Capítulo 45 A morte

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Cinco meses antes:

Natan e Karina foram até o centro de São Paulo para comprar um violão. Eles passaram pelo viaduto Santa Efigênia, caminharam por uns dez metros, até que algo chamou atenção de Natan. Um cheiro forte de incenso, misturado com cheiro de carniça. O Arcanjo sentiu o aroma pelo fato de ter uma aura poderosa. Ele se aproximou do local, mas foi surpreendido por Karina.

-Olha amor, aquela loja de violão, vamos lá ver se tem algum que a gente goste. - Falou a ruiva puxando o namorado pelo braço.

-Sim... Claro. - Respondeu Natan encarando o lugar de onde vinha o cheiro.

O casal atravessou a rua, sentido a loja de violão, mas o Arcanjo estava inquieto, sentia que havia algo de errado.

-Olha esse violão, que coisa linda. -Comentou Karina olhando o instrumento pela vitrine.

-É mesmo. - Respondeu Natan não se contendo e emendou - Ruiva, entre na loja e vai escolhendo um do seu gosto, vou ali naquela loja do outro lado da loja.

-Aonde ? Aquela ali? - Perguntou a moça apontando o dedo.

-Sim...

-Credo, não vou lá não, pode ir, mas volta rapidinho.

-Tudo bem. Sou curioso para conhecer esses tipos de coisas.

Natan deu um beijo em Karina e atravessou a rua que estava cheio de pessoas indo e vindo para diversas direções.

O lugar que o Arcanjo se aproximou era uma loja que dizia no banner," Tarô e adivinhações". Na entrada do recinto, estava escrito numa folha de sulfite "Ler-se o futuro".

Quanto mais Natan se aproximava, mais o aroma ficava forte. Foi quando ele entrou no lugar e foi recepcionado por uma mulher loira de olhos verdes. Linda por sinal. O Arcanjo encarou a moça dos pés a cabeça e saiu sem falar nada.

Tempos Atuais.

O tempo estava nublado, fazia frio com uma leve pancada de chuva, Natan estava de blusa e calça jeans. Ele atravessava o viaduto da Santa Efigênia concentrado no que iria fazer. Ao chegar na loja de tarô, a mesma mulher loira foi atendê-lo.

-Boa tarde, no que posso te ajudar ? - Perguntou a mulher com muita simpatia.

-Eu quero que você leia tarô.- Falou Natan encarando a moça na sua frente.

-Sim claro.

-Que cheiro ruim que estou sentindo- Observou o Arcanjo e emendou- está sentindo também ?

-Não, sinto apenas o cheiro do incenso que acabei de acender. - Falou uma mulher desconfiada.

-O estranho é que o cheiro de podridão vem de você. - Afirmou Natan.

-Deve ser a minha roupa. - Falou a moça suando frio. Ela sabia que Natan não era qualquer pessoa, pois um humano normal nunca sentiria o aroma.

-Chega de rodeios, bruxa. No momento não estou caçando, quero que faça algo por mim.

-Não quero problemas, parei de fazer o mal, por favor vá embora. - Pediu a moça temendo pela vida.

-Invoque a morte para mim e a deixo ir.

-Eu não consigo fazer isso, minhas bruxarias servem apenas para fazer outras coisas.

Natan deu de costas para a mulher e trancou a porta da loja. Se virando novamente, num tom meio enfurecido falou:

-Eu abomino a mentira, a próxima vez que mentir, arranco sua cabeça.

A mulher abaixou a cabeça e foi pegar os ingredientes para realizar a bruxaria.

Bruxas são humanos que se aperfeiçoaram em manusear magias negras e atos que envolvem com sobrenatural. Amaldiçoadas por Deus, são caçadas por Anjos, pois representam o mal diante dos seres humanos. Geralmente fazem pactos com demônios de diversos tipos.

A moça fez um desenho estranho no chão, algumas plantas e sangue de um pássaro que ela tinha na gaiola.

-Posso saber o seu nome. - Perguntou a mulher com muito receio.

-Eu sou Uriel.

-O desprovido de misericórdia, por favor, não me mate, eu juro que parei de fazer bruxaria. Eu prezo demais minha vida, se ela se extinguir, muitos demônios me aguardam no inferno. - Falou a moça tremendo.

-Já disse que não estou caçando hoje. - Tranquilizou o Arcanjo.

-Mas você destrói todo o mal que vê pela frente.

-Faça o que mandei e para de medo.

-Se eu realizar esse feitiço, a morte pode se irritar comigo e ceifar a minha vida.

-Se você não fizer, quem vai ceifar a sua vida sou eu.

A mulher preparou os ingredientes da invocação e começou citar algumas palavras numa linguagem antiga desconhecida pelo homem.

Após realizar o ritual, a bruxa falou:

-Pronto... Agora só esperar a presença da morte.

-Como você conseguiu esse feitiço? - Perguntou Natan.

-Foi a 670 anos na Romênia, achei um manuscrito numa casa abandonada na floresta, deduzi que a portadora dessa invocação havia falhado no feitiço. Estudei mais afundo sobre o tema, até que fiz uma tentativa. A morte apareceu sedenta para ceifar a minha vida, mas consegui convencê-la a fazer um pacto. Ofereci um bebê como sacrifício, meu filho, a coisa que eu mais amava no mundo. Foi esse o preço que paguei pela imortalidade. Hoje estudo uma forma de conter o meu mau cheiro, mas estou tendo problemas, pois o corpo humano não foi feito para durar, com o tempo ele apodrece, não há nada a fazer quanto a isso.

-Você é uma maldita, se não estivesse me ajudando, eu arrancaria suas tripas para fora.

A bruxa olhou para Natan com um olhar sombrio e deu uma pequena risada.

-Ela chegou...

Diversos ceifeiros rodeava a loja onde Natan e a bruxa estava. Dentro do lugar, o ar estava pesado, Natan sentiu a presença de uma entidade nunca vista antes. Foi quando a morte apareceu, trajando um manto que cobria todo o corpo e um capuz que cobria a cabeça. Em suas mãos, uma gigantesca foice. Tinha o rosto de uma mulher branca, com cabelos e olhos escuros. 

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