Anahí
Poncho me leva até uma praça. Nunca tinha vindo pra cá e acho o lugar lindo. É cheio de árvores, bancos de madeira com postes ao lado e um lago congelado, onde algumas pessoas se arriscam a patinar.
Sentamos em um desses bancos, o sol fraco bloqueando um pouco o ar frio e encaramos o lago. Vejo um pai, tentando ensinar a filha a patinar.
- Meu pai fazia a mesma coisa comigo. - Poncho sorri e vejo que está apontando os dois. - Foi aqui que aprendi a patinar, sabia? Na verdade estamos perto da minha casa, então meu pai sempre me trazia aqui. Era uma espécie de passeio entre nós dois, eu gostava porque ele era menos duro comigo em locais públicos, então as aulas ficavam mais divertidas. Ta vendo aquele árvore ali? - ele pergunta e quando vê que estou com as mãos encolhidas entre as pernas, ele as puxa e cobre minhas mãos com as suas.
- Sim, to vendo. - respondo sem jeito, enquanto suas mãos quentes esquentam as minhas.
- Às vezes minha mãe vinha com a gente e sentava ali. Ela ficava lendo algum de seus romances preferidos e fazia comentários sobre como eu estava patinando como meu pai, eu sabia que era um jeito dela de me incentivar. Ao contrário dele, ela nunca me cobrou nada, sempre quis que eu fizesse algo que amava. Acho que foi um alívio pra ela ver que eu amo o hóquei tanto quanto meu pai.
- Seus pais parecem ser bem diferentes.
- Se parecem com nós. - ele sorri. - Você é romântica e apaixonada por livros igual minha mãe e eu sou muito parecido com meu pai. Se eles deram certo, a gente...
- Por que me trouxe aqui? - pergunto o interrompendo.
- Porque quero te provar que é possível transformarmos lembranças ruins em lembranças boas. Basta substituirmos as ruins por outras novas. - ele sorri. - Já tive maus momentos aqui e sabe o que fiz? O substitui por tantos momentos bons que esqueci dos ruins.
- Onde você quer chegar com isso?
- Você tem trauma de palco, porque substituiu todas as lembranças felizes que tinha em cima de um, por essa ruim que aquele babaca te fez passar. O que você tem que fazer, é colocar novas lembranças no lugar.
- Como?
- Só vai poder fazer isso subindo num palco de novo.
- Não, isso não. Foi humilhação o suficiente aquele dia e das vezes seguintes quando tentei me apresentar.
- É porque você viu a plateia, talvez se você só subisse em cima de um palco, fosse ficar mais fácil.
- Não Poncho, eu não conseguiria. Olha, é melhor deixar essa história pra lá, eu já desisti do teatro há muito tempo, meu negócio agora é literatura.
- Any, não acho que ser professora de Literatura seja o que você quer, mais do que ser atriz. Eu mesmo não me vejo fazendo outra coisa além de jogar hóquei.
- Se você não pudesse mais pisar no gelo você daria um jeito de ficar perto da sua paixão, senão a substituiria por outra. Foi isso que eu fiz. - afasto minhas mãos das dele e passo pelo cabelo. - Olha, obrigada por ter me trazido aqui, mas eu preciso ir, daqui a pouco temos que ir pra OTD.
- Antes quero falar com você sobre outra coisa.
- Que coisa?
- Sobre nós dois.
- Não tem nós dois, já te disse isso, é melhor voltarmos a ser amigos. Vamos embora, vai.
Dou as costas pra ele, mas Poncho segura meu braço, me impedindo de me afastar e se levanta.
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De Repente Amor ✔
FanficPoncho Herrera. Capitão do time de hóquei, leva uma vida perfeita, regrada à festas, sexo, mordomia, sexo, reconhecimento, mulheres e mais sexo. Ao ser acusado de roubar o próprio time, Poncho é expulso não só do hóquei, mas da república onde vive c...