela me disse pelo telemóvel enquanto olhava pelo vidro do carro.

Muito do que ela disse é verdade, e talvez no fundo, eu tenha certa noção disso.

Heartbreaker {1D}Onde histórias criam vida. Descubra agora