Capítulo 20

2.4K 176 183
                                    



Anahí

Já passa da meia-noite e meus pés estão começando a reclamar. A única coisa boa do bar ainda estar cheio é que mantém o ambiente aquecido. Viro minha bandeja no balcão pra pegar mais bebidas e vejo um bilhete colado nela.

- Ah não! - suspiro e desprendo o bilhete dali.


Any,
Você é a única garota que eu conheço que consegue ficar linda até de pantufas e roupas largas!


Estreito as sobrancelhas, me perguntando como esse bilhete foi parar na minha bandeja. Juro que se o autor não aparecer eu vou surtar. Não quero acreditar que o autor dos bilhetes é o Dylan, mas não conheço outro cara que me viu usando pantufas além dele. Um desanimo bate em mim, só de imaginar que os bilhetes podem não ser obra do Poncho.

"Por favor, se aparecer um outro bilhete que ele me ajude a descobrir se é de um ou do outro.", penso.

Poncho vem pra perto de mim e começa a encher sua bandeja com latinhas de cerveja e refrigerante. Ele dá uma olhada e quando vê que nem Javier, nem Teresa estão vendo, me rouba um beijo.

- Por que você ta com essa cara?

Mordo a língua com vontade de jogar um verde e mentir, dizendo que sei que ele é o autor dos bilhetes, mas e se ele não for e se chatear porque estou recebendo bilhetinhos? Pior e se ele me mandar pastar e ir atrás do autor dos bilhetinhos? De repente, tenho uma ideia de gênio.

- Poncho, meu bloquinho de pedidos acabou, pode me emprestar o seu rapidinho? Só vou anotar o pedido daquela mesa e buscar mais pra mim lá no fundo.

- Claro gatinha, ta na mão. - ele beija meu rosto e me estende o bloco.

- Obrigada! - sorrio.

Finjo que vou até uma mesa e quando vejo que ele não está vendo, vou correndo pros fundos do bar. Já vi isso em novelas e filmes, então espero que dê certo.

Pego um lápis e aponto, espalho os resquícios do grafite que caem na folha, de forma que consigo ver as marcas das anotações do último pedido que ele escreveu. Da pra ver qual foi o pedido, mas não é isso que eu quero. Pego o último bilhetinho e comparo as duas letras. Se parecem muito, mas não posso afirmar que são a mesma. No bilhete, as vogais estão mais inclinadas e não se conectam, além da escrita ser mais delicada. Já no bloco, as letras se conectam e acho que pela pressa a escrita é mais grosseira, é uma típica caligrafia de homem. Droga! Meu plano acabou de dar em nada.


Quando o expediente acaba, vou trocar de roupa e encontro outro bilhetinho colado no meu armário.


Any,
Quando você está por perto, meu coração dispara e tenho medo do que vou dizer!


Tenho vontade de amassar todos os bilhetinhos só pra ver se o autor para de zombar da minha cara. Só não faço isso, porque as mensagens são muito fofas e se foi Poncho que de algum jeito escreveu e está me mandando eles, vou me arrepender se jogar fora.

Guardo o que deve ser o último bilhete, tiro o avental e no lugar visto meu casaco e coloco o cachecol. Quando saio do bar já são quase duas e meia da manhã e vejo que Poncho está encostado na parede.

- Achei que tivesse ido embora?

- E não te escoltar até em casa? Quem você acha que eu sou? - ele põe a mão no coração e se faz de ofendido. - Shakespeare nunca abandonaria sua Julieta.

De Repente Amor ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora