Dois Meses Depois....
Alfonso
Ver Anahí entrar naquele táxi se parecia muito com uma morte pra mim. Pelo menos eu sentia que tinha passado pelos três estágios iniciais do luto: negação, raiva e barganha. E agora estava estagnado no quarto e penúltimo estágio.
No dia seguinte à sua partida, quando a ficha de que ela tinha ido embora caiu, eu entrei no estado de negação, não conseguia aceitar que ela tinha ido embora depois de ouvir meu poema. Não conseguia aceitar que depois de tudo que a gente viveu e todas as coisas que falei pra ela, ela tinha me deixado.
No mesmo dia, passei pro estágio seguinte e a raiva assumiu o controle. Assim como na noite anterior, eu tomei um porre pra tentar esquecê-la. Teve um momento em que tive vontade de ligar pra ela e xingá-la, mas ai eu lembrei que a culpa era minha e tudo que eu queria era ligar e implorar que ela voltasse.
Durante o restante da semana eu entrei na fase da barganha, e fiquei remoendo o que tinha acontecido, enchendo a situação de "se". "E se eu tivesse contado tudo?" "Se eu nunca tivesse criado a Alfonsina?" "Se a Anahí não tivesse sofrido no passado por causa daquele maldito Oliver, será que as coisas teriam sido diferentes? Ela teria me perdoado?" "Se eu não tivesse criado a Alfonsina, a gente teria se apaixonado?"
Quando finalmente a fase da barganha passou, chegou a fase mais difícil, a depressão.
Já tem dois meses que ela foi embora e não consigo superar essa fase. Me sinto no piloto automático na maior parte do tempo, não tenho vontade de fazer mais nada. Assisto às aulas, mas não presto atenção ao que os professores estão falando. Não tenho ânimo nenhum para estudar para as provas e minhas notas obviamente, andam péssimas.
Nos treinos eu perco a cabeça por qualquer coisa e sempre que tento me concentrar no hóquei, tudo que vem à minha mente é Anahí e aquela maldita noite em que a levei pro rinque pela primeira vez. É o suficiente pra que eu fique totalmente relapso às jogadas e só faça merda, atrás de merda. Acho que meu pai só não me expulsou do time ainda, porque sou filho dele.
À noite, quando meus dias de merda finalmente terminam eu bebo pra tentar amortecer a dor que me acompanhou o dia todo, que me acompanha todos os dias. Esse é o meu castigo por ter sido um idiota, mentiroso com a única garota que confiou em mim, quando todo mundo fez o oposto.
Acho que eu nunca vou chegar ao estágio final do luto, acho que nunca vou conseguir aceitar essa situação. Uma parte de mim acredita que eu mereço sofrer mesmo. Essa dor é a única coisa que me restou, que ainda me liga à Any e ainda não tô pronto pra me desfazer dela. Talvez eu nunca esteja.
Sento na cadeira em frente à mesa do meu pai quando o treino termina. Ele está furioso como sempre, ainda mais agora às vésperas do início dos jogos.
- Alfonso me tira uma dúvida? Você quer arruinar só a sua carreira, ou a de todos os seus amigos e ainda de brinde levar o nome da faculdade pra lama?
- Já falei pro senhor que pode me tirar do time se quiser.
- VOCÊ É O MELHOR JOGADOR QUE EU TENHO, PORRA. - meu pai grita se levantando. - Vou colocar quem no seu lugar? Ucker? Derrick? Ou algum dos caras que não faz ideia de como liderar a equipe.
- Faz o que o senhor achar melhor pro time.
- O MELHOR PRO TIME É QUE VOCÊ COLOQUE A PORRA DA SUA CABEÇA NO LUGAR! - ele grita de novo e está tão furioso que seu rosto está vermelho. - O que aquela garotazinha tinha pra te deixar assim? Uma bocetinha de ouro?
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De Repente Amor ✔
FanfictionPoncho Herrera. Capitão do time de hóquei, leva uma vida perfeita, regrada à festas, sexo, mordomia, sexo, reconhecimento, mulheres e mais sexo. Ao ser acusado de roubar o próprio time, Poncho é expulso não só do hóquei, mas da república onde vive c...