Capítulo 9: Uma noite de lembranças

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Natan foi jogado numa cela apertada na delegacia, o lugar que tinha a capacidade para dez presos, estava com o dobro de pessoas. O menino se encostou num dos cantos ao lado da grade e se sentou. De início, os presos não falaram nada, depois alguns tentaram sem sucesso puxar assunto com o celestial. Os pensamentos do menino estava longe, procurava refúgio nas lembranças dos ótimos momentos que teve com sua mãe, mas a dor da perda machucava seu coração, lágrimas com certa frequência escorria dos olhos do Arcanjo.

A noite chegou, um dos presos ofereceu um cobertor para o menino que estava a horas sentado ali naquele chão frio e duro. Após pegar a coberta, Natan agradeceu e se cobriu por inteiro, sentia que noite seria longa.

Quando o garoto estava quase pegando no sono, eis que a energia negativa despertou e começou a incomodar a mente do menino:

-Eu ainda vou controlar você, questão de tempo, eu sinto a fúria dentro do seu inconsciente Arcanjo.- Falou a energia terminando numa breve gargalhada.

-Nunca serei controlado por uma semente do pecado ira, pode ter certeza.- Respondeu Natan com firmeza no seu pensamento.

Sentindo o cansaço do corpo humano, o celestial adormeceu. Os sonhos do garoto mostrava o seu passado no momento que ele nasceu.

Ao ser condenado, a áurea do Arcanjo Uriel percorreu a galáxia, atravessando várias dimensões até cair na Terra. No momento que uma mulher estava prestes a dar a luz, no hospital Santa conceição que ficava em São Paulo, Brasil, a alma do celestial se fundiu com o corpo humano do bebê. Isso começou a dar problemas no parto, pois a mulher começou a ter eclâmpsia. Devido a muitas convulsões, a mãe acabou falecendo após o parto do seu filho. Ao nascer, os médicos ficaram espantados, pois o bebê não chorava, estava de olhos abertos apenas observando o que se passava.

Ao saber da morte da mulher, o pai do bebê entrou em estado de choque, pois ele a amava muito, teve que ser medicado e ficou em observação.

Horas depois do ocorrido, o marido da falecida estava furioso, com muita insistência dos funcionários do hospital, ele foi ver o bebê que estava aos cuidados das enfermeiras:

-Não reconhecerei esta criança como meu filho, pois ele matou a pessoa que eu mais amava nesse mundo, a rejeito de todas as formas, façam o que quiser com ele.- Falou o pai do bebê para a enfermeira que segurava a criança nos braços.

-Senhor, o que aconteceu foi uma fatalidade, mas o seu filho não tem culpa do ocorrido, leve ele para casa e cuide dele.- Falou um dos médicos ao pai do bebê.

-Eu quero essa criança longe de mim, se eu a pega-la em meus braços, eu juro que a mato.- Bravejou o pai, que saiu correndo logo em seguida sem rumo, mas para bem longe do seu filho recém nascido.

Tomando conhecimento do ocorrido, a supervisora do hospital, que se chamava Maria, mandou uma das atendentes entrar em contato com os familiares da mulher falecida, mas a atendente Cláudia, puxou a ficha e não encontrou ninguém de grau parentesco.

-Dona Maria, na ficha dela, consta que os pais são falecidos e ela é filha única. O pai do bebê, não preencheu nenhuma ficha aqui no hospital. O que vamos fazer agora? - Perguntou a atendente Cláudia a sua supervisora.

Maria ajeitou os óculos em seu rosto e olhou para a ficha da falecida:

-O nome dela era Jéssica, sinto muito Jéssica... Tão jovem, apenas vinte e seis anos.- A supervisora continuou lendo a ficha, após o término, Maria balançou a cabeça se lamentando e aparentava estar triste - Seu filho é lindo, uma pena que você não vai poder criar ele.

-Dona Maria o que vamos fazer? - Insistiu a atendente.

-Cláudia, minha querida, ligue para o orfanato nossa senhora de Fátima, peça para falar com a freira Dulce. Diga a ela que vamos enviar uma criança para seus cuidados.

Tudo isso aconteceu num período de uma manhã de sábado, após cinco dias, o bebê já estava no orfanato aos cuidados das freiras. Dona Dulce era a supervisora do lugar, Ela batizou a criança e deu um nome a ele, Natan.

O orfanato era simples, vivia de doações do governo e de algumas entidades patrocinadas por emissoras de televisão. Era cerca de setenta e três órfãos que viviam no lugar. Eles recebiam todo o amor que a freiras podiam dar.

Natan cresceu, era um menino quieto e muito obediente, com os seus seis anos de idade, ele passava a maior parte do tempo tentando ajudar as freiras com os afazeres do orfanato, foi quando ele despertou o interesse de uma mulher que fazia um trabalho voluntário no lugar, seu nome era Aurélia. Não demorou muito para ela adotar o menino, pois ela não podia ter filhos, porque tinha alterações ovulatórias.

Foi assim que o celestial pode realmente chamar alguém de mãe. Isso foi uns dos melhores momentos da vida do menino.

Foi um ótimo sonho para acalmar o Arcanjo.

Voltando para delegacia, se passava das cinco e meia da manhã, Natan abriu os olhos e viu a aura de Aurélia ao seu lado, tentando o confortar de sua dor e tristeza. Logo ela começou a flutuar e se afastar:

-Meu filho... Fique com Deus, eu tenho que ir... - Sussurrou o espírito desaparecendo da vista do menino.

-Você vai para um bom lugar mãe. - Pensou Natan consigo mesmo.

As oito horas da manhã, dois policiais abriram a cela e levaram o Arcanjo.

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